Dia de Santo Antônio reúne fé e comemorações em Lisboa
Devoção ao Santo que nasceu na capital portuguesa é uma das principais do país
É numa igreja toda branca, com uma alta cruz bem ao meio, que os devotos escolhem prestar as devidas homenagens a um dos santos católicos mais populares não só de Portugal, mas de todo o mundo. Porém, não se trata de uma simples igreja. Nela, há uma característica mais do que especial: foi edificada sobre o lugar onde nasceu Santo Antônio, na cidade de Lisboa, em Portugal. Ele nasceu batizado com o nome de Fernando de Bulhões, em 15 de agosto de 1191. Filho de uma família abastada e muito religiosa, Fernando preferiu seguir a vocação religiosa e dedicou sua vida à Igreja Católica.
O “Santo Casamenteiro”, como é conhecido, é padroeiro da cidade e muito cultuado em todo o país. Em qualquer lojinha de souvenir de Lisboa é possível encontrar imagens do santo, assim como azulejos, que, pendurados próximos às portas, dão a devida proteção aos lares. No largo fronteiro à igreja, encontra-se uma imagem do Santo inaugurada pelo papa São João Paulo II, em 1982, obra do artista português Soares Branco. É tradição que os devotos façam pedidos a Santo Antônio e, de costas para a estátua de ferro, joguem moedas.
Os pedidos podem se considerar realizados desde que os trocados caiam no livro aberto esculpido sobre as mãos do santo. Há, ainda, o culto de homenagear Santo Antônio através de buquês de cravos, que são deixados no interior da igreja. Mas nada se compara à cripta do local, que emociona os visitantes ao assinalar o lugar exato de nascimento de Santo Antônio. São João Paulo II já orou neste simples espaço, propício à oração e sempre bem requisitado.
Reconstrução do templo ocorreu em 1945
Foi em 1495 que o rei Dom João II ordenou a reconstrução do templo, para que tivesse maiores e mais condignas dimensões. A campanha continuou já sob o reinado de Dom Manuel I. Constantemente cuidada pela cidade e pelos monarcas, no reinado de Dom João V recebeu uma campanha de obras e ganhou colegiada própria em 1730. Depois de destruída pelo Terramoto de 1755, no qual só se salvou a capela-mor, a nova igreja foi construída entre 1767 e 1812.
Bem ao lado da igreja, há o Museu de Santo Antônio. Em exposição estão peças religiosas, iconografia (escultura, gravura, pintura e cerâmica), alfaias litúrgicas, livros, vestuário e diversos objetos relacionados com a vida do santo. É lá também que é possível entender mais a fundo os milagres de Santo Antônio, inclusive, um deles passou-se com o seu próprio pai, quando este foi injustamente condenado à forca por assassinato, na capital portuguesa. Por milagre do Santo, o homem que tinha sido morto voltou a viver para jurar a inocência do condenado.
Porém, muito da sua popularidade vem de um milagre no qual uniu em matrimônio um casal de namorados. Segundo reza a lenda, uma jovem devota foi se encontrar com o Frei Antônio e pediu-lhe ajuda para casar com o seu vizinho. O problema é que a família da moça era pobre e não possuía dinheiro para o seu dote. Santo Antônio teria dito a ela para deixar o assunto nas mãos de Deus e, pouco tempo depois, teria arranjado a quantia para a mulher se casar.
A fonoaudióloga brasileira Desirée Ferreira era uma das devotas presentes na igreja de Santo Antônio na última sexta-feira, 10. “Como eu estou em Lisboa e está se aproximando o dia de Santo Antônio eu resolvi ir hoje na sua igreja. Gosto de acender vela, gosto de ter as fitinhas, gosto de fazer uma oração. Tenho feito a trezena para ele. Eu agradeço demais, não posso nunca me esquecer disso. Mas eu também tenho os pedidos pessoais que faço. Então fui para renovar minha fé e pedir forças para seguir porque a vida de imigrante não é fácil”, contou.
Sim ao amor e Festa dos Santos Populares
As festas oficiais em honra de Santo Antônio têm início no dia 12 de junho, um dia antes do feriado municipal, 13 de junho (data do falecimento do santo, que deixou o mundo no ano de 1231, na cidade de Pádua, na Itália) com a realização dos Casamentos de Santo Antônio. Esta iniciativa teve início no ano de 1958, com o objetivo de possibilitar o casamento a casais que se encontravam em maiores dificuldades.
Este ano, 16 casais casam-se neste domingo, 12, (Dia dos Namorados no Brasil, porém não em Portugal, em que a data é comemorada no Dia de São Valentim, em 14 de fevereiro) numa cerimônia em conjunto: onze com direito a um casamento religioso na Sé de Lisboa e cinco que optaram por um casamento civil no edifício dos Paços do Concelho. Os Casamentos de Santo Antônio começaram por ser uma iniciativa do extinto jornal português Diário Popular (1942-1991). Com a benção do santo casamenteiro, era oferecido um enxoval aos noivos e, claro, uma cerimônia. Agora, há a possibilidade de também serem celebrados casamentos civis, sinal de que mesmo os casais que não possuem veia religiosa não deixam de ter certa proximidade com santo mais popular da cidade.
Junho é o mês dos Santos Populares, com festas e arraiais espalhados por Portugal, principalmente nas noites de Santo Antônio, de São João e de São Pedro. Em Lisboa, é o santo casamenteiro que ganha destaque, principalmente do dia 12 para 13 de junho. São festas muito animadas, em que a população invade as ruas da cidade decoradas com arcos, bandeirinhas e balões coloridos para comer, beber e dançar. Em homenagem a Santo Antônio, há ainda as marchas populares de cada bairro, que desfilam fantasiados pela Avenida da Liberdade no dia 12 de junho.
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