Pacientes oncológicas resgatam a autoestima por meio da doação de perucas, no Pará

No Hospital Ophir Loyola, o projeto nasceu no final de 2022 e até hoje já doou mais de 100 perucas a pacientes oncológicas

Bruna Lima
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Cabelo é identidade. Revela ousadia, mudança e estado de espírito. Para as mulheres, de um modo geral, cabelo é um item que carrega o poder do feminino. Diante de toda essa carga de poder que possui o cabelo, o projeto Amor em Fios vem ajudando a resgatar a autoestima de mulheres pacientes oncológicas, no Hospital Ophir Loyola (HOL). Elas recebem doações de perucas, que refletem diretamente no seu emocional e contribuem com a fase de tratamento de câncer. O projeto nasceu no final de 2022 e até hoje já doou mais de 100 perucas a pacientes oncológicas.

Marilene Beckman, 50, é paciente do HOL desde o mês de janeiro deste ano. Ela está fazendo tratamento de câncer de mama e, nesta quinta-feira (16), recebeu a doação de uma peruca do projeto Amor em Fios. Mesmo Mariele sendo uma mulher alto astral e que leva essa fase da vida com a tentativa de um mínimo de sofrimento, essa peça é fundamental, uma vez que já perdeu seus cabelos em decorrência da medicação.

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"Desde quando fui diagnosticada eu assumi o compromisso comigo e entendi que essa doença não me pertence. Ela está de passagem e eu vou vencer. Por isso, eu faço um trabalho diário comigo mesma de que preciso ser forte, de que preciso trabalhar a minha autoestima. Eu gosto de me arrumar, de estar bem comigo mesma e venho percebendo o quanto isso é importante. Além, principalmente, do apoio da família”, declara a paciente.



Para Marilene, receber a peruca significa mais um passo vencido contra a doença, uma vez que ao experimentar o acessório o sorriso foi espontâneo e a autoestima lhe atravessou imediatamente. “Eu confesso que já estava me sentindo bem sem meus cabelos, mas colocar essa peruca me transformou. Eu estou me sentindo mais linda ainda. É algo que não sei explicar é automático”, conta a paciente.

Na última quarta-feira (15), quando Marilene estava no hospital recebendo a medicação, ela foi informada pela enfermeira sobre o projeto e questionada se gostaria de ser presenteada com a peruca. “Quando a enfermeira me ofereceu eu aceitei na hora, pois é um acessório que custa caro e eu tenho outras prioridades de gastos. Eu adorei receber esse presente”, agradece Marilene.

A paciente conta que procura ajudar outros pacientes com palavras de conforto nos dias em que vai receber os medicamentos. “Acho que uma das minhas missões nessa fase de tratamento é de justamente passar conforto e positividade às pessoas, pois já que eu faço esse trabalho diário comigo. Eu também tento fortalecer as outras pessoas que encontro aqui no hospital”, conta Marilene.

O projeto

Amor em Fios nasceu no final de 2022, no Hospital Ophir Loyola (HOL). A proposta surgiu de uma paciente, chamada Hosana, que é a representante do projeto no Pará. Em Cascavel, no Paraná, quem responde pelo projeto é Simone Cortes, que deu início a esse trabalho social em decorrência de também ser paciente oncológica .

image Valéria Miranda, Marilene Beckman  e Rayssa Braun.

Simone Cortes, representante do Projeto Amor em Fios, disse que começou o projeto em 2016 e iniciou com a produção de perucas, que tem objetivo de levantar a autoestima de mulheres. Depois vieram as confecções de lenços, turbantes, tocas e entre outros acessórios.

Em 2018, foi iniciado o trabalho para as crianças, o Amor em Fios Kids, que dá amparo para crianças em tratamento de câncer. Atualmente, o projeto atende 21 estados brasileiros nos principais hospitais de câncer.

"Depois de receber os fios, nós confeccionamos as perucas e as devolvemos aos hospitais cadastrados. Os hospitais que autorizam, nós divulgamos as fotos dos pacientes no nosso site. É um trabalho muito maravilhoso, o qual sou grata de ter essa missão de levar bem-estar aos pacientes durante tratamento de câncer”, explica Simone.

Mas Simone acrescenta que além dos hospitais atende também pessoas físicas, pois recebe muitos pedidos de perucas. Elas costumam pedir por mensagens nas redes sociais”Eu sempre peço as medidas e uma foto para entregar o mais próximo do cabelo real da pessoa”, acrescenta a idealizadora do projeto.

Rayssa Imbiriba, psicóloga e coordenadora de Humanização HOL, explica que no hospital tudo começou a partir da iniciativa de Hosana, uma paciente da unidade de saúde, com isso, foi dada a campanha de coleta de fios de cabelos naturais. "A gente divulgou que estava recebendo os cabelos. Tem algumas orientações que precisam ser atendidas. Quem quiser ajudar, precisa trazer o cabelo amarrado em mechas. A entrega é recepção do hospital. Esses cabelos são separados e encaminhamos para Cascavel, para a associação e lá é confeccionada a peruca e feito o tratamento dos fios”, explica Rayssa.

A escolha dos pacientes é feita a partir do tratamento de quimioterapia e radioterapia. A equipe do hospital entra em contato com as pessoas que têm desejo de receber essas perucas. As que demonstram interesse, é feita a doação.

Para a psicóloga, para além da beleza física a autoestima da paciente é alterada. “O cabelo representa a segurança dessa mulher, o estilo dela. É uma retomada, é um recomeço. Paciente com o emocional estabilizado, com a autoestima levantada, melhora consideravelmente o tratamento”, destaca Rayssa.

Como pode doar?

Antes do corte, sugere-se separar o cabelo em mechas e prender com um elástico, para melhor aproveitamento.

Cortes únicos de cabelo, amarrados em rabo de cavalo, funcionam melhor para doadores com o cabelo de formato reto e comprido

As mechas devem estar secas para evitar que o cabelo seja atingido por mofo.

Em geral, não importa se o cabelo é tingido ou com alguma química de alisamento, a peruca pode ser retingida após confecção

Onde entregar?

Deve ser entregue na recepção do Hospital Ophir Loyola, pela Magalhães Barata, nº 992

De segunda a sexta de 8h às 18h

Assinar no ato da entrega do cabelo o protocolo de doação e preencher com seu nome completo, email e número de contato.

 

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