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Dias estranhos

Joaquim Passarinho

Vivemos dias estranhos no Brasil. Parece que a sociedade está "anestesiada", atordoada, não entendendo bem os rumos que estamos tomando. Não sei se há uma amnésia generalizada ou se a população está passando por um processo estranho de transformação total, onde valores estão sendo invertidos ou mudados, onde uma maioria atônita assiste, complacente, a minorias ávidas por "direitos" imporem suas vontades, inverterem conceitos e avançarem sobre a família, a religião e, principalmente, redefinindo sobre uma pseudoisonomia, condutas e costumes, tradições e organizações. Afinal, vivemos em sociedade, o que nos impõe direitos e principalmente deveres. É preciso entender que meu direito vai até onde o do outro começa e perceber que o plural é mais rico que o singular, e que a organização do sistema é fundamental.

Aparentemente, estamos atônitos vendo o certo virar errado, o mal se tornar o bem, o honesto agora é otário, o desonesto visto como esperto, homens e mulheres de bem chamados de fundamentalistas; quem deseja a ordem de terrorista, o ladrão é protegido e passa a ter direitos reconhecidos, e o cidadão fica atrás das grades, com medo de fazer o correto, pois a Justiça não mais o reconhece como tal.

Aonde isso nos levará? Será apenas uma fase passageira? Uma onda momentânea? Será que logo despertaremos para a realidade e entenderemos que estamos caminhando para o caos? Não sei mais o que pensar. Quando os filhos voltarão a respeitar os pais? Quando os professores serão novamente nossos modelos? Quando as forças de segurança serão respeitadas pelas pessoas? Quando voltaremos a acreditar na justiça? Quando nossas crianças serão apenas crianças, meninos e meninas com a obrigação básica de aprender e brincar? E a Família, base sólida da organização civilizada da vida, reinará no mundo? Essas são perguntas e dúvidas que passam pela minha mente e me angustiam ao ver o rumo que estamos traçando para as futuras gerações. Será que tudo isso é fruto apenas da minha imaginação? Será que estou preocupado sem motivo? Não sei! Penso que não! Acredito que muitos cidadãos de bem compartilham das mesmas preocupações, mas não encontram um caminho seguro e confiável para se unirem e se oporem a essa "falsa" nova "ordem social mundial".

Será que poderemos encontrar culpados por este período que estamos vivendo? Ou não há culpados? Os exemplos da vida atual e até mesmo do passado nos levam a crer que a inércia, a descrença nas instituições e a falta de fé nos trouxeram a essa situação anacrônica. Pequenos grupos, de forma organizada e orquestrada, não conseguindo impor suas ideias ou ideais, passaram a se infiltrar nos pilares da organização civilizada, ou seja, na igreja ou na fé, na academia ou na formação dos jovens, nos intelectuais ou formadores de opinião, e na imprensa ou divulgadores de fatos ou versões. Com isso, parecem ter conseguido abalar a "espinha dorsal" da estrutura familiar, trazendo dúvidas, contestações e novos conceitos de liberdade, influenciando principalmente os jovens que, cheios de esperança, desejavam mudar um mundo cheio de injustiças e corrupção. Como se a única opção fosse mudar o estilo de vida, quebrar as estruturas de controle e organização, em vez de fazer algo mais simples, como trocar as pessoas, os corruptos, os desonestos e os oportunistas que, por omissão da maioria, tomaram de assalto a nossa sociedade, que perdeu sua última esperança: a justiça!

No entanto, acredito firmemente que nada está perdido. Esse período de mudanças drásticas terá um fim, a barbárie não durará por muito tempo. Por quê? Em minha opinião, os pensadores do passado não contavam com a inovação e o surgimento da comunicação virtual, onde as pessoas perderam o medo de se expressar, de expor suas ideias e insatisfações. A internet transformou o mundo e derrubou todas as teses do passado. Hoje, pensamentos distorcidos chegam com atraso e já não exercem a mesma influência de antes. As pessoas não se baseiam mais em matérias e opiniões preestabelecidas ou preparadas. Agora, elas têm suas próprias opiniões e constroem sua realidade de forma individual e/ou coletiva, escapando do controle da mídia tradicional, dos intelectuais ou influenciadores. A informação flui na velocidade da luz. Existe uma nova realidade global que ainda não sabemos onde nos levará, mas uma coisa é certa: as pessoas estão começando a ser independentes, perderam o medo, expressam-se e impõem suas vontades e verdades.

Tenho esperança em um mundo melhor. Que nossos jovens resgatem os valores da palavra, da honestidade, da fraternidade, da caridade e, principalmente, do amor ao próximo. Assim, eles poderão retornar ao princípio quando Jesus disse: "Amai-vos uns aos outros como a si mesmos e amai o seu Deus!".

Que assim seja. Amém. 


Liberal Opinião