Maduro diz a militares venezuelanos que devem se manter unidos
Líder de oposição Juan Guaidó convocou militares a apoiarem uma transição em busca de uma mudança de governo
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse nesta quinta-feira que as Forças Armadas do país devem se mostrar unidas e coesas, após o líder de oposição Juan Guaidó convocar os militares a apoiarem uma transição em busca de uma mudança de governo.
Em um ato transmitido pela TV estatal na manhã desta quinta-feira em uma unidade militar de Caracas, Maduro apareceu rodeado de membros do alto comando que também discursaram, alguns dos quais fazendo insultos a Guaidó e advertências para militares que sejam "desleais" ao presidente.
"As Forças Armadas têm de se mostrar unidas, coesas e subordinadas ao mandato constitucional perante o povo... têm de se mostrar Forças Armadas socialistas", disse o presidente.
Maduro foi à sede militar junto ao ministro da Defesa, Vladimir Padrino López, e ao alto comando militar, e se dirigiu a oficiais aos quais disse que "chegou a hora de combater e dar o exemplo".
Na tentativa de atrair as Forças Armadas, Guaidó apareceu na manhã de terça-feira em frente a uma base aérea de Caracas com dezenas de homens uniformizados, o que precedeu uma onda de protestos violentos.
Em um discurso firme, Remigio Ceballos, chefe do Comando Estratégico Operacional das Forças Armadas, disse aos oficiais: "Vamos contra todos aqueles desleais".
"Não aceitamos que nos dirijam de fora, estrangeiros. Podemos aceitar cooperação internacional que seja decidida na política internacional pelo comandante-em-chefe", acrescentou Ceballos, segundo militar em importância dentro do alto comando.
"Não nos deixemos ser mandados por ninguém e muito menos por um idiota que se faz passar por presidente, não tenhamos medo de recusar isso", enfatizou.
Guaidó, que é presidente do Congresso e que evocou a Constituição para se autoproclamar presidente interino --sendo reconhecido por dezenas de governos estrangeiros que questionam a reeleição de Maduro--, ofereceu benefícios a funcionários públicos e militares que apoiem uma transição.
Maduro, entretanto, ainda tem o controle das Forças Armadas.
O ministro da Defesa expressou sua recusa às propostas do líder opositor.
"Não venham comprar uma oferta enganosa... como se vocês não tivessem dignidade. Aqueles que tenham caído em vender sua alma deixam de ser soldados, não podem estar entre nós", acrescentou Padrino.
Há fortes dúvidas de que a oferta de anistia feita por Guaidó e as promessas dos Estados Unidos de retirar sanções diante de uma eventual troca de governo serão suficientes para fazer com que um expressivo número de militares dê as costas a Maduro.