'Fevereiro Laranja' reforça diagnóstico precoce das leucemias

No Pará, o gargalo ainda é a falta de um centro para transplante de medula óssea

João Thiago Dias
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Neste mês, diante da campanha nacional Fevereiro Laranja, que estimula o diagnóstico precoce das leucemias, um gargalo ainda se destaca no Pará: a falta de um centro para transplante de medula óssea. Quando os pacientes precisam desse tratamento, ficam aguardando o encaminhamento para uma vaga em algum centro de outro estado. Quem explica é a onco-hematologista Lucyana Leão, do Hospital Ophir Loyola, de Belém.

"É uma luta diária para conseguir mandar um paciente para fora do estado, principalmente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). No Ophir Loyola, temos um grupo muito empenhado em conseguir esses encaminhamentos, mas ainda é muito aquém da nossa necessidade, porque dependemos de vagas nos outros centros", explicou. "Por convênios no privado, a gente consegue encaminhar até com uma certa tranquilidade. Pelo SUS, é algo que ainda precisamos caminhar para ter nosso centro".

Lucyana Leão também mencionou a carência de especialistas que possam fazer o diagnóstico nos interiores. "Moramos num estado muito grande. Em Belém, temos um corpo clínico bom de hematologistas. Mas temos uma carência tremenda nos interiores. O Fevereiro Laranja é bom até para os médicos clínicos, para chamar atenção para a doença. Temos contato com o interior e sabemos que, infelizmente, muitos pacientes morrem por falta de diagnóstico".

A Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) explicou que o centro de referência para tratamento de leucemias em crianças e jovens de 0 a 19 anos é o Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo, no bairro de São Brás, em Belém. Para o tratamento de adultos, é o Hospital Ophir Loyola. Em Santarém, oeste paraense, também há suporte para atendimento destes casos no Hospital Regional do Baixo Amazonas.

Segundo a Sespa, há perspectiva para a implantação de um centro para transplante no estado. "Pacientes que precisam de transplante de medula óssea são transferidos via TFD [Tratamento Fora de Domicílio] para São Paulo, Recife e Curitiba. Informamos, ainda, que o tratamento para leucemias com quimioterapias no Pará não possui fila de espera e que há a perspectiva de implantação no Ophir Loyola do Centro de Transplante de Medula Óssea".

A partir de dados do Painel Oncologia Brasil, a Sespa informou que o Pará registrou, em 2020, 156 casos de leucemia, sendo 88 em homens e 68 em mulheres. Em 2019, foram registrados 246 casos da doença no estado, sendo 144 em homens e 102 em mulheres. "Informamos que a ação prevista para a campanha Fevereiro Laranja acontecerá no Terpaz e dará orientações sobre sinais e sintomas para detecção precoce de leucemias durante a infância", concluiu.

Tipos e sintomas

De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), a leucemia é uma doença maligna dos glóbulos brancos, geralmente, de origem desconhecida. Tem como principal característica o acúmulo de células doentes na medula óssea, que substituem as células sanguíneas normais. As leucemias podem ser agrupadas com base na velocidade em que a doença evolui e torna-se grave. Sob esse aspecto, a doença pode ser do tipo crônica (que geralmente agrava-se lentamente) ou aguda (que costuma piorar de maneira rápida)

Na maior parte das vezes, os pacientes que desenvolvem a doença não apresentam nenhum fator de risco conhecido que possa ser modificado. Por isso, ainda segundo o Inca, a maioria dos casos não podem ser evitados.

O instituto também informa que os principais sintomas decorrem do acúmulo de células defeituosas na medula óssea, prejudicando ou impedindo a produção das células sanguíneas normais. A diminuição dos glóbulos vermelhos ocasiona anemia, cujos sintomas incluem: fadiga, falta de ar, palpitação, dor de cabeça, entre outros. A redução dos glóbulos brancos provoca baixa da imunidade, deixando o organismo mais sujeito a infecções, muitas vezes graves ou recorrentes. A diminuição das plaquetas ocasiona sangramentos, sendo os mais comuns das gengivas e pelo nariz e manchas roxas (equimoses) e/ou pontos roxos (petéquias) na pele.

O paciente pode apresentar gânglios linfáticos inchados, mas sem dor, principalmente na região do pescoço e das axilas; febre ou suores noturnos; perda de peso sem motivo aparente; desconforto abdominal (provocado pelo inchaço do baço ou fígado); dores nos ossos e nas articulações. Caso a doença afete o Sistema Nervoso Central (SNC), podem surgir dores de cabeça, náuseas, vômitos, visão dupla e desorientação.

Diante da suspeita de um quadro de leucemia, o paciente deverá realizar exames de sangue e deverá ser referenciado para um hematologista, para avaliação médica específica. O principal exame de sangue para confirmação da suspeita é o hemograma.

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