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González descarta pedir asilo após ordem de prisão na Venezuela

O mandado de prisão, que está a cargo da polícia judiciária do País, ainda não foi executado

Agence France-Presse

O candidato opositor Edmundo González Urrutia descartou, por enquanto, pedir asilo em alguma embaixada na Venezuela, após a justiça emitir um mandado de prisão contra ele, ordem que foi condenada nesta terça-feira (3/09) pela comunidade internacional.

Um tribunal com competência em terrorismo ordenou na noite de segunda-feira — poucos minutos após um pedido do Ministério Público — a detenção do diplomata de 75 anos, que denuncia que a reeleição do presidente Nicolás Maduro foi fraudulenta e afirma que venceu as eleições de 28 de julho com ampla vantagem.

Há mais de um mês na clandestinidade, González é procurado por crimes que incluem "desobediência às leis", "conspiração", "usurpação de funções" e "sabotagem". "Temos pouco conhecimento sobre esse processo judicial", explicou nesta terça-feira seu advogado, José Vicente Haro, do lado de fora da residência de González em Caracas. O mandado, que está a cargo da polícia judiciária, ainda não foi executado.

Haro indicou que o diplomata, por enquanto, não procurou refúgio em alguma representação diplomática. "Não pediu asilo. É uma questão que a família ou o senhor Edmundo González Urrutia não levantaram", declarou.

Maduro chamou o opositor de covarde por estar "enconchado", gíria popular para quem se esconde das autoridades, e afirmou que ele está preparando a fuga.

Novas sanções

Os Estados Unidos, sem relações formais com a Venezuela há cinco anos, estuda agora "uma série de opções" para demonstrar a Maduro "que suas ações ilegítimas e repressivas na Venezuela têm consequências", afirmou Matthew Miller, porta-voz do Departamento de Estado americano. "Este é apenas mais um exemplo dos esforços do senhor Maduro para manter o poder pela força", declarou o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos, John Kirby, enquanto Brian Nichols, representante dos EUA para a América Latina e o Caribe, qualificou o mandado de prisão como "injustificado".

"Cúmplice da quadrilha criminosa que tratou de incendiar o país", reagiu o chanceler venezuelano, Yván Gil, "agora faz birra quando a justiça chega aos organizadores da violência e do desconhecimento dos poderes públicos".

Washington já impôs em 2019 uma série de sanções contra o país caribenho, mas flexibilizou várias delas nos últimos anos, especialmente no que se refere à exploração petrolífera.

Diplomacia internacional manifesta preocupação

Os governos de Brasil e Colômbia, próximos a Maduro, manifestaram nesta terça-feira uma "profunda preocupação" e consideram que a ordem de prisão dificulta as iniciativas para uma solução pacífica para a crise.

A declaração representa um endurecimento nas posições de Luiz Inácio Lula da Silva e do presidente colombiano, Gustavo Petro, que lideram os esforços para uma negociação entre Maduro e a oposição após as eleições contestadas.

O alto representante da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, rejeitou "categoricamente" a ordem de prisão contra González Urrutia, enquanto um porta-voz da ONU disse que o secretário-geral, António Guterres, "acompanha com preocupação" os eventos na Venezuela e reiterou seu "apelo à proteção total e ao respeito pelos direitos humanos".

Argentina, Costa Rica, Equador, Guatemala, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai também rejeitaram "de forma inequívoca e absoluta" o mandado de prisão.

O mandado de prisão busca "silenciar o senhor González, desconhecer a vontade popular venezuelana e constitui perseguição política", indicou o comunicado. "Em um país onde não há separação de poderes nem garantias judiciais mínimas e onde abundam as detenções arbitrárias, condenamos estas práticas ditatoriais."

A líder da oposição, María Corina Machado, agradeceu no X as manifestações de apoio.

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