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Resíduos sólidos precisam de destinação adequada

Engenheiro sanitarista, Neyson Martins fala de conceitos e processos de gerenciamento de resíduos

João Thiago Dias

Você sabe o que são resíduos sólidos? Este se tornou um dos assuntos mais comentados nos últimos anos, principalmente na Região Metropolitana de Belém, na região de Altamira e cidades próximas. Belém, Ananindeua e Marituba discutem alternativas para o gerenciamento de resíduos sólidos de forma urgente, uma vez que o aterro sanitário instalado em Marituba só vai receber esses resíduos até 31 de maio de 2021, conforme acordo judicial. Para abrir um amplo debate com a sociedade acerca deste tema tão importante, o jornal O LIBERAL lança uma série de reportagens especiais que fazem parte do projeto cross media e cross content de comunicação socioambiental Liberal Mobiliza, do Grupo Liberal, que conta com patrocínio da Prefeitura de Belém e apoio das empresas Norte Energia e Guamá Tratamento de Resíduos. 

Nesta primeira reportagem, o engenheiro sanitarista Neyson Martins, da Universidade Federal do Pará (UFPA), esclarece alguns conceitos que, segundo ele, podem ajudar nos processos de gerenciamento. Além disso, ele destaca que conhecer os significados facilita a separação dos resíduos de forma correta, o que faz toda a diferença na preservação do meio ambiente, evitando que muitos materiais recicláveis acabem em aterros ou lixões. 

É recorrente ver o termo 'resíduos sólidos' ser associado ao conceito de 'lixo'. No entanto, não são sinônimos, como frisa Neyson. Enquanto o primeiro pode ou não representar fonte de renda, a partir técnicas como a reciclagem, por exemplo, o segundo é algo sem utilidade, supérfluo, perigoso e poluidor.

"A população costuma entender lixo como tudo aquilo que se acumula em frente de casa, na esquina ou que foi depositado de forma irregular. Mas esse conceito não está correto. Porque a população não costuma enxergar a utilização do que gerou para um próximo beneficiamento. Resíduos sólidos são de origens diversas e podem ser gerados, reutilizados e minimizados para uma próxima atividade humana. Lixo está entre os resíduos sólidos. É aquilo que não entra numa cadeia de reutilização, como previsto pela Associação Brasileira de Normas Técnicas, em termos de origem, definição e tratamento", explicou. 

Segundo a norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), NBR 10.004, de 2004, resíduos sólidos são aqueles que resultam de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cuja particularidades tornem inviável o lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções, técnica e economicamente, inviáveis em face a melhor tecnologia disponível.

Há legislações específicas para cada segmento/atividade, que implica em geração de resíduo. De modo macro, quanto à origem, o engenheiro sanitarista fez a seguinte divisão:

▪ Domiciliar (residências);
▪ Limpeza pública (varrição das vias públicas, limpeza de praias, limpeza de galerias, de córregos e de terrenos, restos de podas de árvores, corpos de animais etc; e os de limpeza de áreas de feiras-livres);
▪ Industrial (polos da indústria);
▪ Comercial (centro comercial, supermercados, bancos, sapatarias, bares, shoppings etc); serviços de saúde e hospitalares (hospitais, clínicas, laboratórios, farmácias, postos de saúde etc);
▪ Agrícola (atividades agrícolas e da pecuária); entulho (construção civil);
▪ Rejeitos de mineração (processos de mineração em geral).

"A partir de cada um desses, a gente pode fazer uma classificação. Em tese, pode ser quanto à composição química: resíduos orgânicos (restos de alimentos, de animais mortos, de podas de árvores e matos, entre outros) e inorgânicos (vidro, plástico, papel, metal, entulho, entre outros). E dentre de orgânicos e inorgânicos, a gente pode separar entre perigosos e não perigosos. Essa é a forma mais fácil de classificar e entender. Porque tem outras classificações, como a do Conselho Nacional do Meio Ambiente, por exemplo, mas que são mais técnicas", disse Neyson.

Classificação também é importante

A NBR 10004/04 também classifica os resíduos sólidos quanto aos seus riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde pública para que possam ser gerenciados adequadamente. São duas classificações:

▪ Classe I (perigosos), que são resíduos que, em função de suas propriedades físicas, químicas ou infectocontagiosas, apresentam periculosidade (risco à saúde pública ou ao meio ambiente), inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade;
▪ Classe II (não perigosos), que não apresentam risco à saúde pública ou ao meio ambiente como também não apresentam alguma característica descrita nos resíduos de Classe I (toxidade, reatividade etc).

Essa segunda classe tem duas divisões: inertes, que possuem baixa capacidade de reação (podem ser dispostos em aterros sanitários ou reciclados, pois não sofrem qualquer tipo de alteração em sua composição com o passar do tempo); e não inertes, que têm baixa periculosidade, mas ainda oferecem capacidade de reação química em certos meios.

"No caso da Região Metropolitana de Belém, ainda há resíduos gerados pela mobilidade naval incrível que temos. Dentro e fora dos portos, temos resíduos sólidos. Origem de uma lanchonete de uma embarcação, por exemplo. Pode ter garrafas PET, latinhas de alumínio, restos de alimento, frutas. É melhor que fique depositado nas embarcações, e as pessoas não façam dos rios uns lixões", acrescentou.   

"Conhecer a origem do resíduo sólido é muito importante para a destinação adequada, porque para cada tipo existe uma disposição recomendada. Todo dia são produzidos esse resíduos. Conhecer e esclarecer isso é um trabalho conjunto da sociedade. Apenas uma das soluções seria que começar a explicar isso desde a formação escolar primária, ensinando com exemplificações, identificando qual é nosso resíduo e como podemos separar por tipo", concluiu Neyson. 

Entenda a diferença entre os resíduos

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