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Em meio a crise, Argentina vai às urnas no domingo para escolher presidente

Nas últimas duas décadas, as duas correntes políticas predominantes no país, o peronismo e o antiperonismo, alternaram-se no governo, mas sem conseguir conter a deterioração da economia

O Liberal

A Argentina se prepara para uma eleição presidencial no próximo domingo (22), com mais de 35 milhões de eleitores aptos a irem às urnas em um momento de agravamento da crise cambial e aumento da inflação no país. A situação econômica tornou-se um fator crucial na decisão dos eleitores, com a inflação atingindo 138,3% ao ano, de acordo com os dados mais recentes de 12 de outubro, e um aumento de mais de 150% nos preços dos alimentos desde o início do ano.

Além disso, o valor do peso argentino em relação ao dólar americano acentuou seu declínio, rompendo pela primeira vez a marca de 1 mil pesos no mercado paralelo, dias antes da divulgação dos dados oficiais de inflação. Essa desvalorização persistente do câmbio tem exacerbado a inflação e empurrado uma parcela significativa da população para a pobreza, que já atinge mais de 40% dos argentinos.

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Crise remonta há duas décadas

Embora a atual crise econômica esteja influenciando a opinião pública, especialistas apontam que os problemas enfrentados pela Argentina remontam a pelo menos duas décadas, e a experiência dos últimos dez anos deve influenciar a decisão dos eleitores, especialmente entre os mais jovens. Nas últimas duas décadas, as duas correntes políticas predominantes na Argentina, o peronismo e o antiperonismo, se alternaram no governo, sem conseguir conter a deterioração da economia.

O economista Javier Milei, que se autodenomina "anarcocapitalista" e liderou as primárias de agosto, é um exemplo de um novo ator político que tem atraído apoio, principalmente dos eleitores jovens. Suas propostas incluem a redução drástica de subsídios e do aparato estatal, bem como a dolarização da economia.

Essas ideias ressoam especialmente entre os mais jovens, que não viveram as crises econômicas do início dos anos 2000 e veem Milei como uma alternativa às correntes políticas tradicionais que não conseguiram resolver os problemas do país.

No entanto, a candidatura de Milei também gera incertezas, especialmente entre os eleitores mais velhos e urbanos, que têm maior proximidade com as elites econômicas do país. Nas pesquisas de intenção de voto, os candidatos representantes do macrismo e do peronismo kirchnerista disputam a liderança, com Milei ligeiramente à frente dos demais.

Candidato da situação, Sergio Massa não é inteiramente associado à crise

Sergio Massa, do partido peronista União pela Pátria, é um político experiente e atual ministro da Economia da Argentina. Ele não foi diretamente associado à crise atual, apesar de assumir o cargo há um ano, quando a crise cambial já havia começado.

Do lado conservador está Patricia Bullrich, da coalizão Juntos pela Mudança, ex-ministra da Segurança do governo Macri. Ela se apresenta como uma liberal linha dura, com raízes em uma aristocrática família argentina.

Para vencer no primeiro turno, um candidato precisa obter pelo menos 45% dos votos válidos ou 40% com uma diferença de pelo menos dez pontos sobre o segundo colocado. Até o momento, as pesquisas indicam a possibilidade de um segundo turno, refletindo a incerteza política que envolve as eleições argentinas.

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