MENU

BUSCA

Mongólia ignora mandado de prisão do TPI e recebe Putin com festa e tapete vermelho

Presidente da Rússia Vladimir Putin fez sua primeira visita oficial a um país membro do Tribunal Penal Internacional desde que a corte emitiu um mandado de prisão contra ele

Unumunkh JARGALSAIKAN / AFP

Com festa e tapete vermelho, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, foi recebido nesta terça-feira (3.09) com seu homólogo da Mongólia na capital deste país, Ulan Bator, em sua primeira visita oficial a um país membro do Tribunal Penal Internacional (TPI) desde que a corte emitiu um mandado de prisão contra ele. 

Putin desembarcou na segunda-feira à noite na capital da Mongólia e foi recebido nesta terça-feira pelo presidente do país, Ukhnaagiin Khurelsukh, na imponente praça Genghis Khan, com uma grande cerimônia.

O evento teve muita pompa, com temas militares e os hinos nacionais da Rússia e da Mongólia, diante dos dois presidentes e de soldados mongóis vestidos da maneira tradicional.

VEJA MAIS

Rússia se prepara para 'décadas' sob sanções do Ocidente
A Rússia se tornou o país com mais sanções do Ocidente após sua invasão da Ucrânia em fevereiro de 2022

Tropas ucranianas tomam dezenas de cidades russas após operação surpresa em grande escala
Presidente da Rússia, Vladimir Putin prometeu 'expulsar' as tropas da Ucrânia do território russo

Putin parabeniza Maduro por vitória e Kremlin diz que está aprofundando laços
Putin foi um dos líderes que parabenizou Maduro após as eleições

A viagem de Putin é um desafio ao TPI, que em março de 2023 emitiu um mandado de prisão contra o chefe de Estado russo pela suposta deportação ilegal de crianças desde que as tropas de Moscou invadiram a Ucrânia em 2022. Kiev pediu à Mongólia, país membro do TPI, que cumpra o mandado de prisão e acusou o país asiático de "permitir que o criminoso acusado escape da justiça".

O tribunal com sede em Haia lembrou na semana passada que todos os Estados-membros têm a "obrigação" de prender as pessoas procuradas.

Na prática, no entanto, o TPI não dispõe de uma força coercitiva própria e pouco pode fazer se Ulan Bator não cumprir a sua obrigação. A Rússia não reconhece a jurisdição do TPI.

A Mongólia, um país democrático localizado entre os gigantes autoritários China e Rússia, mantém fortes laços culturais com Moscou e uma importante relação comercial com Pequim. As duas potências cobiçam seus recursos naturais e querem fortalecer sua influência.

A nação integrou a órbita de Moscou durante a era soviética. Após o colapso da União Soviética em 1991, manteve relações estreitas com os seus dois países vizinhos.

O governo da Mongólia não condenou a ofensiva russa na Ucrânia e optou pela abstenção nas votações da ONU sobre o conflito. Também não comentou os pedidos de prisão de Putin. 

Ao lado de Ukhnaa Khurelsukh, o presidente russo elogiou a "atitude respeitosa" da Mongólia com a "herança histórica comum" e garantiu que os dois países têm "posições próximas sobre várias questões da atualidade internacional".

Nas ruas de Ulan Bator, Altanbayar Altankhuyag, um economista de 26 anos, disse à AFP que teria sido "imoral e inapropriado" prender Putin durante a sua visita.

Protesto frustrado contra Putin

O Kremlin afirmou na semana passada que não estava preocupado com a possibilidade de detenção de Putin durante a visita. "É evidente que não havia nenhuma opção de deter Putin", disse o analista político Bayarlkhagva Munkhnaran.

"Para Ulan Bator, o atual escândalo vinculado ao mandado de prisão do TPI não passa de uma questão secundária no que diz respeito à necessidade de manter relações seguras e previsíveis com o Kremlin", acrescentou.

Nesta terça-feira, as forças de segurança impediram uma manifestação contra o presidente russo. 

"Tentamos protestar contra o criminoso de guerra Putin, mas fomos detidos ilegalmente durante cinco horas", declarou Tsatsral Bat-Ochir, membro da organização 'NoWar movement', contrária à invasão da Ucrânia.

A visita de Putin comemora o 85º aniversário de uma vitória decisiva das forças russas e mongóis contra o Japão Imperial.

A Anistia Internacional alertou na segunda-feira que, se a Mongólia decidisse não prender Putin, isto poderia minar a legitimidade do TPI e encorajar o ex-agente da KGB, que está no poder há quase 25 anos.

"O presidente Putin é um fugitivo da justiça", declarou Altantuya Batdorj, diretor executivo da Anistia Internacional.

Mundo