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Assange se declara culpado por vazar segredos militares dos EUA

Acordo põe fim a uma saga jurídica de 14 anos, período em que o fundador do WikiLeaks lutou para evitar a extradição para os EUA sob acusação de Espionagem

Conteúdo Estadão

O fundador do site WikiLeaks, o australiano Julian Assange, se declarou culpado de uma única acusação de crime grave por publicar segredos militares dos EUA, em um acordo com o Departamento de Justiça americano que conclui uma saga jurídica de 14 anos.

A alegação foi apresentada nesta terça, 25 de junho, (segunda, 24, pelo horário de Brasília) no tribunal federal em Saipan, capital das Ilhas Marianas do Norte, uma comunidade remota dos EUA no Pacífico. Ele chegou ao tribunal pouco antes do início da audiência, vestindo um terno escuro, e entrou no prédio sem responder a perguntas de jornalistas.

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Segundo o WikiLeaks, o australiano saiu da prisão de Belmarsh na manhã desta segunda, e foi libertado pela Justiça britânica no aeroporto de Stansted, em Londres, à tarde, de onde embarcou em um avião e deixou o Reino Unido

Embora o acordo com os promotores exigisse que ele admitisse a culpa de uma única acusação de crime grave, também permitiria que ele retornasse à Austrália sem passar nenhum tempo em uma prisão americana. Ele ficou preso no Reino Unido os últimos cinco anos, lutando contra a extradição para os EUA sob uma acusação da Lei de Espionagem que poderia ter significado uma longa pena de prisão em caso de condenação.

A conclusão abrupta do caso permite que ambos os lados reivindiquem um grau de vitória, com o Departamento de Justiça americano capaz de resolver sem julgamento um caso que levantou questões legais espinhosas e que talvez nunca tivesse chegado a um júri, dado o ritmo lento do processo de extradição.

Enquanto isso, a mulher de Assange, Stella, disse à rede britânica BBC que estava "exultante" com a notícia enquanto seu marido voava em um jato fretado para Saipan a caminho de sua liberdade.

O WikiLeaks, o site de divulgação de segredos que Assange fundou em 2006, saudou o anúncio do acordo, dizendo que era grato a todos que os "apoiaram, lutaram e permaneceram comprometidos na luta por sua liberdade".

Críticas

O acordo, divulgado na segunda-feira à noite em uma carta do Departamento de Justiça, representa aparentemente o último capítulo de uma briga judicial envolvendo o excêntrico especialista em computação, que foi celebrado por apoiadores como "um cruzado da transparência", mas criticado por especialistas em segurança, que alertaram para o risco a vidas humanas e o afastamento dos deveres tradicionais do jornalismo.

O Departamento de Justiça concordou em realizar a audiência na ilha remota porque Assange se opôs a ir para os EUA e porque o território fica perto da Austrália, para onde ele retornaria. A declaração de culpa resolve um caso criminal movido pelo governo Trump em conexão com o recebimento e publicação de registros de guerra e telegramas diplomáticos que detalhavam irregularidades militares dos EUA no Iraque e Afeganistão.

Os promotores alegaram que ele conspirou com a ex-analista de inteligência do Exército Chelsea Manning para obter os registros e os publicou sem levar em conta a segurança nacional americana. Mas suas atividades atraíram uma onda de apoio de defensores da liberdade de imprensa, que anunciaram seu papel em trazer à tona condutas militares que, de outra forma, poderiam ter sido ocultadas.

Entre os arquivos publicados pelo WikiLeaks estava um vídeo de um ataque de helicóptero Apache em 2007 por forças americanas em Bagdá que matou 11 pessoas, incluindo dois jornalistas da Reuters. A acusação foi revelada em 2019, mas os problemas legais de Assange antecederam o caso criminal e continuaram muito além dele. Semanas após a divulgação da maior coleção de documentos, em 2010, um promotor sueco emitiu um mandado de prisão para Assange com base na alegação de estupro de uma mulher e na alegação de abuso sexual de outra.

O tempo todo Assange afirmou ser inocente e a investigação foi posteriormente arquivada. Ele recorreu, em 2012, à Embaixada do Equador em Londres, onde pediu asilo sob a alegação de perseguição política, e lá passou os sete anos seguintes.

Em 2019, seus anfitriões revogaram seu asilo, permitindo que a polícia britânica o prendesse. Ele permaneceu preso em Londres pelos últimos cinco anos enquanto o Departamento de Justiça tentava extraditá-lo.

(COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

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