Exportação e sazonalidade ditam preço do açaí, que teve alta de 20% no primeiro bimestre
Segundo especialista, produto foi o item da alimentação básica do Pará que mais subiu de preço nos últimos 25 anos
O litro do açaí consumido pelo paraense continua caro, de acordo com levantamento divulgado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos do Pará (Dieese-PA). Somente nos dois primeiros meses deste ano, o reajuste acumulado alcançou cerca de 20%, contra uma inflação de 1,09%.
Segundo o estudo do Dieese-PA, nos últimos 12 meses, o preço do litro do açaí teve alta acumulada de 23%, contra uma inflação de 6,22%, com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor, calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística para o mesmo período. Em fevereiro de 2020 o litro do açaí médio custava, na grande Belém, cerca de R$ 18,22, fechando o ano sendo comercializado em média a R$ 17,96. Já em janeiro deste ano o produto foi vendido por em média R$ 17,01 e fechou o mês de fevereiro custando cerca de R$ 22,45.
A mesma alta de preço foi registrada no litro do açaí do tipo grosso, que em fevereiro do ano passado foi vendido em média a R$ 26,67 e no mesmo mês deste ano estava sendo comercializado em média a R$ 32,46, uma alta acumulada de quase 22% nos últimos 12 meses.
Supervisor Técnico do Dieese-PA, Roberto Sena aponta como a principal causa da carestia é a exportação do produto. Ele ressalta que cerca de 90% do açaí consumido no Brasil é produzido no Pará.
“Quem dita o preço do açaí é quem compra para exportação. Com o record de produção que temos na região devíamos ter preços módicos, mas a realidade é diferente. O paraense não deixou de tomar o açaí por vontade própria, mas por conta do preço”, afirma.
Sena ainda destaca que o açaí foi o item de alimentação básica do Pará que mais subiu nos últimos 25 anos. “Não somos contra a exportação, porém, se não tivermos cuidado com isso vamos penalizar o povo daqui por não termos uma política ampla que preserve os produtos que temos.”
Outro aspecto que interfere diretamente no preço do açaí é a sazonalidade do fruto, que geralmente começa em novembro e segue até meados de março. Contudo, este ano o açaí fechou o mês passado ainda com o preço elevado, indicando que até a segunda quinzena de abril o litro do produto deve continuar caro.
“Nesse período de entre safra a produção diminuiu e o preço aumenta. Se somarmos a farinha de tapioca, a farinha de mandioca e o açúcar, o alimento fica indigesto para o bolso do consumidor”, acrescenta.
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