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Paraense que mora perto de Gaza relata cotidiano: "olho sempre para ver se vem algum terrorista"

Tatiana Zaguri, que mora há 22 anos em Israel com sua família, só sai de casa para comprar mantimentos e fica sempre próxima ao bunker de proteção antibomba instalado na garagem do conjunto de prédios onde mora, há pouco mais de 20 km de Gaza

Igor Wilson

Toda vez que Tatiana Zaguri sai de sua casa na cidade de Ashkalon, a pouco mais de 20 km da Faixa de Gaza, olha para os lados para assegurar-se de que não há terroristas por perto. O hábito foi adquirido após os ataques do Hamas contra cidades israelenses nas proximidades de Gaza, incluindo Ashkalon, no último dia 7 de outubro. Desde então, a vida da paraense que mora há 22 anos em Israel com sua família - duas filhas e o marido – mudou drasticamente. Só saem de casa para comprar mantimentos e ficam sempre próximos ao bunker de proteção antibomba instalado na garagem do conjunto de prédios onde mora.

“Estamos sempre em casa. Quando saímos, vai só eu ou meu marido, nos revezamos, pois sempre dizemos que se acontecer alguma coisa, pelo menos sobra um para cuidar dos filhos. O clima é de paranóia desde o ataque. No dia eu estava passeando com minha família, minha cunhada ligou avisando das bombas, depois disso foi bomba atrás de bomba em toda Israel, muitas caíram aqui perto, até em Tel-aviv. Então toda vez que preciso sair de casa, infelizmente olho para os lados para ver se não vem nenhum terroristado Hamas”, conta.

Durante os dias que se seguiram ao ataque do Hamas e a resposta militar de Israel contra Gaza, onde mais de 8.300 pessoas morreram desde o início das incursões de Israel, a família de Tatiana e os residentes de Ashkalon decidiram estocar o máximo de alimentos para não sair de casa. A cidade encerrou temporariamente as aulas escolares e o trabalho presencial. A maioria dos habitantes está dentro de casa enquanto as Forças de Defesa de Israel atacam Gaza na tentativa de destruir o Hamas.

“As pessoas aqui estão com medo de sair de casa, as crianças estão traumatizadas, não tem aula, nem trabalho, nada. Muitas pessoas estão estocando água e alimentos pro caso de não ter onde comprar futuramente, da guerra demorar. Aqui em Ashkalon a entrada e a saída, inclusive por mar, estão sempre com soldados vigiando, estamos sempre perto de bunkers de proteção, é assim a vida aqui agora”, conta Tatiana.

A paraense, radicada no Ceará antes de ir morar em Israel, conta que neste momento não é possível deixar a cidade de Ashkalon, que mantém as saídas por terra, água e ar bloqueadas. “Nós não queremos voltar para o Brasil para morar. Após o ataque do Hamas, nós quisemos ir para passar este período, mas na época já tinham fechado tudo e não foi possível. Todo dia é bomba pra todo lado, ontem caiu uma aqui no prédio em frente. Desde o início do ataque o sistema de defesa aqui já interceptou quase 800 mísseis. Mas temos esperança de que isso se resolva no curto prazo. Nós pretendemos continuar morando aqui”, diz Tatiana.

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