Mexicana é condenada a cem chicotadas e 7 anos de prisão após denunciar abuso sexual no Qatar
Após a denúncia, ela foi obrigada a encarar seu agressor, que se defendeu argumentando que ela era sua parceira amorosa
Uma mexicana de 27 anos foi condenada por órgãos judiciais do Qatar a cem chicotadas e sete anos de prisão após denunciar ter sofrido abuso sexual. No dia 6 de junho do ano passado, Paola Schietekat foi surpreendida por um homem em seu aparamento, que a agrediu fisicamente. Como já havia sido vítima de violência sexual aos 16 anos, ela resolveu apresentar uma denúncia. Mas ao procurar as autoridades do Qatar, não teve o tratamento que se espera nesses casos. As informações são do Portal O Globo.
A jovem estava no País trabalhando como economista comportamental para o Comitê Supremo de Entrega e Legado, entidade responsável pela organização da Copa do Mundo de 2022 no Qatar. Ela procurou a delegacia de polícia em Doha acompanhada pelo então cônsul mexicano no Catar, Luis Ancona, no dia seguinte ao ataque. Além do atestado médico, eles levaram fotografias dos hematomas que o homem deixou em seus braços, ombros e costas.
Algumas horas depois, Paola Schietekat recebeu um telefonema dos órgãos de justiça, pedindo que ela se dirigisse a uma delegacia, onde a fizeram encarar seu agressor. Ele, por sua vez, defendeu argumentando que a mexicana era sua parceira amorosa, o que virou o caso em 360 graus para Paola, que passou de vítima de estupro a culpada de ter um caso extraconjugal.
Apesar de a lei islâmica no Qatar ser uma das mais liberais entre a comunidade muçulmana, permitindo, por exemplo, que mulheres conduzam ou não usem véus, todas as vítimas de violência sexual são processadas por adultério. Por isso, a jovem mexicana, que se converteu ao islamismo em sua juventude, recebeu pena de 100 chicotadas e sete anos de prisão.
Essa não é a primeira vez que um caso como esse chama a atenção do mundo. Uma turista da Holanda foi condenada a um ano de prisão e multada em US$ 845 (equivalente a R$ 4.342,45) depois de ser estuprada por um homem do Qatar, no ano de 2016. Ela teve a pena reduzida para três anos após intervenção das autoridades holandesas.
Com o apoio do Comitê Supremo de Entrega e Legado, Paola conseguiu deixar o Catar no dia 25 de julho. Ela conta que só respirou aliviada quando o passaporte finalmente foi carimbado e ela conseguiu deixar o País. “No México, a adrenalina parou e começou um processo mais lento, embora igualmente complexo e doloroso”, declarou.