Metade dos jovens paraenses não conclui o ensino médio
Taxa de conclusão melhorou em seis anos, mas ainda é uma das piores do país
Metade dos jovens de 19 anos do Estado do Pará não concluíram o Ensino Médio, segundo dados divulgados hoje (18) pelo movimento Todos Pela Educação. Em números, são 72.872 (49,5%) dos 147.217 jovens nesta faixa etária. A proporção é uma das mais altas do País, atrás somente das margens dos Estados da Bahia (56,7%), de Sergipe (53,8%) e do Rio Grande do Norte (49,9%).
Em todo o Brasil, são 3,2 milhões de jovens de 19 anos e apenas 2 milhões (63,5%) deles com o Ensino Médio concluído - cerca de 1,2 milhão (36,8%) sem a conclusão desta etapa de ensino. Para efeito de comparação, em São Paulo e no Distrito Federal, onde estão os menores registros de jovens até 19 anos sem a conclusão do ensino médio, os respectivos percentuais são de 21,7% e 23,5%.
A pesquisa mostra que em seis anos a taxa de conclusão do ensino médio nesta faixa-etária no Pará aumentou 15,4 pontos percentuais - eram 64,8% em 2012. No geral, todas as unidades federativas registraram avanço entre 2012 e 2018, no entanto as taxas de conclusão do Ensino Médio são baixas: somente oito têm taxas de conclusão superiores a 65% e nenhuma acima de 80%.
No que diz respeito à população de 16 anos, que atualmente é de 172.094 no Pará, uma parcela de 35,5% ainda não concluiu o Ensino Fundamental. São aproximadamente 61 mil adolescentes - uma redução de 18,1 pontos percentuais em relação ao quadro de 2012, quando a taxa de adolescentes sem a conclusão do ensino fundamental chegava a 53,6%.
Em todo o País, são 24,2% dos 3,2 milhões de adolescentes que não concluíram o Ensino Fundamental. Em números, são 790 mil adolescentes, sendo que 23% deles já estão fora das salas de aula, mesmo tendo, em grande maioria, frequentado a escola. A taxa de conclusão do Ensino Fundamental aos 16 anos avançou em 25 unidades federativas nos últimos seis anos. Em 2018, oito Unidades Federativas apresentaram taxas de conclusão superiores a 80%.
As perspectivas de conclusão dos estudos na idade certa se tornam ainda mais desafiadoras ao observarmos que dos 1,2 milhão de jovens que ainda não finalizaram a Educação Básica, 62% (720 mil) já nem frequentam mais a escola e, desses, mais da metade (55%) parou os estudos ainda no Ensino Fundamental.
Os dados são referentes ao monitoramento da Meta 4 do movimento Todos Pela Educação: Todo jovem de 19 anos com Ensino Médio concluído até 2022. Feito com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio de 2012 a 2018 (Pnad-C /IBGE), o levantamento traz indicadores de conclusão também do Ensino Fundamental e análises que retratam a desigualdade entre brancos e negros, moradores das áreas urbanas e rurais, e entre unidades da Federação.
Os números refletem ainda um patamar baixo de qualidade da Educação Básica brasileira, aponta Priscila Cruz, presidente-executiva do Todos Pela Educação. Ela analisa que, mesmo havendo capacidade de atendimento escolar, o que é indicado pelo número maior de concluintes em anos anteriores, o país não tem conseguido conter as taxas de evasão e insucesso escolar com o vigor necessário.
"Embora o País tenha o mérito de ter avançado na oferta do acesso à escola, temos falhado em garantir qualidade do ensino para todos e com isso vamos perdendo nossas crianças e jovens pelo caminho, configurando um grave cenário de exclusão escolar. Os indicadores demonstram que os desafios para nossos jovens concluírem a Educação Básica na idade certa são complexos e exigem atuação sistêmica, ou seja, com políticas públicas em várias frentes ao mesmo tempo e de forma integrada. Temos diagnósticos, temos evidências sobre quais os melhores caminhos, temos redes que estão avançando. Está na hora de priorizar as medidas que realmente podem fazer o país avançar na qualidade da Educação Básica Pública", afirma Priscila.
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