Bailarinas de Belém mostram como a paixão pela dança traz benefícios para a saúde
Além dos benefícios físicos, como desenvolver a força muscular, a prática é uma forma poderosa de expressão emocional
O balé clássico teve origem nas cortes italianas do século 16, durante o Renascimento, sendo apresentado em festas aristocráticas para o entretenimento da nobreza. Ao longo dos anos, o balé evoluiu, mas continua a encantar pessoas ao redor do mundo, especialmente meninas, que muitas vezes sonham em ser bailarinas desde cedo. Em Belém, a professora Marina Nascimento, de 34 anos, e a bailarina Juliana Colino, de 24 anos, da escola de dança Ballare, compartilham o que as levou a se apaixonar por essa arte, que oferece inúmeros benefícios para o corpo e a mente.
Balé é forma de expressão e inclusão, diz professora
Para a professora Marina Nascimento, o balé clássico vai além da repetição de passos. Como envolve o corpo de forma global, ativando a musculatura em cada movimento, ele fortalece os músculos, além de desenvolver equilíbrio e flexibilidade. A dança também exige concentração para coordenar as coreografias, unindo desafios físicos e mentais a um trabalho de musicalidade e expressão. Essa combinação promove autoconhecimento, autoconexão, enriquecimento cultural e sociabilidade.
Marina acredita que com o crescente uso das tecnologias e da conexão virtual, muitos jovens se afastaram de atividades que exigem concentração e presença física. Dessa forma, estar em uma sala de dança permite viver o momento, estimula o interesse pela arte e o desenvolvimento cognitivo em todas as idades, sendo uma poderosa forma de expressão e saúde emocional.
"O uso consciente da respiração, a atividade física e o ouvir música comprovadamente auxiliam na liberação de hormônios que combatem o estresse. O balé alia essas ferramentas, sendo um poderoso mecanismo de controle da ansiedade e ainda podendo ser um ambiente de socialização, trazendo bem-estar", explica a professora.
Ela destaca a importância das aulas de balé não só na construção da base técnica, mas também na criação de um ambiente de apoio, inclusão e motivação, que valoriza as conquistas das alunas. Nesse contexto, a criação de espaços inclusivos é essencial para que todos se sintam representados e valorizados. Um ambiente diverso permite que a arte reflita a sociedade como um todo, promovendo trocas para além da comunidade da dança.
"Acredito que a busca pela perfeição deve ser um desafio pessoal e não uma competição. Reconhecer e aceitar seus limites é o primeiro passo. Acredito no poder transformador da educação pela dança, por isso busco estudar sempre de que forma alcançar cada bailarino. A dança deve ser libertadora e abraçar todos os corpos que desejam dançar. Todas as pessoas deveriam ter acesso à arte e a poder encontrar na dança um espaço seguro para ser o que quiser", reflete.
Entre as muitas histórias que marcaram a trajetória de Marina, ela conta que, antes de se tornar professora, sofreu duas graves lesões no joelho, chegando a acreditar que nunca mais voltaria a dançar. Durante o tempo longe do balé, percebeu que a dança era parte essencial de sua vida, e que retornar aos palcos era o único caminho para se sentir completa novamente.
"Alguns anos depois, retornei ao plano de cumprir a etapa que faltava e me descobri grávida. Passei por esse momento mais cheia de mim e da certeza de que era o momento certo. Minha filha nasceu e faleceu no dia seguinte, e o balé foi o único lugar onde me senti viva outra vez em meio ao luto. Dançar é parte de quem sou, seja no papel de bailarina, de professora ou qualquer outro", compartilha.
Bailarina exalta o papel da dança para autoconexão e disciplina
A dança desempenha um papel fundamental na vida de Juliana Colino, que iniciou o balé com apenas dois anos de idade. A disciplina para cumprir objetivos e a resiliência necessária diante das dificuldades estão entre as habilidades que ela desenvolveu. A bailarina é certificada pela Royal Academy of Dance, uma das mais influentes organizações de educação em dança do mundo.
“A dança é o que me move. O papel dela na minha vida é realmente dar um sentido à existência. Quando eu estou feliz, danço, quando eu estou triste, danço. Sempre é um local que me ajuda a entrar em contato com o que eu estou sentindo e também extravasar quando necessário”, diz.
Formada em psicologia e atualmente cursando educação física, ela decidiu seguir o balé como carreira logo após concluir a graduação, percebendo que não se vê longe das salas de aula de dança. “A minha vida acadêmica e atuação breve como psicóloga me ajudou a inserir exercícios e práticas de dança que podem ser utilizados como forma de expressão no consultório”, relembra.
Entre os desafios que enfrenta como bailarina, Juliana destaca a desvalorização e a falta de incentivo à arte. Para lidar com isso, ela passou a incentivar as pessoas próximas a conhecerem mais sobre o balé e a prestigiarem os espetáculos e apresentações dos quais participa.
Para meninas que sonham em se tornar grandes bailarinas e seguir carreira profissional, ela orienta procurar uma boa escola, já que a técnica ensinada corretamente desde a infância é essencial para um melhor desenvolvimento das habilidades que serão exigidas no futuro. No entanto, Juliana defende que a idade não deve ser um fator limitante para mulheres que possuem o desejo de entrar no mundo do balé.
“Hoje em dia a dança tem sido muito mais inclusiva, existem turmas exclusivas para adultas iniciantes que têm o sonho de ser bailarina. Diria a elas para dar uma chance de realizar esse sonho, abrindo o coração para experimentar uma aula e ter esse momento de conexão com a dança”, conclui.
(Eva Pires, estagiária sob supervisão de Fabiana Batista, coordenadora do núcleo de Atualidade)
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