Carnaval 2024: mulheres são protagonistas na organização das escolas de samba de suas comunidades
O amor pela comunidade é o que move essas mulheres a se envolverem de forma intensa nos preparativos da festa
Quando se pensa em carnaval se pensa em folia, diversão, magia e a figura feminina. A mulher tem grande representatividade em várias frentes do carnaval, seja na produção, na confecção das roupas, nos preparativos para o desfile e milhares de outras atividades que são primordiais para o carnaval acontecer. O amor pela comunidade é o que move essas mulheres a se envolverem de forma intensa nos preparativos da festa.
Ana Flávia Brito, 42, é porta-bandeira da Escola de Samba Piratas da Batucada, na Pedreira e a paixão pelo carnaval é desde a infância quando os pais a levavam para os bailinhos de carnaval. Filha de músico, Ana Flávia acredita que esse seja o principal elo desse amor pelo carnaval. Ela diz que esse amor e envolvimento surgiu de forma natural ao longo da vida.
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"O meu pai fazia parte da orquestra do Orlando Pereira e desde criança ele me levava para os bailes. Nisso eu fui me envolvendo e gostando de forma muito espontânea. Até que na minha adolescência eu comecei a frequentar as escolas de samba", diz Ana Flávia.
A primeira escola de samba a qual se apaixonou foi a Arco-íris, onde ela teve os primeiros contatos com esse universo de comunidade. Mas ao se mudar para o bairro da Pedreira, ela conheceu o marido, que na época era namorado, e os dois faziam parte da mesma comunidade.
Ana Flávia disse que passou por todas as etapas dentro da comunidade. Ela começou como passista, passou para rainha de bateria até ocupar o cargo de porta-bandeira. "A minha vivência dentro da Escola de Samba Piratas da batucada Pedreira é intensa, pois já vivenciei várias etapas. Eu desfilei grávida da Ana Beatriz na avenida", destaca a carnavalesca.
A porta-bandeira diz que carnaval representa cultura, conhecimento e união, pois o carnaval em sua vida não é apenas o dia da folia. "Há todo um envolvimento e preparação. O nome Escola de samba explica muito bem o sentido do carnaval, uma vez que passa ensinamento às pessoas. Ocorre todo um processo de planejamento e pesquisa para fazer o carnaval acontecer. Não é só lazer e prazer", pontua Ana Flávia.
A preparação de Ana Flávia para o carnaval começa seis meses antes. Ela diz que durante o ano ela tem seis meses de liberdade e seis meses de comprometimento com o carnaval, pois ela passa pela preparação física, mental e espiritual. “Nós temos que estar com o corpo e a mente relaxada para enfrentar o trabalho e também os jurados no dia do espetáculo”, pontua.
Sobre o que representa ser porta-bandeira, Ana Flávia explica que o título é dado a primeira -dama da escola de samba. É a figura que sustenta a comunidade. “O meu papel como porta-bandeira é de muita responsabilidade, pois eu sou todos que trabalham pela escola e é isso que tento levar para a avenida”, acrescenta.
O carnaval acaba contaminando a família de Ana Flávia. Liduina Brito, sua sogra, é outra mulher que tem um papel importante para o carnaval. Ela é uma das costureiras responsáveis em confeccionar as fantasias da Escola Piratas da Pedreira.
Liduína começou a atividade no carnaval em 2010, por intermédio do filho e da nora. Inicialmente, ela fazia as roupas só da família, mas acabou que com o tempo a demanda foi aumentando e hoje em dia ela é responsável pela ala das baianas.
"O carnaval é correria, todos os anos eu entro de férias do meu trabalho nesse período do ano só para eu me dedicar na confecção das fantasias”, pontua. Liduína trabalha em casa de família.
Taynara Garcia, musa da escola Bole Bole, campeã do desfile do ano passado, é mais uma mulher que vive o carnaval de forma genuína. Também influenciada pela família, ela diz que esse amor nasceu ao presenciar o envolvimento dos tios e dos primos com a Escola Cacareco, no bairro do Telégrafo.
"Por influência da minha família comecei a brincar no carnaval, desde criança. E isso foi crescendo de forma espontânea”, destaca. Aos 14 anos ela foi porta-bandeira da escola e acabou trilhando o caminho passando por vários segmentos.
"É muito bom poder me preparar para o carnaval, pois é uma manifestação cultural e popular na qual eu acredito, mesmo sabendo que ainda precisa de muitas políticas públicas. Mas ver a escola na avenida é ver a união da comunidade”, destaca a musa.
Taynara Garcia diz que seu desejo é seguir com saúde para continuar trilhando os desafios que o carnaval proporciona, pois ao longo dos anos ela diz que ganhou diversos aprendizados com a manifestação popular.
"Eu sou muito feliz por viver o carnaval da forma que vivo. Eu já passei por diversas escolas e nessa trajetória nós vamos estreitando laços e conhecimento. Estou muito feliz, pois é mais um ano que eu me preparo para essa festa. Esse preparo envolve dedicação e um leque de atividades”, acrescenta a musa do Bole Bole.
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