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Maternidade de Marabá já registra morte de 13 bebês só em 2025

O caso recente ocorreu na madrugada desta quarta-feira (5). Pacientes já estão alarmadas com a possibilidade de perder seus filhos na unidade.

Tay Marquioro

Em menos de 40 dias de 2025, o Hospital Materno Infantil (HMI) de Marabá atingiu a preocupante da morrte de treze bebês fetais registrados na unidade. O mais recente deles ocorreu na madrugada desta quarta-feira (05/02), quando a paciente identificada como Dayane Santos de Sousa deu entrada no hospital com um quadro de dores intensas e sangramento.

De acordo com a Secretaria de Saúde Marabá, logo nos primeiros atendimentos, a equipe médica observou que o bebê não apresentava batimentos cardíacos e a mãe foi então encaminhada para uma cesárea de urgência. O recém-nascido passou por reanimação cardiorrespiratória, mas não apresentou evolução. A mãe continua internada na maternidade, onde se recupera bem.

Casos como o de Dayane vem se tornando cada vez mais comuns neste começo de ano e assustam quem ainda está se preparando para ganhar um bebê. Na noite da última terça-feira (04/02), amigos e familiares da jovem Anne Roberta Marinho iniciaram uma pequena mobilização na porta do HMI. O objetivo era pressionar o hospital para que a jovem fosse adequadamente examinada e talvez até internada, após apresentar um quadro de dor e sangramento em casa.

“Eu tenho muito medo. Só de saber que vou precisar ir para aquele hospital de novo, eu já fico nervosa, passo mal, porque só quem precisa de lá, sabe o que vem acontecendo no materno”, conta Anne. “O descaso é grande, o deboche dos médicos com a gente é terrível. Claro que não são todos os profissionais de lá, mas o atendimento é péssimo”, avaliou a moça que, mesmo relatando não sentir mais os movimentos da filha há quatro dias, foi orientada pelo médico a voltar para casa.

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As denúncias que envolvem o atendimento do HMI não são recentes. É o que afirma o promotor José Alberto Grisi, da 6º Promotoria de Justiça de Marabá. “Há um sem número de causas para que o HMI esteja nessa situação, mas a principal delas é a superlotação provocada pela quantidade de pacientes que vêm de outros municípios sem regulação”, afirma o promotor. Grisi revela ainda que o Ministério Público tem dialogado com o município e o Conselho de Saúde, na tentativa de alinhar as melhores medidas a serem tomadas para diminuir o problema. “Fizemos uma reunião com a Procuradoria Geral do Município, ainda sugerimos que fossem realizadas tratativas com as procuradorias dos municípios do entorno, para traçar algum termo - ou convênio ou termo de cooperação - para organizar a regulação e trânsito de pacientes para que esse custo não seja absorvido pelo contribuinte de Marabá”.

image Secretário de Saúde anunciou medidas que devem ser adotadas a curto prazo (Ascom/Marabá)Werbert Carvalho, secretário municipal de Saúde, destaca que o serviço oferecido à população, tanto no Hospital Materno Infantil quanto no Municipal, é reflexo de problemas estruturais que se agravaram ao longo dos anos, tendo em vista que são hospitais de portas abertas que atendem demandas mais de 20 municípios da região. No entanto, o gestor anunciou providências que, segundo ele, já começaram a ser tomadas para minimizar os problemas.

“As medidas de curto prazo são a contratação de profissionais, que a gente vai fazer através do processo seletivo simplificado; a adoção de protocolos clínicos, que já estão sendo concluídos pelas equipes técnicas dos dois hospitais; a contratação de profissionais para os exames de imagem dentro dos hospitais. Uma série de medidas. Além disso, a adequação física dos espaços”, afirma. O secretário antecipou também a intenção que o município trabalha na implantação de um ambulatório para gestantes de alto risco no Centro de Referência Integrado à Saúde da Mulher.

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