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Brasileira do filme 'Pureza' recebe prêmio nos EUA por luta no combate ao trabalho escravo

Pureza Lopes Loyola foi a primeira mulher do Brasil a receber a honraria

Juliana Maia

A maranhense Pureza Lopes Loyola, de 80 anos, recebeu o prêmio “Heróis no combate ao tráfico de pessoas” na noite do último dia 15, nos Estados Unidos. Em cerimônia realizada em Washington, foram homenageadas personalidades de todo o mundo que contribuíram na redução de casos de trabalho escravo e tráfico humano. Ela é a primeira mulher brasileira a receber a honraria e teve sua história contada no filme "Pureza", lançado em 2019 e protagonizado por Dira Paes.

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Pureza recebeu os prêmios das mãos de Antony Blinken, secretário de Estado norte-americano. Ao lado dele, estava Cindy Dyer, embaixadora geral para Monitorar e Combater o Tráfico de Pessoas dos EUA, que exaltou a trajetória da maranhense.

“Pureza Lopes Loyola, do Brasil em reconhecimento à sua defesa inabalável em nome dela mesma, de seu filho e de outras pessoas que sofreram trabalho forçado, inclusive por meio de documentação em primeira mão de evidências e testemunhos para ilustrar a gravidade e a proliferação de práticas de exploração no Brasil rural”, disse a embaixadora.

Quem é Pureza Loyola?

Natural do Maranhão, Pureza ficou conhecida internacionalmente após desenvolver ações na luta contra o trabalho escravo e ao tráfico humano no Brasil. Tudo aconteceu após o desaparecimento de seu filho Abel em 1993, que saiu de casa para tentar conseguir um trabalho em um garimpo no Pará. 

A maranhense passou meses sem ter qualquer notícia de Abel e decidiu largar tudo para buscar pistas sobre o paradeiro dele. Levando apenas a roupa do corpo, uma foto do filho, a bolsa e sua Bíblia, Pureza conseguiu se infiltrar como cozinheira nas fazendas, onde descobriu que os funcionários haviam sido contratados com "falsas promessas" e então eram escravizados pelos patrões, sem conseguir escapar do local.

Pureza tornou-se amiga dos trabalhadores e ia de fazenda em fazenda colhendo depoimentos dos rapazes que eram explorados para conseguir denunciar a situação aos órgãos públicos. Com a ajuda da Comissão Pastoral da Terra (CPT), ela conseguiu contactar o Ministério do Trabalho e o Ministério Público do Trabalho no Maranhão, no Pará e em Brasília.

“Eu vi muito choro, homem chorando como criança. Eu nada poderia fazer e apelava para Jesus de Nazaré. Eu perguntei porque ele [o trabalhador] tanto chorava, ele disse que era porque estava devendo e não podia sair. Tinha mais de 60 homens e eles começaram a conversar e dizer que não podiam sair sem pagar a conta, só que essa conta só aumentava. Além de trabalharem de graça, ainda compravam a comida mais caro", contou ela, durante um evento de divulgação do filme no Maranhão.

Após três anos de buscas, Pureza encontrou Abel, em 1996, em uma fazenda do Mato Grosso, debilitado e com malária. Atualmente, os dois vivem em Bacabal, no Maranhão. 

A luta da brasileira fez com que fosse criado o primeiro grupo especial móvel de fiscalização que agia a fim de cumprir a lei e garantir os direitos trabalhistas em todo o país. Desde 95, quando foi criado, até 2021, esse grupo conseguiu libertar mais de 57 mil trabalhadores em condições análogas à escravidão.

Assista ao trailer do filme:


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