Carro irregular da UFRA é apreendido pela PRF; alunos de pesquisa são deixados em posto de gasolina
O caso ocorreu em Santa Izabel, no último sábado (29), quando alunos do polo de Belém estavam em Santa Izabel do Pará realizando atividades acadêmicas; A Universidade informa que está vigilante e tomando todas as providências para que esse tipo de situação não volte a ocorrer
O Eu Repórter recebeu denúncias de estudantes e orientandos da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), do polo Belém, que relatam terem sido deixados em um posto de gasolina de Santa Izabel do Pará, após uma abordagem da Polícia Rodoviária Federal (PRF), que apreendeu o veículo que transportava os alunos. O veículo, supostamente, estaria com o licenciamento vencido.
Segundo as denúncias, o caso ocorreu na tarde do último sábado (29), quando os estudantes do Grupo de Forragicultura (Gerfam) estavam em viagem ao município para a realização de pesquisas acadêmicas, em uma van disponibilizada pela universidade. Num trecho da estrada, o veículo foi parado pela PRF, onde os policiais informaram que o carro seria levado por estar em situação irregular.
Após a publicação da matéria, o professor adjunto e coordenador do núcleo do Gerfam, Thiago Carvalho da Silva, entrou em contato com a equipe de reportagem para afirmar que a informação repassada pela denunciante é falsa, visto que os alunos do Gerfam não estavam em viagem no dia da apreensão. Alunos da Gerfam também entraram em contato com a reportagem e ressaltaram que o Grupo de Forragicultura não está envolvido com a situação denunciada.
"Temos um cronograma de viagens periódicas e todas são organizadas junto ao setor de transporte. Não tivemos presentes nessa viagem da apreensão", destacou o professor.
Um dos estudantes, que prefere não se identificar, conta que todos ficaram assustados, pois muitos não conheciam o ponto em que estavam e nem tinham condições de arcarem com os custos do retorno a Belém. "Então fizemos uma coleta para que todos pudessem retornar. Pegamos o primeiro ônibus que passou e voltamos para casa", diz.
Em um outro relato anônimo, uma aluna do campus relata que esse tipo de situação envolvendo os veículos ocorrem com frequência. Ela lembra de uma viagem que fez para o município de Paragominas, também para realizar pesquisas de extensão. O ônibus não tinha cintos de segurança e estava com as janelas quebradas. "No meio do caminho, choveu bastante e molhou toda a parte interna, inclusive os alunos. Já estávamos cansados do trabalho e ainda tivemos que passar por essa situação humilhante", conta.
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A estudante diz que após a situação envolvendo a PRF, as viagens de pesquisas foram canceladas, o que os estudantes acreditam ser por medo da repercussão. "Não sei o que é pior: cancelar as viagens e atrasar o semestre ou viajar em veículos que colocam a nossa vida em risco", questiona.
Os denunciantes também alegam que motoristas se recusaram a fazer o transporte dos alunos para todos os lugares previstos nos roteiros, afirmando a falta de pagamento das diárias. Em alguns casos, os próprios estudantes e professores tiveram que fazer esse repasse de valores, após arrecadação interna.
"Se a universidade desse condições minimamente dignas para essas viagens, não precisaríamos usar carros particulares para isso. Imagine só uma pessoa passar o dia realizando uma pesquisa e ainda ter que dirigir de volta por não ter motorista? As chances de acontecer um acidente são grandes, tanto que ocorreu. Infelizmente", desabafa, lembrando dp acidente fatal envolvendo três alunos de veterinária e um professor da instituição.
Por nota, a Ufra informou que "...assim que tomou conhecimento do fato, tomou providências para que as alunas e a professora tivessem todo apoio necessário para o retorno a Belém o mais breve possível. O órgão acrescentou que o gestor da Divisão de Transporte encaminhou imediatamente um carro da universidade para buscá-las e trazê-las até ao centro acadêmico".
"A Ufra informa, também, que a documentação do veículo parado pela Polícia Rodoviária Federal já está sendo regularizada, aguardando apenas a emissão do certificado", comunicou a universidade. Quanto à denúncia de pagamento de diária por parte dos alunos aos motoristas, a instituição informou que os motoristas recebem diárias para a realização de viagens. A universidade também explicou que, nos demais casos, quando há necessidade de viagens com motoristas terceirizados, as diárias são pagas através de recursos dos próprios projetos.
"As viagens até o município de Castanhal, com retorno no mesmo dia, não necessitam do pagamento de diárias.Todas as viagens para aulas práticas, pesquisas e demais atividades são realizadas de acordo com cronograma de disponibilidade de veículos e motoristas, seguindo todos os trâmites necessários", finalizou.
O projeto Eu Repórter é uma iniciativa do Grupo Liberal, que busca reforçar a proximidade com os leitores e internautas, incentivando ainda mais o jornalismo colaborativo. Para participar das reportagens e conteúdos, compartilhando histórias, denúncias e sugestões de matérias com a redação de O Liberal, basta acessar o site eureporter.grupoliberal.com ou enviar suas informações para o Whatsapp (91) 98565-7449, onde será iniciada uma conversa diretamente com repórteres da redação. A denúncia pode ser feita de forma anônima.
(Carolina Mota, estagiária sob supervisão do Victor Furtado, coordenador do Núcleo de Atualidades)
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