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Armani e Dior são alvos de investigação na Itália após alegações de exploração de trabalhadores

Empresas podem ter emitido declarações falsas sobre sua ética e responsabilidade social, em particular no que diz respeito às condições de trabalho e ao cumprimento da lei por seus fornecedores

Katharina Cruz / Conteúdo Estadão

A Autoridade de Concorrência da Itália abriu uma investigação sobre empresas do grupo Armani e outras da Dior, marca pertencente ao conglomerado de luxo LVMH, do empresário francês Bernard Arnault, para entender se elas enganaram os consumidores sobre seus processos de produção, após alegações de que estariam explorando seus funcionários, com longas horas de trabalho e salário inadequado. As informações são da CNN.

Em uma declaração na última quarta-feira (17/7), a Autoridade disse que as empresas podem ter emitido declarações falsas sobre sua ética e responsabilidade social, em particular no que diz respeito às condições de trabalho e ao cumprimento da lei por seus fornecedores. Inspeções foram realizadas nas instalações das empresas na última terça-feira (16). Elas estão sendo investigadas por possível conduta "ilegal" na comercialização e venda de roupas e acessórios, em violação do Código do Consumidor italiano. Violações do código podem resultar em multas de até € 10 milhões (cerca de R$ 60,4 milhões).

Segundo a CNN, a investigação começou depois que promotores de Milão acusaram diversas empresas de propriedade chinesa na Itália, que produzem artigos de luxo para Dior e Armani, de abusarem sistematicamente de seus funcionários.

A CNN destaca que muitas marcas de moda tradicionais enfrentam há muito tempo alegações de condições de trabalho exploratórias em suas cadeias de produção. Mas o aumento de investigações envolvendo marcas de luxo se destaca porque desafia percepções de que preços altos, fornecedores baseados na Europa e artesanato superior significam que as roupas são produzidas de forma ética.

A Autoridade de Concorrência da Itália alega que a Armani e a Dior enfatizavam o artesanato e a qualidade de seus produtos, enquanto estariam usando fábricas que empregavam os seus trabalhadores com salários inadequados. Em alguns casos, os trabalhadores também teriam sidos forçados a trabalhar longas horas em condições inadequadas de saúde e segurança. Essas práticas contrastam com os níveis de excelência de produção promovidos pelos dois grupos, destacou o órgão.

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Em uma declaração compartilhada com a CNN, a Dior disse que as autoridades italianas informaram recentemente a empresa sobre práticas ilegais em dois de seus fornecedores envolvidos na produção de artigos de couro para homens. "A casa Dior condena firmemente esses atos indignos, que contradizem seus valores e o código de conduta assinado por esses fornecedores. Apesar das auditorias regulares, esses dois fornecedores evidentemente conseguiram esconder essas práticas", acrescentou a empresa, observando que não faria novos pedidos às empresas em questão e estava colaborando com as autoridades italianas.

Já a Armani negou as alegações levantadas pelo órgão italiano, mas disse que cooperaria com a investigação. "As empresas envolvidas estão totalmente comprometidas em cooperar com as autoridades, mas acreditam que as alegações não têm fundamento e estão confiantes em um resultado positivo após a investigação", disse o grupo à CNN, em uma declaração.

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