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Empreendedorismo transforma a vida de mulheres idosas em Belém

Com mais tempo disponível e menos obrigações familiares, muitas mulheres nessa etapa da vida convertem seus interesses em negócios lucrativos

Eva Pires
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A terceira idade é, para muitos, um período de descanso após anos de trabalho. No entanto, muitas mulheres idosas transformam suas vidas com bastante produtividade por meio do empreendedorismo. Em Belém, a artesã Aparecida Matos, de 60 anos, e a biscoiteira Terezinha Sá, de 71 anos, converteram seus interesses em negócios lucrativos. Com uma rica bagagem de experiências e menos medo dos riscos, elas encaram o empreendimento como uma chance de realização pessoal, mostrando que nunca é tarde para alcançar seus sonhos.

Ateliê é paixão e fonte de renda

A artesã Aparecida Matos, 60 anos, mostra seu ateliê Tok Divino

A coragem de abandonar o trabalho em escritório como contadora para vender peças artesanais aos domingos, na Praça da República, em Belém, foi o que transformou a vida de Aparecida Matos. O que começou como uma paixão de infância e uma fonte de renda complementar em um período de dificuldade financeira, se tornou um empreendimento de sucesso.

Hoje, ela não apenas vive da sua arte, como também gera oportunidades de emprego entre seus colaboradores. O ateliê Tok Divino, localizado no bairro do Bengui, conquistou admiradores em todo o Brasil com produtos feitos por materiais da natureza e inspirados na cultura amazônica, especialmente as biojoias artesanais.

Entre as vantagens de empreender com idade mais avançada, Aparecida destaca que “não ter mais filhos pequenos facilita muito a vida de uma mulher para cuidar melhor da carreira. Posso dizer que dedico tempo quase integral ao meu negócio. Além das experiências de vida, que contam muito para diminuir a margem de erro. Do meu trabalho anterior, trago como bagagem o dinamismo e a organização”, afirma.

Outras mulheres encorajaram Aparecida a iniciar seu próprio empreendimento e a seguir seu sonho. "Li uma matéria na qual uma idosa dizia que, depois dos 50, toda mulher precisa fazer o que dá prazer e não apenas o que traz remuneração. Essa mensagem só reforçou um pensamento que eu já vinha tendo", compartilha.

Inserir o empreendimento na internet/redes sociais é essencial nos dias atuais. Diferentemente das gerações mais novas, conhecidas também como "nativas digitais", empreendedoras na terceira idade podem enfrentar dificuldades nessa tarefa. "Estamos começando agora a divulgar a marca na internet, com certas dificuldades, estou na fase de adaptação. O que ajudou muito foram os próprios clientes aparecendo nas redes sociais usando nossos acessórios”, acrescenta a artesã.

Reconhecimento nacional 

Ver sua arte na televisão foi um dos momentos mais marcantes na jornada de Aparecida Matos. Dentre os nomes famosos que usaram peças de sua coleção estão Janja Silva (primeira-dama do Brasil); Marina Silva (ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima), Dira Paes (atriz) e Sônia Guajajara (ministra dos Povos Indígenas). "Foi a realização de um sonho. No desfile do Dia da Independência de 2023, em Brasília, a primeira dama usou pela primeira vez um colar feito por mim”, relembra a empreendedora.

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Produção de biscoitos artesanais é sinônimo de sucesso

A biscoiteira Terezinha Sá, 71 anos, trabalha em casa

Os dotes culinários de Terezinha Sá, que cozinhava apenas para a família, surgiram como herança de sua avó. Hoje, aos 71 anos, ela é uma das mulheres da terceira idade que se aventuraram no ramo do empreendedorismo. Preparados com amor e dedicação, os produtos conhecidos como "Delícias da Tetê" já viajaram o mundo todo, com clientes que levam seus doces artesanais, biscoitos, molhos e geleias para serem saboreados em diversos países, como Portugal, Alemanha, Canadá e Inglaterra.

Terezinha já atuou profissionalmente na área da informática e foi instrutora de panificação no passado. Ela menciona que o apoio do marido, dos quatro filhos e dos amigos foi essencial para transformar sua paixão pela cozinha em seu próprio negócio. "Idosas que se mantêm ativas no trabalho ocupam suas mentes e tempo, encontrando valor em se sentirem úteis e não dando espaço ao sedentarismo e várias doenças. Além de promover, também, a independência financeira", afirma.

Por ter um negócio no setor culinário, Terezinha também compartilha que começar mais tarde na carreira foi, na verdade, uma vantagem. Isso porque sua idade mais avançada lhe confere mais credibilidade e confiança por parte dos clientes, já que muitos relacionam as pessoas mais velhas com uma habilidade especial no preparo da comida e na criação de alimentos mais saborosos e ricos em afeto.

Apesar das vantagens, a biscoiteira relata que conciliar as demandas de seu empreendimento com as tarefas domésticas é um desafio que ela precisou aprender a lidar. “Uma das dificuldades foi sair à procura dos ingredientes necessários e, ao mesmo tempo, cuidar de toda a produção, além de ter que exercer todas as tarefas de dona de casa normalmente. Os desafios existem em qualquer idade e fases de nossas vidas. Fé, calma e perseverança é a minha fórmula para enfrentá-los. Levo também o amor em tudo que faço, assim como a disciplina. Fui educada em um ambiente onde todos tinham responsabilidades e precisaram começar a trabalhar muito precocemente”, conta.

Sebrae Delas cria oportunidades

Em Belém, Aparecida Matos e Terezinha Sá se capacitaram como empreendedoras pelo programa Sebrae Delas, iniciativa nacional do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). O programa nasceu em 2019 com a proposta de investir no empreendedorismo feminino. No Pará, atua em onze cidades: Altamira, Abaetetuba, Belém, Castanhal, Capanema, Itaituba, Marabá, Paragominas, Redenção, Parauapebas e Santarém.

O objetivo é incentivar mulheres de várias idades a desenvolverem suas habilidades empresariais. Além de promover autonomia financeira, visibilidade social, sustento familiar e satisfação pessoal por meio de seminários, consultorias, eventos, oficinas e networking.

Para participar do programa, que atendeu mais de 1.400 mulheres no Pará entre janeiro e abril de 2024, é preciso se inscrever previamente nos eventos gratuitos oferecidos ao longo do ano.

Vera Rodrigues, gestora do Sebrae Delas em Belém, reforça que pequenos negócios contribuem para o desenvolvimento econômico do país e o empreendedorismo feminino tem um papel pertinente, sendo uma prioridade estratégica para o Sebrae no Pará.

"Além de contribuir com a equidade de gênero e aumentar o poder econômico do público feminino de todas as idades, o intuito é dar a elas a oportunidade que muitas vezes falta. Os desafios são grandes, no entanto, muitas já estão fazendo uma diferença significativa no mundo dos pequenos negócios, sendo protagonistas da sua própria história”, pondera.

Serviço

Para mais informações sobre o programa Sebrae Delas, clique aqui.

Eva Pires (estagiária sob supervisão de João Thiago Dias, coordenador do núcleo de Atualidade)

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