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China conclui dia de manobras militares ao redor de Taiwan como 'advertência' aos separatistas

Ministério da Defesa chinês afirmou que os exercícios “testaram as capacidades operacionais conjuntas das tropas”

Amber WANG e Sam DAVIES/AFP

A China mobilizou aviões e navios nesta segunda-feira (14) para cercar Taiwan como uma "advertência", anunciou Pequim, em seus exercícios militares mais recentes direcionados à ilha de governo autônomo que considera parte de seu território.

Os exercícios, denominados Espada Conjunta 2024B, “testam as capacidades operacionais conjuntas das tropas”, afirmou o Ministério da Defesa chinês.

Algumas horas depois, o capitão Li Xi, porta-voz do comando leste do exército chinês, anunciou que as manobras terminaram "com sucesso".

"Estamos dispostos a trabalhar por uma reunificação pacífica com a maior sinceridade e com todos os nossos esforços", declarou Wu Qian, porta-voz do Ministério da Defesa chinês, em um comunicado emitido após as manobras.

"Mas nunca vamos prometer renunciar ao uso da força e jamais daremos o mínimo espaço para aqueles que militam pela independência de Taiwan", acrescentou.

O presidente de Taiwan, Lai Ching-te, prometeu nesta segunda-feira que seu "governo continuará protegendo o sistema constitucional democrático e livre, resguardando a segurança nacional". 

O Ministério de Defesa taiwanês condenou "o comportamento irracional e provocador" da China e afirmou que "enviou forças apropriadas para responder em consequência, para proteger a liberdade e a democracia e defender a soberania". As ilhas periféricas de seu território estão em "alerta máximo", destacou em um comunicado.

As manobras aconteceram em "áreas ao norte, sul e leste da ilha de Taiwan" e se concentraram em temas como a "vigilância de preparação para o combate aéreo e marítimo, o bloqueio de portos e áreas-chave", assim como o treino de "ataque a alvos marítimos e terrestres", explicou o capitão Li Xi.

O governo chinês destacou que, com as manobras, Pequim pretende enviar uma "advertência firme aos atos separatistas das forças de 'independência taiwanesa'.

"O independentismo de Taiwan e a paz no Estreito de Taiwan são duas coisas totalmente incompatíveis", disse Mao Ning, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China.

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 "Um recorde" 

Segundo a imprensa estatal, a China enviou caças e navios militares para as manobras em torno de Taiwan.

A Guarda Costeira chinesa também foi enviada para realizar "inspeções" em torno da ilha. Imagens divulgadas pela instituição mostram quatro frotas cercando Taiwan.

Taiwan detectou 125 aviões de combate chineses, anunciou o tenente Hsieh Jih-sheng, funcionário de alto escalão do serviço de inteligência do Ministério da Defesa. Ele destacou que o número representa "um recorde para apenas um dia".

O governo dos Estados Unidos condenou as manobras, que chamou de movimento "injustificável e com risco de escalada".

A União Europeia (UE) pediu "moderação" a todas as partes envolvidas e pediu que "evitem qualquer ação que possa aumentar ainda mais as tensões" no Estreito de Taiwan.

As manobras aconteceram poucos dias após o presidente taiwanês ter anunciado o compromisso de "resistir à anexação" chinesa.

Nesta segunda-feira, Lai Ching-te convocou uma reunião de segurança com funcionários de alto escalão para discutir a resposta à "ameaça militar chinesa", disse Joseph Wu, secretário-geral do Conselho Nacional de Segurança de Taiwan.

Wu destacou que as manobras chinesas são "inconsistentes com o direito internacional" e que exigiam um aviso prévio. 

Lai, que assumiu a presidência em maio, falou abertamente sobre a defesa da soberania taiwanesa, o que irritou Pequim, que o considera um "separatista".

A Guarda Costeira taiwanesa anunciou nesta segunda-feira que um cidadão chinês foi detido após uma possível "intrusão" em Kinmen, uma ilha próxima à cidade chinesa de Xiamen, mas não relacionou o caso às manobras militares.

A China intensificou nos últimos anos suas atividades militares ao redor de Taiwan, com a mobilização de aviões de guerra e outras aeronaves militares, enquanto suas embarcações mantêm uma presença quase constante nas águas da ilha.

Pequim não descarta o uso da força para assumir o controle da ilha de governo democrático.

 "Desastre" 

O tenente-coronel Fu Zhengnan, pesquisador da Academia Chinesa de Ciências Militares, afirmou em um vídeo exibido pela televisão estatal que as manobras podem "passar a qualquer momento de um treinamento para um combate".

No discurso da quinta-feira da semana passada, o presidente Lai se comprometeu a "resistir à anexação" da ilha e insistiu que Pequim e Taipé "não estão subordinados um ao outro".

Em resposta, a China alertou no mesmo dia que as "provocações" de Lai causarão um "desastre" para sua população.

O Partido Progressista Democrático de Lai defende a soberania e a democracia de Taiwan, que tem seu próprio governo, Forças Armadas e moeda.

A China busca eliminar Taiwan do cenário internacional, impedindo sua participação em fóruns globais e retirando aliados diplomáticos da ilha.

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