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Outubro Rosa: Pará registra 389 casos de câncer de mama em 2024

A campanha de conscientização destaca a importância da prevenção e diagnóstico precoce da doença

Eva Pires

Em pouco mais de 9 meses, de janeiro a 15 de setembro de 2024, o Pará registrou 389 casos de câncer de mama diagnosticados e tratados em hospitais públicos do Sistema Único de Saúde no Estado. Em 2023, foram 972 casos. E, em 2022, foram 950 casos. O balanço foi divulgado pela Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará (Sespa), que reforça, em meio à campanha Outubro Rosa, a importância da prevenção e diagnóstico precoce da doença.

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Mastologista explica sobe tipos de prevenção

A mastologista Camila Loureiro, do Hospital Ophir Loyola (HOL), referência em oncologia no Estado do Pará, explica que o câncer de mama é uma doença genética e multifatorial. Estão entre os fatores de risco: ter mamas densas; idade acima de 50 anos; menopausa tardia; mutações genéticas; primeira gestação após os 30 anos; uso de hormônios combinados (anticoncepcionais orais ou reposição hormonal pós-menopausa); e fatores relacionados ao estilo de vida, como sobrepeso ou obesidade, consumo de álcool e cigarro e exposição à radiação.

“A maioria dos casos de câncer de mama ocorrem em mulheres sem história familiar de câncer, porém não se pode menosprezar a importância de conhecer o histórico oncológico familiar como uma forma de detectar quem são os indivíduos que se encaixam na população de alto risco. Isso se dá porque, quando existe uma frequência muito alta da doença na família, podemos estar diante de uma mutação genética que favoreça o desenvolvimento de cânceres”, detalha.

Depois dos 40 anos, todas as mulheres devem realizar o rastreamento mamário anualmente, que consiste em exames clínicos ou de imagem. Caso haja fatores de alto risco, há a necessidade de se iniciar o rastreamento das mamas em idade mais jovem.

A médica ressalta que, atualmente, o autoexame não se encaixa como uma medida de rastreamento mamário, mas sim de autoconhecimento. “Recomendamos às mulheres que toquem suas mamas uma vez ao mês, fora do período menstrual, como uma medida de autoconhecimento, que também pode auxiliar na detecção de alterações mamárias nos intervalos entre as medidas formais de rastreamento”, informa.

A mastologista também destaca as duas formas de prevenção da doença: a primária, quando se evita que uma doença se desenvolva, principalmente pela adoção de um estilo de vida saudável, e a secundária, quando a doença é detectada em fase tão inicial que o impacto negativo do seu tratamento é muito baixo.

Sinais de alerta, tratamentos e importância do autocuidado

De acordo com a Dra. Camila Loureiro, são considerados sinais de alerta: nódulos endurecidos e não dolorosos, que aumentam de tamanho; alterações persistentes da pele da mama, em especial vermelhidão, feridas ou aspecto de casca de laranja; feridas nas aréolas/mamilos, principalmente quando de longa duração e unilaterais; saída espontânea de sangue ou líquido semelhante à água pelo bico da mama, em especial quando for unilateral, e nódulos endurecidos nas axilas.

A médica explica que a incidência de câncer de mama apresenta um aumento sustentado nos últimos anos, porém as taxas de mortalidade se reduzem. A principal razão para este aparente paradoxo é a medicina de precisão.

“Atualmente, dispomos de ferramentas que detectam peculiaridades do tumor, como a presença de receptores hormonais e taxa de multiplicação celular, por exemplo, que nos permitem estimar o nível de agressividade daquele tumor e, consequentemente, pensar uma abordagem individualizada. Hoje dispomos de tratamentos como quimioterapia, terapia alvo, hormonioterapia e imunoterapia, que promovem o controle local e sistêmico da doença. A escolha das medicações a serem utilizadas é feita baseada nas características tanto das células tumorais, como da paciente”, avalia.

“Quando pensamos no controle local do câncer de mama, a cirurgia continua sendo a melhor opção. Com o advento da oncoplastia mamária (combinação de técnicas cirúrgicas oncológicas e de cirurgia plástica), hoje podemos realizar abordagens que visam não somente a radicalidade cirúrgica, mas também reduzir possíveis desconfortos estéticos relacionados à remoção do tumor, podendo, inclusive, melhorar o aspecto das mamas. Sem dúvida, um ganho secundário importante para as pacientes”, completa.

A mastologista finaliza refletindo sobre a imposição cultural de que as mulheres devem priorizar o cuidado com a família e o lar, muitas vezes em detrimento da própria saúde. “Esse mito da ‘mulher guerreira’ que tudo suporta, associada a outros fatores sociais, como a baixa escolaridade e as condições socioeconômicas mais desfavorecidas, resulta não somente em mulheres mais sobrecarregadas, como também mais globalmente adoecidas. Iniciativas como o Outubro Rosa, quando há um chamamento coletivo ao olhar para o próprio corpo e a própria saúde, podem levar a uma inversão na lógica de cuidado patriarcal em prol da saúde feminina, salvando muitas vidas”, pondera.

Evolução nos tratamentos oncológicos

A médica oncologista Juliana Chaves, de Belém, explica que o tratamento desse tipo de câncer evoluiu muito no decorrer dos anos, proporcionando um prolongamento do tempo de sobrevida do paciente. “Hoje temos um arsenal terapêutico para cada subtipo molecular da doença que venha a ser identificada. O tratamento cirúrgico é a terapia padrão para cura. Terapia alvo, imunoterapia, inibidores de ciclina são exemplos de novas tecnologias com excelente resposta na doença avançada”, disse.

A especialista ressaltou que a prevenção continua sendo o pilar da cura no câncer de mama. “A mamografia de rastreio consegue identificar tumores que não são palpáveis, sendo curáveis em mais de 90% nesse estágio”, destacou.

Enfermeira ressalta a importância do diagnóstico precoce 

Em junho de 2024, a enfermeira Elaine Souza, de 61 anos, descobriu que estava com câncer de mama em uma mamografia anual de rotina. Após o exame, foi realizada uma biópsia (remoção de uma amostra de tecido ou órgão do corpo para análise laboratorial), que confirmou o diagnóstico. “Inicialmente, a notícia me deixou confusa. Até porque, há um ano, o resultado do exame evidenciou nada. Mas apesar disso, me mantive tranquila, pois tratava-se de um diagnóstico precoce”, relembra.

Elaine conta que iniciou o tratamento em agosto deste ano, que inclui sessões de terapia, imunoterapia e que será finalizada com uma mastectomia. “Estou realizando tratamento pela saúde suplementar. A experiência está sendo maravilhosa, pela excelência do serviço prestado, profissionais competentes e equipe multiprofissional com cuidado humanizado”, compartilha.

A enfermeira revela as mudanças no estilo de vida depois do diagnóstico: investimento na alimentação saudável, atividades físicas e hidratação reforçada. Ela destaca que tais medidas têm sido essenciais para garantir efeitos colaterais leves e controlados durante o tratamento.

Além do apoio de entes queridos, Elaine recebeu suporte de uma psicóloga, enfermeira e nutricionista, o que foi esclarecedor e fundamental para enfrentar esse momento com mais clareza e confiança.

“Todo apoio, parceria, carinho e orações da família e amigos é muito importante. Acolhe, emana energia positiva e demonstra muito amor. Confirma que não estou sozinha nessa jornada. Quanto aos desafios emocionais, é manter a fé, confiança, e pensamento positivo, pois o emocional interfere no sistema imunológico. E, principalmente, gratidão por tudo: diagnóstico precoce, presença apenas de um nódulo, com início rápido do tratamento. Certeza da cura”, conclui.

(estagiária sobe supervisão de Fabiana Batista, coordenadora do núcleo de Atualidade)

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