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Vôlei de praia promove saúde e senso de comunidade para grupo de mulheres em Belém

Especialista orienta sobre o preparo e treino corretos para o esporte, que traz diversos benefícios à saúde física e mental

Eva Pires*

Toda semana, com os pés na areia, seja sob o sol quente ou sentindo a brisa noturna, um grupo de mulheres de Belém se reúne para jogar vôlei de praia. A modalidade, derivada do vôlei tradicional, tem se tornado cada vez mais atrativa e conquistado adeptos, especialmente no verão. Mesmo com uma rotina corrida, o grupo não abre mão da prática, que melhora o condicionamento físico, a capacidade cardiorrespiratória e traz a sensação de liberdade e bem-estar. O que começou como uma simples atividade recreativa se transformou em uma comunidade vibrante e acolhedora, reunindo esporte e amizade. 

O esporte como fonte de comunidade e acolhimento

Shirley Dourado, Lilian Souza, Elisa Dantas e Geyse Dias se reúnem pelo menos duas vezes por semana, em meio a uma rotina intensa de trabalho e responsabilidades familiares, para praticar vôlei de praia. “Nesses treinos, com a presença de nossa técnica, jogamos em duas duplas e temos o trabalho técnico, assim como a dinâmica de jogo. Pelo menos uma vez por semana, temos um treino recreativo e, em alguns momentos, também jogamos em outras arenas ‘só de brincadeira’ com amigos”, compartilha Shirley, enfermeira de 50 anos.

Buscando atividades físicas ao ar livre e o contato com a natureza para melhorar a saúde física e mental, o grupo encontrou, além dos benefícios do esporte, um espaço de acolhimento, trocas e laços de amizade. “Todas nós gostamos do mesmo tipo de atividade, então esse lado é muito fácil de cultivar. Como trabalhamos muito e temos responsabilidades familiares, algumas sendo mães, o nosso vôlei é também uma válvula de escape dos problemas do cotidiano, pois todas enfrentamos desafios semelhantes e podemos trocar sugestões ou opiniões sobre diversos assuntos. Além disso, gostamos de nos reunir depois dos jogos para uma resenha”, relata a médica Lilian Souza, de 42 anos.

Elas contam que, durante os treinos, houve muitos momentos especiais que compartilharam juntas, com direito a boas risadas, levando a confraternizações em aniversários e datas comemorativas ao longo do ano. O grupo é aberto a iniciantes e está constantemente incentivando a entrada de novas participantes, geralmente mulheres próximas, que ficam sabendo da atividade e acabam despertando o interesse em participar. 

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Como vantagens da modalidade de praia, Lilian avalia que existem mais arenas de areia disponíveis do que de quadras tradicionais. Além disso, no vôlei de praia, é necessário apenas reunir duas duplas para começar a jogar, o que é mais fácil do que juntar dois sextetos, como no vôlei de quadra. Ela compartilha, também, os benefícios que percebe para o corpo e mente logo após a atividade esportiva.

“É extremamente prazeroso, volto sempre mais feliz para casa depois de uma partida. Mais disposta, com mais energia para enfrentar os desafios do dia a dia. Acho que sou uma pessoa mais leve depois que jogo. Consigo liberar minha ansiedade e minhas frustrações”, reflete.

A atividade aeróbica mais intensa também foi apontada por Shirley como uma das vantagens do esporte. Ela percebeu que, a curto prazo, apresentou uma melhora significativa no desempenho cardiovascular e respiratório. Isso acontece porque, devido às irregularidades do terreno, os movimentos na areia são mais pesados e lentos, exigindo maior adaptação do corpo e maior gasto energético em comparação com o jogo em uma quadra convencional.  Ao terminar o treino, ela relata que se sente revigorada, pois o corpo é inundado por sensações prazerosas proporcionadas pelo exercício físico. Aos 50 anos, a enfermeira nota que possui muita vitalidade e disposição, resultado de mais de sete anos de treino e dedicação ao esporte.

“Não tenho níveis altos de pressão, colesterol e glicose ou qualquer outra patologia comum na minha idade, consigo me manter em forma e feliz. Quando vi um anúncio de aula de vôlei de praia, experimentei e me apaixonei. Na arena não penso em mais nada, apenas me concentro em não deixar a bola cair e conseguir fazer o ponto no adversário”, diz Shirley.

A educadora física e professora Christiany Pires lista os principais benefícios do vôlei de praia para a saúde física: queima calorias e gorduras; tonifica e molda o corpo; aumenta a capacidade aeróbica e o metabolismo; melhora os sistemas cardiovascular e respiratório e melhora a coordenação e desenvolvimento da velocidade, agilidade e equilíbrio.

Especialista dá dicas de treino e preparo para o esporte

Para ensinar iniciantes no vôlei de praia, segundo a educadora física, é importante seguir uma metodologia convencional que foca na aprendizagem sistematizada dos fundamentos do jogo: saque, passe, defesa, levantamento, ataque e bloqueio.

Christiany Pires explica que o ensino deve começar com fundamentos simples e progredir para os mais complexos, permitindo que os alunos desenvolvam habilidades motoras básicas antes de enfrentar situações mais desafiadoras. Ela enfatiza que o treino deve ser gradual, considerando fatores como saúde, capacidade orgânica e características musculares e articulares dos alunos para uma adaptação individualizada.

Em relação aos riscos de lesões, a especialista revela que, no vôlei de quadra, há maior risco de lesões por impacto, enquanto na quadra de areia, apesar de o impacto ser menor, protegendo as articulações, a areia fofa pode facilitar o número de torções. Para preveni-las, recomenda-se fortalecimento muscular, condicionamento aeróbico e alongamento.

As condições climáticas, como vento, sol e areia, também impactam a dinâmica do vôlei de praia. A areia, quando molhada, torna-se mais consistente e facilita os movimentos e jogar descalço reduz o risco de atolamento. No entanto, o vento e a areia podem atrapalhar o jogo e o sol exige maior hidratação e proteção. Por fim, ela ressalta a importância de uma alimentação e hidratação adequadas para o desempenho e a recuperação dos atletas.

“Escolher a alimentação correta adequa a disponibilidade de substratos energéticos e diminui o risco de lesões, contribuindo para mais rentabilidade durante o treino e uma recuperação mais eficaz, além de ajudar na manutenção do peso e composição corporal ideais. Somado a isso, a hidratação reforçada repõe a perda hídrica pela sudorese, que acontece especialmente em ambientes quentes e pode alterar o equilíbrio hidroeletrolítico, dificultar a termorregulação, representar um risco para a saúde ou provocar uma diminuição no desempenho esportivo”, alerta a professora.

*(estagiária sob supervisão de Fabiana Batista, coordenadora do núcleo de Atualidade)

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