Apenas 10 mulheres estão entre os 100 maiores arrecadadores de direitos autorais, aponta pesquisa

Levantamento da União Brasileira de Compositores mostra que caminho contra a disparidade de gênero na música ainda é longo

Lucas Costa
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Mesmo que nos últimos anos pareça que as mulheres têm tomado a frente na indústria musical brasileira, com crescimento de movimentos como o “feminejo” por exemplo; a participação feminina ainda é muito menor que a de homens na indústria fonográfica. “Por Elas Que Fazem a Música”, uma pesquisa realizada pela União Brasileira de Compositores (UBC), revelou que apenas 10 mulheres estão entre os 100 maiores arrecadadores de direitos autorais no país.

A pesquisa da UBC mostra ainda que, em 2019, as mulheres receberam somente 9% do total distribuído em direitos autorais. Os dados são referentes à terceira edição do estudo "Por Elas Que Fazem a Música". O relatório revela um verdadeiro mapeamento do papel e, fundamentalmente, representatividade feminina na música brasileira. A pesquisa completa pode ser vista no site da UBC.

A UBC tem atualmente 33 mil associados, dos quais apenas 15% são mulheres. Em 2019, o número de novas associadas cresceu 56% em relação ao último ano. No entanto, tal disparidade foi suficiente para aumentar em apenas 1 ponto percentual a representatividade de mulheres no quadro geral da entidade, atingindo 15%, contra 14 em 2018.

A pesquisa aponta também que, entre as quase 5 mil associadas, a maior concentração está no sudeste, com 64%, enquanto a região norte reúne apenas 2%. Entidade responsável distribuição de quase 60% dos direitos autorais de execução pública musical no país, a UBC revela ainda que, em 2019, a disparidade dos valores totais distribuídos também foi grande, sendo 9% para as mulheres e 91% para os homens.

Por outro lado, em relação a 2018, no último ano a participação feminina na quantidade de obras e fonogramas cadastrados cresceu notadamente em 4 categorias. Sendo 11% a mais no número de autoras, 9% como intérpretes, 11% de músicos executantes e 15% de produtoras fonográficas.

Um dado demonstra a persistência de um estereótipo: o da figura feminina na posição de diva de autores homens. Enquanto 14% das receitas masculinas são oriundas de interpretação de canções, para as mulheres este trabalho gera 27% de suas arrecadações. Homens têm 76% de receitas provenientes de suas autorias, já o total arrecadado pelas mulheres tem 66% oriundos de composições.

A pesquisa ainda mostra que, apesar do boom das plataformas de streaming, os tradicionais meios do rádio e TV aberta seguem como as maiores fontes de distribuição de direitos autorais para as mulheres, representando 25% e 20%, respectivamente. Neste ponto, salta aos olhos outra disparidade: comparada aos homens, a TV aberta foi a rubrica com a menor participação feminina (7% para mulheres contra 93% para os homens). Apesar disso, a TV permaneceu como maior fonte de rendimentos dentre o total arrecadado pelas mulheres.

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