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Médica marajoara se torna primeira mulher no mundo a receber medalha na área de cirurgia

Angelita Habr-Gama recebeu a medalha Bigelow no último dia 6, durante cerimônia em Boston

O Liberal

A médica paraense Angelita Habr-Gama, natural da ilha do Marajó, especialista em cirurgia do intestino, tornou-se a primeira mulher no mundo a ganhar a medalha Bigelow. A láurea, instituída em 1916, é uma homenagem oferecida pela tradici​onal Sociedade de Cirurgia de Boston, dos Estados Unidos, para homenagear cirurgiões que tenham contribuído para o progresso científico e ensino da cirurgia.

Em seus mais de cem anos de existência, a distinção foi concedida a apenas 34 profissionais no mundo. Angelita, premiada no último dia 6 de novembro, durante cerimônia em Boston, foi a primeira mulher e primeira profissional da América Latina a receber a medalha.

Ao justificar a escolha da brasileira, a Sociedade de Cirurgia de Boston destacou a pesquisa inovadora de Angelita e colegas sobre o uso de quimioterapia e radioterapia para o tratamento de câncer de reto sem a obrigatoriedade de posterior cirurgia.

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O protocolo, criado na década de 1990 pela médica, previa que, em vez de operar todos os pacientes com esse tipo de tumor, se utilizasse quimioterapia e radioterapia, examinando-se periodicamente o paciente para verificar quem ainda apresentava a doença.

O grupo de pesquisa de Angelita descobriu que, em muitos casos, a doença desaparecia e não era necessário intervenção cirúrgica na qual, muitas vezes, removia-se o reto e o esfincter, obrigando o paciente a usar permanentemente uma bolsa de colostomia. A abordagem, portanto, garantia o mesmo resultado aos pacientes que tivessem resposta satisfatória à químio e radioterapia, mas, com grande impacto positivo na qualidade de vida do doente.

Para Angelita, o novo reconhecimento internacional, com a medalha Bigelow, é uma conquista não apenas individual, mas, para o País e para todas as mulheres. “É muito estimulante para o país, porque nós estamos precisando de valorização da cultura, da educação, do ensino. E para as mulheres, também, porque estimula a se autoestimarem”, diz ela, que ainda atende pacientes e opera todos os dias, de segunda a sábado, no Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

“Eu sempre trabalhei por gosto e prazer. O sucesso foi uma consequência do gosto e da dedicação ao trabalho. Então, as medalhas vêm, mas não mudam a minha maneira de ser. Continuo a mesma pessoa. Mas é claro que é agradável receber um prêmio como esse porque é um reconhecimento de todo o esforço que a gente fez. E é uma maneira de, através de mim, haver uma homenagem ao próprio País, que apresenta pessoas destacadas. Eu fiquei muito satisfeita, muito feliz”, comemorou a médica, em entrevista concedida ao Estadão.

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