Combatentes do Taleban matam 2 pessoas por tocarem música em casamento
O ato foi condenado pelo governo comandado pela própria milícia
Combatentes do Taleban mataram dois convidados de um casamento por tocarem música, informaram neste sábado, 30, autoridades locais e testemunhas, num ato condenado pelo governo comandado pela própria milícia, em Cabul, no Afeganistão.
Um dos parentes das vítimas relatou que milicianos taleban abriram fogo durante um casamento organizado na cidade de Sorkhood (leste) porque os convidados estavam ouvindo música afegã, matando duas pessoas e ferindo outras duas.
Toda música laica foi proibida pelo Taleban durante seu regime anterior. Embora o novo governo islâmico ainda não tenha legislado sobre o assunto, ainda considera que ouvir música não religiosa é contrário à sua visão da lei islâmica.
"Os jovens tocavam música em uma sala separada, três taleban vieram e atiraram neles. Os dois feridos estão em estado grave", disse uma testemunha.
Qazi Mullah Adel, porta-voz da Província de Nangarhar, confirmou o incidente sem dar mais detalhes.
Em Cabul, o porta-voz do governo, Zabihullah Mujahid, não confirmou a autenticidade do incidente, mas acrescentou que o Taleban se opõe a tais atos.
"Ninguém entre as fileiras do Emirado Islâmico (como o governo interino do Taleban se autodenomina) tem o direito de evitar a música, exceto o Ministério para a Propagação da Virtude e a Prevenção do Vício, e apenas por meio de orações ", disse Mujahid.
Este é o primeiro evento do tipo a ser divulgado desde que os fundamentalistas assumiram o controle do país.
O Taleban chegou a proibir a música quando governou o país entre 1996 e 2001, além de obrigar as mulheres a ficarem em casa com base em sua interpretação estrita do Islã e proibi-las de trabalhar ou ir à escola, algo que não acontecia abertamente até agora.
Embora a música ainda não tenha sido oficialmente proibida no Afeganistão, a grande maioria do Taleban considera que ela foi proibida pelo Islã. Os casamentos afegãos, que podem receber centenas de pessoas em grandes salas, foram silenciados por medo dos islâmicos.