Marabá: experiência com hidroponia na areia pode virar referência para a região

Técnica é alternativa mais atraente por vantagens como redução de custos, economia de água e colheita em 30 dias

Tay Marquioro
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O cultivo de hortaliças, tão comum em território brasileiro e amazônico, tem tudo para ganhar ainda mais popularidade a partir das novas técnicas implementadas pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater) em Marabá, sudeste do Estado. Produtores locais estão inovando na cultura de alface, por exemplo, com a técnica de plantio na água com o suporte de blocos de areia.

A chamada hidroponia na areia já é uma realidade na propriedade do produtor Gabriel Coutinho, de 51 anos, que fica no bairro Belo Horizonte. A Horta Tocantins, como o local é conhecido, é o primeiro local de implementação da técnica no município e deve se tornar um projeto piloto para outros agricultores familiares. O produtor iniciou o processo por conta própria há um ano e a partir de alguns meses passou a ser orientado pela equipe da Emater, para aperfeiçoar e expandir o sistema.

A propriedade tem um espaço total de 10 mil m² e, atualmente, conta com dezoito canteiros de plantio hidropônico em areia, cada um de 47m de comprimento e dois metros de largura, e três canteiros de viveiros, cada um com 45m de comprimento e um metro e meio de largura. “Estamos falando de uma área já instalada, de mais ou menos 1.692 m² de plantação limpa, ergonômica, mais barata e previsível, com mão-de-obra menor e economia de água. São em média 30 dias para colher. Por exemplo, se fossem todos os canteiros de alface com comercialização fechada, estimamos um faturamento de mais de R$ 80 mil,” calcula Gabriel.

O plantio agroecológico de alface, cebolinha, cheiro-verde e couve era feito no solo e aos poucos foi sendo convertido para hidroponia em areia. A expectativa é de que só de alface possam ser colhidos aproximadamente 20 pés por metro quadrado ao mês. Os canteiros devem começar a ser inaugurados esta semana, para abastecimento próprio de mudas, e no futuro para venda para pequenos produtores dos entornos.

Se comparada ao plantio direto no solo, a hidroponia em areia é uma alternativa mais atraente por vantagens como redução de custos, economia do consumo de água e por permitir um maior controle de microrganismos, o que facilita o combate a pragas e doenças. Outra vantagem é o conforto proporcionado pela estrutura suspensa, em média na altura do peitoral humano, o que oferece uma ergonomia que dispensa a necessidade de o produtor trabalhar agachado para manuseio da terra.

De acordo com o profissional responsável pelo projeto no escritório regional da Emater, o técnico em agropecuária e engenheiro agrônomo Antônio Edielson de Mello, existem também vantagens sobre a hidroponia comum, pela qual a água enriquecida de nutrientes transita dentro de canos de PVC. A opção pela hidroponia na areia reduz em até dez vezes a necessidade de acionamento da bomba diariamente, o que representa mais economia também no consumo de energia elétrica. “A própria implantação faz sentido mais ecológico, porque reciclamos materiais de atividades rurais típicas, como telhas e resíduos de madeira, e investimos em uma ferramenta natural, areia, em vez de encanamento industrial”, analisa agrônomo.

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