Homem recebe coração de porco durante transplante; procedimento é o segundo da história
De acordo com a instituição médica, o paciente está em processo de recuperação e mantém contato com entes queridos enquanto permanece em observação
O militar americano Lawrence Faucette, de 58 anos, tornou-se a segunda pessoa no mundo a passar por um transplante de coração de porco geneticamente modificado. A cirurgia foi conduzida por médicos do Centro Médico da Universidade de Maryland, em Baltimore, nos Estados Unidos, no dia 20 de setembro.
Faucette, veterano da Marinha, estava em estágio terminal devido a uma doença cardíaca e havia sido rejeitado em programas de transplante que utilizam órgãos de doadores humanos. Ele expressou esperança antes da cirurgia, declarando: "Pelo menos agora tenho esperança e uma chance. Vou lutar com unhas e dentes por cada respiração que eu puder dar", conforme comunicado da universidade.
De acordo com a instituição médica, o paciente está em processo de recuperação e mantém contato com entes queridos enquanto permanece em observação.
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Como foi o procedimento?
O transplante foi realizado pelo médico Bartley Griffith, que também liderou o procedimento do primeiro paciente a receber um coração de porco. No entanto, o paciente anterior, David Bennett, de 57 anos, faleceu dois meses após a cirurgia devido a diversas complicações. O órgão não foi rejeitado pelo corpo, o que é o principal risco em casos desse tipo, mas apresentou vestígios de um vírus que afeta os porcos, conhecido como citomegalovírus suíno.
No caso de Faucette, o segundo paciente, a equipe médica realizou testes para detecção do vírus no porco usado no transplante e também aplicou outros anticorpos com base em pesquisas não disponíveis no momento do procedimento anterior de Bennett.
Jay Fishman, professor de medicina em Harvard e diretor associado do Centro de Transplantes do Massachusetts General Hospital, destacou a relevância dos transplantes em receptores vivos para o avanço do conhecimento nesse campo de estudo. Ele acredita que o caso do militar americano incentivará novos pesquisadores a se dedicarem a pesquisas e testes nessa área.
Faucette reconheceu a natureza inovadora do procedimento e as poucas chances de sucesso, mas expressou seu desejo de viver mais alguns meses ou até um ano após deixar o hospital. A esposa, Ann, compartilhou desse otimismo, enfatizando que coisas simples, como tomar café na varanda da frente, trariam grande felicidade.
O coração de porco transplantado para Faucette passou por dez modificações genéticas, incluindo a remoção de três genes de porco suscetíveis à rejeição rápida pelo sistema imunológico humano e a adição de seis genes humanos para facilitar a aceitação do órgão pelo corpo do receptor. Outro gene de porco foi desativado para evitar o crescimento excessivo do coração.
Após a cirurgia, o militar está sendo submetido a uma terapia experimental com anticorpos da Eledon Pharmaceuticals, conhecida como "tegoprubart", que bloqueia uma proteína envolvida na ativação do sistema imunológico e previne a rejeição do órgão.