Guerra na Ucrânia tem novo capítulo com armas mais poderosas dos dois lados
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, deu sinal verde para que a Ucrânia utilize mísseis de longo alcance fornecidos pela Otan em sua guerra contra a Rússia. A decisão marca uma nova fase no apoio militar ocidental à Ucrânia, aumentando as chances de escalada do conflito.
Esses mísseis, conhecidos como ATACMS (Army Tactical Missile System), têm alcance de até 300 quilômetros e são disparados por sistemas terrestres como o HIMARS, amplamente usados pela Ucrânia desde o início da guerra. A principal justificativa para o envio é ampliar a capacidade ucraniana de atingir alvos além das linhas de frente, incluindo depósitos de munição, bases militares e infraestruturas logísticas que alimentam as operações russas no território ocupado.
A decisão, porém, levanta preocupações. Desde o início da invasão, o Kremlin tem reiterado que o fornecimento de armas avançadas à Ucrânia por países da OTAN representa uma ameaça direta à segurança da Rússia. Em diferentes momentos, Moscou já sinalizou que o uso de armamentos ocidentais em ataques ao território russo poderia ser encarado como um ato de guerra por parte dos países fornecedores.
No dia após a autorização, o governo ucraniano realizou o primeiro ataque com o armamento, atingindo uma instalação militar na região de Bryansk, em território russo. A ação foi duramente repreendida pelo ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, na cúpula do G20: “O fato de ATACMS terem sido usados repetidamente na região de Bryansk durante a noite é, claro, um sinal de que eles querem intensificação”, disse.
Na quinta-feira, 21, Vladimir Putin discursou em rede nacional para alertar sobre a nova fase do conflito, anunciando pela primeira vez o uso de mísseis balísticos, que têm capacidade de carregar material nuclear, contra o território ucraniano.
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“Em resposta ao uso de armas de longo alcance americanas e britânicas, em 21 de novembro deste ano, as forças armadas russas lançaram um ataque combinado a uma das instalações do complexo militar-industrial da Ucrânia”, disse o presidente russo.
Putin também enfatizou que o uso de mísseis de longo alcance pela Ucrânia, dá elementos que transformam o conflito regional em global. “É impossível usar tais armas sem o envolvimento direto de especialistas militares dos países que as produzem”, declarou Putin.
Por outro lado, a Ucrânia argumenta que a autorização é uma resposta proporcional às ações russas. Desde o início da invasão, em fevereiro de 2022, Moscou tem realizado ataques a áreas civis e a infraestruturas críticas, incluindo o uso de drones e mísseis que ultrapassam fronteiras reconhecidas. Kiev afirma que sua capacidade de contra-atacar com eficácia é fundamental para garantir sua sobrevivência no conflito.
O fornecimento dos mísseis ATACMS faz parte de um pacote maior de assistência militar dos EUA à Ucrânia, que já inclui sistemas antiaéreos, munições, veículos blindados e seguidos pacotes financeiros bilionários para o país. A mudança de posicionamento da Casa Branca sobre mísseis de longo alcance, sinaliza que Joe Biden tem receios políticos com a proposta de Donald Trump de acabar com o conflito em “24 horas”.
Após o anúncio, o filho do presidente eleito, Donald Trump Jr. criticou a decisão em sua conta no X: “O Complexo Industrial Militar parece querer ter certeza de que a Terceira Guerra Mundial começará antes que meu pai tenha a chance de criar a paz e salvar vidas.”