A presença feminina no setor mineral: legado para a indústria e para as mulheres

Movida pelo sonho de trabalhar com pessoas e transformar realidades, a gerente de Relacionamento com Comunidade na Vale, Silvia Cunha, é uma referência profissional no setor da mineração

Izabelle Araújo
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Quando Silvia, com apenas 12 anos, teve o primeiro contato com o Serviço Social soube que esse ofício faria parte do seu propósito de vida. Hoje, reconhecida como uma líder inspiradora dentro de uma multinacional, ela desempenha o cargo de gerente de Relacionamento com Comunidade na Vale, e traduz em poucas palavras o valor do seu trabalho com engajamento de pessoas e transformação social:

“Fazer algo que se ama e ver resultados positivos é maravilhoso” - Silvia Cunha

Nascida em São Paulo, Silvia Cunha, hoje com 41 anos, é filha de mãe paraense e pai maranhense, e foi criada em Barcarena, na mesorregião metropolitana de Belém, desde os 2 anos, onde, logo cedo, conviveu com o mundo da indústria, no qual seu genitor permaneceu até a aposentadoria. “Eu e meus irmãos sempre alimentamos o sonho de trabalhar em uma grande empresa de mineração. Com a formação em Serviço Social, eu vi espaço para mim nesta área, pois gostava de trabalhar com pessoas e projetos”, conta.

image Silvia é um exemplo de que mulheres podem alcançar cargos de destaque na indústria (Divulgação/Vale)

Coragem e objetivos claros para se desenvolver

As primeiras experiências de Silvia foram na gestão municipal de Barcarena, na coordenação de projetos com o Vale Juventude, e já como analista ambiental da mineradora, ela atuou diretamente com a população em processos de licenciamento operacional. 

Em 2014, para movimentar a carreira e buscar novos desafios, Silvia participou de um processo seletivo para trabalhar na implantação de um Ramal Ferroviário no Sudeste do Pará e, aprovada, se mudou para a região.

image Silvia Cunha é reconhecida como uma líder inspiradora dentro da mineradora (Divulgação / Vale)

“Foi um período muito desafiador, pois tivemos que manter um diálogo muito forte com as comunidades. Foi uma grande oportunidade de crescer e mostrar meu potencial, de provar que um canteiro de obras também é lugar de mulher”, conta a gerente.

Junto aos desafios profissionais, houve também os familiares, com a distância em relação aos pais e irmãos e os ajustes na gestão financeira da sua família, que ela venceu junto ao marido.

A conclusão das obras do ramal ferroviário, dois anos depois, trouxe o reconhecimento da importância da atuação social. “Conseguimos traçar uma boa estratégia para caminhar junto com a população e, com esse resultado, conquistei a confiança dos colegas. A questão não é ser homem ou mulher, é ser um bom profissional. Mostrar técnica, clareza e objetividade”, afirma.

Silvia destaca que trabalhar a partir de um bom plano de carreira e com uma liderança que dê oportunidades de crescimento fez a diferença no seu caminho. Tanto que, logo após a conclusão da obra, ela foi convidada a assumir o cargo gerencial que ocupa hoje. “Eu estava no final da minha licença-maternidade, com as incertezas que a maioria das mulheres tem em relação à estabilidade em seus empregos, e senti ali um voto de confiança do meu gerente, e também da minha nova equipe”, recorda.

image Após anos dedicados ao trabalho, Silvia pontua que ter um plano de carreira e oportunidades de crescimento fez a diferença em sua trajetória (Divulgação / Vale)

Uma líder é um espelho

A gerente de Relacionamento com Comunidade na Vale reconhece a representatividade de estar em um lugar de liderança dentro de uma grande mineradora. E essa influência extrapola os muros da empresa. “Com a comunidade, fazemos cursos de empoderamento para mostrar para mulheres que elas não têm que sentir culpa em deixar a casa e a família por algumas horas para estudar, se capacitar ou trabalhar. E isso foi ainda mais importante na pandemia, pois estas mulheres sustentaram seus lares quando muitos maridos perderam seus empregos”, diz.

"Você pode ser o que você quiser, pode empreender, pode trabalhar em uma empresa e também ser dona de casa, mas sabendo que pode fazer tudo" - Silvia Cunha

Como a grande maioria das mulheres, Silvia já foi subestimada por questões de gênero e vivenciou situações difíceis em sua trajetória profissional, mas enxerga na mudança cultural dentro e fora da empresa uma evolução. “Eu continuo mostrando meu conhecimento técnico e percebo hoje uma grande mudança na direção da inclusão e da equidade de gênero nas empresas. Estar aqui é como ser um espelho para outras mulheres”, acredita.

Hoje, ela cumpre seu propósito de vida ao escutar o outro e contribuir com o desenvolvimento social participativo em comunidades do Pará. “Eu sou muito realizada por fazer o que faço. Na empresa, na minha igreja, na vida social, eu gosto de ajudar pessoas a construírem algo novo, e com isso eu creio que deixo um legado positivo”, conclui Silvia Cunha. 

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