Caixa de Pandora
Nesta terça-feira, 12, os órgãos da segurança pública deflagraram a operação “Apate II”, que resultou em prisões e mandados de busca e apreensão nos Estados do Pará, Maranhão, Rio Grande do Sul e São Paulo. Essa foi a segunda fase de uma operação iniciada ainda em 2020.
Na mitologia grega, Apate era um dos espíritos que saíram da “Caixa de Pandora”, um objeto onde os deuses colocaram todas as desgraças do mundo. Apate personificava o engano e a fraude.
As investigações apontaram para um complexo sistema de fraudes, sonegação fiscal, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro com o uso de empresas de fachada, cujos recursos têm origem no tráfico de drogas. Uma prova disso foi a apreensão de um volume extraordinário de dinheiro em moedas como o real e o euro, além de computadores, celulares e carros de luxo. Segundo as investigações, o grupo teria movimentado cerca de R$ 150 milhões em pouco mais de um ano.
Para lavar o dinheiro, os criminosos utilizam sites de exploração de apostas espor- tivas, muitas vezes fraudadas. Segundo a Polícia Civil, as investigações continuam e podem apontar mais envolvidos no Pará e em outros Estados.
No Brasil, o número de sites de apostas cresceu de forma desenfreada e sem fiscalização. O país vive um surto de
pessoas – a maioria é de jovens e até menores de idade - que perdem tudo para o vício das apostas on-line. As investigações apontam até a existência de “bookmakers”, aqueles que fazem as apostas para quem não tem cadastro ou já está en- dividado. Há também os agiotas nesse mercado criminoso.
Através das ações policiais se descortinam as sombras de um negócio que arrasa os patrimônios de famílias pelo Brasil afora. Sem fiscalização rigorosa do poder público, o negócio atraiu facções crimi- nosas e milícias, que agem à margem da lei.
A sonegação e a fraude são apenas duas das desgraças do esquema, que envolve também o vício, a extorsão e até flagrantes de tortura contra aqueles que deixam de pagar as dívidas de jogo. O desafio hoje é destruir todas as desgraças guardadas nessa “Caixa de Pandora”.
Ontem, durante a cobertura jornalística sobre a “Apate II”, em Belém, a equipe de reportagem de O LIBERAL foi intimidada e coagida por terceiros a interromper o trabalho. Mas a equipe não recuou do compromisso profissional. E o nosso leitor pode conferir a reportagem completa neste link e na versão impressa. E nós, de O LIBERAL, continuaremos acompanhando a operação policial em respeito aos nossos leitores.
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