Cooperativismo garante autonomia e realização de sonhos a mulheres
Grupo empreende no ramo da confecção para conquistar renda e reconhecimento social no interior do Pará
O empoderamento e o trabalho coletivo são fontes de inspiração para diversas mulheres em Canaã dos Carajás, no sudeste paraense. Na zona rural do município, a Vila Bom Jesus observou o crescimento do protagonismo feminino e as conquistas pessoais e econômicas das participantes da Cooperativa Mulheres de Canaã (CMC).
“Eu me sinto maravilhosamente bem, eu amo costurar, se tornou uma paixão para mim. O dia que eu não costuro eu sinto falta, é uma coisa que preenche” - Cláudia Silva
A iniciativa surgiu em 2017, quando um grupo de mulheres recebeu formação na área de corte e costura. A maioria era domésticas ou donas de casa, que queriam se profissionalizar e buscar novos rumos em suas vidas.
A tesoureira da cooperativa, Cláudia Silva, 37 anos, é migrante do município de Redenção, sudeste do Pará, e foi uma das beneficiadas.
“Eu já tinha esse contato porque eu ajudava minha mãe que era costureira quando eu era criança. Então, eu já tinha o sentimento de seguir, mas a gente queria uma profissionalização e por isso buscamos o curso para adquirir técnicas para ingressar na profissão”, conta Cláudia, que também ajudou no processo de mobilização das mulheres e hoje vibra com a carreira.
Um dos frutos desse trabalho levou à criação do ateliê Fio de Ouro, construído com apoio da mineradora Vale, responsável pela doação das primeiras 14 máquinas de corte, costura e acabamento da associação. Cláudia afirma que desde o início o projeto visou ao interesse coletivo. “O tempo todo o objetivo foi de trabalhar com o associativismo e o cooperativismo, para que a gente possa juntar uma renda e ratear entre todas”, diz.
Com isso, a CMC demonstra a importância que o trabalho em coletividade tem para a garantia de renda e a promoção da visibilidade social das mulheres da região, afirma a costureira. “Melhorou bastante no aspecto financeiro. Eu consigo juntar dinheiro, estou comprando máquinas próprias, a maioria das mulheres do grupo também já conseguiu comprar as suas, e eu estou fazendo a reforma da minha casa agora. São muitos impactos positivos”, pontua.
Para chegar a esse estágio, alguns desafios foram superados, como a dificuldade de estabelecer os preços das confecções ou conseguir clientes, por isso o apoio de parceiros foi fundamental. A Vale viabilizou a formação inicial, a doação do maquinário e as primeiras encomendas, além de facilitar a capacitação das mulheres na temática do empoderamento e gestão por meio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
Atualmente, são 14 mulheres envolvidas no projeto, que tem capacidade para produzir até 4,5 mil peças por mês e atende, principalmente, grandes demandas de clientes, como escolas, igrejas e empresas locais. Dessa forma, Cláudia ressalta que o trabalho da cooperativa e do ateliê Fio de Ouro ganhou maior repercussão na comunidade. É crescente, por exemplo, a busca de outras mulheres por informações sobre cooperativismo ou interessadas em ingressar no grupo.
“Todos têm passado uma impressão muito boa, um sentimento de pertencimento da comunidade, eu vejo o carinho das pessoas quando me procuram, o avanço que teve mesmo que a gente começou há pouco tempo a gente percebe o quanto o Fio de Ouro é referência na nossa vida”, destaca a costureira.
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