Profissionais de Enfermagem se destacam na linha de frente do covid-19
Imprescindíveis na luta contra a pandemia, enfermeiros atuam do acolhimento aos pacientes até a alta hospitalar
Eles são responsáveis por receber o paciente, fazer a triagem, verificar sinais vitais e avaliar o grau de urgência de cada pessoa que chega com sintomas da Covid-19. Como verdadeiros guerreiros, enfermeiros enfrentam plantões e mais plantões, seja em um posto de atendimento ou sob a enorme pressão dentro de uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), ao acompanhar a evolução dos pacientes, preencher prontuários, fiscalizar medicações e realizar procedimentos com uso de sondas ou eletrocardiogramas, por exemplo. Tudo isso em busca de um bem maior: a vida.
E eles têm representado com maestria a importância da profissão, essencial nos atendimento de saúde, em especial nesta pandemia. Na linha de frente contra o vírus, os desafios são diários e cada alta é uma grande vitória. A enfermeira Luana Tiele Miranda da Cunha, 35, é um exemplo desta força e superação. Com atuação no Instituto de Assistência à Saúde dos Servidores Públicos do Município de Belém (IASB), ela chegou a fazer plantões de até 36 horas para, entre outras situações, cobrir colegas que também foram acometidos pela doença e/ou superlotação no atendimento.
"Iniciamos fazendo o primeiro atendimento e encaminhando os pacientes para hospitais credenciados, porém, com a realidade extremamente difícil vivenciada em todas as unidades de saúde com esse vírus, com superlotação e falta de leitos, chegamos a fazer adequações e ampliações no pronto-atendimento para transformá-lo em enfermaria e, assim, poder dar assistência e tratar parte dos pacientes", conta a profissional.
Formada há dois anos, Luana sempre foi apaixonada pela profissão. Ela iniciou na área como técnica de enfermagem, onde acumulou oito anos de experiência, até buscar sua graduação como enfermeira. "Decidi ir em busca da minha evolução, ter mais conhecimento científico e, assim, maior desempenho, além de melhores propostas salariais e um maior leque de atuação. Para isso, precisei conciliar a carreira de técnica de enfermagem com a faculdade, na qual eu pagava com o meu salário à época", relembra.
Hoje, em meio a tantas experiências na árdua batalha contra o Covid, ela destaca a importância em poder ajudar as pessoas. "O tratamento não é só a medicação, é o carinho, a atenção. Às vezes uma palavra, uma conversa, mesmo que na hora da evolução daquele paciente, um sorriso, uma palavra positiva, ajuda muito no tratamento. É humanização, troca de afeto, isso que faz toda a diferença. Faço por cada paciente tudo que tenho certeza que também fizeram para a minha mãe", afirma Luana, que perdeu a mãe para a doença.
Sem desanimar, mesmo com o cansaço físico e mental, ela garante que o reconhecimento, um olhar de gratidão de um paciente ou seu acompanhante, reafirmam sua convicção em ter escolhido a profissão e poder ajudar tantas pessoas. "Nesse momento, nossa maior felicidade é poder dar alta para um paciente. É gratificante, me faz ver sentido no que faço. Estar na linha de frente nessa pandemia, sem dúvida, tem sido uma experiência muito importante", pontua a enfermeira.
Profissionais levam esperança com a vacina
Em uma outra vertente de atuação, também com grande importância na luta contra a Covid-19, os enfermeiros são os responsáveis pela aplicação da vacina para imunização da doença. O acadêmico Walter Lopes Neto, de 23 anos, que cursa o 7º período no Centro Universitário Fibra, está tendo a oportunidade de participar dessa experiência no posto de vacinação para Covid-19 da Fibra, montado em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde (Sesma), sob a coordenação da universidade.
"Recebi o convite para participar dessa ação desde o início da campanha e fiquei muito feliz. Estou indo todos os dias, organizando junto com a coordenadora Cinthia Brígida e com a enfermeira Andrea Passinho, acompanhando, e isso tá sendo muito gratificante, porque a gente acaba passando por uma união do curso todo em prol dessa causa, de forma voluntária, para levar um pouco mais de esperança para as pessoas que vem em busca da vacina", explica Walter.
Segundo o acadêmico, a atuação dos alunos se dá com auxílio no acolhimento, registro do paciente, apoio aos enfermeiros no carro durante o sistema drive-thru, além de poderem observar a aplicação da vacina, que é realizada pelos enfermeiros. "Está sendo muito gratificante e único poder participar desse momento", afirma.
Walter decidiu fazer enfermagem pois, desde pequeno, mora com os avós e, naturalmente, sempre cuidou deles, o que o motivou a buscar uma profissão que trouxesse na essência o cuidado e humanismo com o próximo. "Quero poder ajudar outras pessoas da mesma forma que cuido deles. Desde o ensino médio já tinha ciência de que faria o curso", diz ele, que tem contato com aulas práticas na universidade desde os primeiros semestres e, a partir do quarto semestre, nas unidades básicas de saúde. "Isso é um grande diferencial para nossa formação e nos faz, desde cedo, conhecer com mais intensidade a rotina, desafios e tudo que envolve essa profissão maravilhosa", pontua.
Como se tornar um enfermeiro?
Para se tornar um profissional de enfermagem, é necessário fazer a graduação, ou seja, o curso de nível superior, que tem duração de cinco anos. A profissão costuma ter uma grande demanda nas universidades, com um crescimento significativo nos últimos anos, conforme explica a enfermeira e professora Cinthia Brígida, coordenadora do curso de Enfermagem do Centro Universitário Fibra.
De acordo com ela, a profissão permite diferentes possibilidades de atuação, como docência, gestão pública de unidades de saúde, a assistência, que é a rotina dentro de hospitais, por exemplo, além da pesquisa. "É possível ainda outras vertentes, como explorar a acupuntura, desde que o profissional tenha capacitação, e até mesmo na área estética", afirma Cinthia.
Outra vertente, segundo ela, é o trabalho voltado para unidade de terapia intensiva, que têm uma demanda muito grande por profissionais especializados na área. "Temos uma busca incessante, principalmente nessa situação atual, por enfermeiros intensivistas, que são aqueles profissionais habilitados, por meio de pós-graduação, a lidar com pacientes das unidades de terapia intensiva", destaca a coordenadora, que garante que o salário de um enfermeiro pode ultrapassar seis salários mínimos.
Para ela, a profissão é especial por representar o cuidado com o próximo. "A enfermagem é cuidar, cuidar e cuidar. É ter empatia, é o que estamos fazendo agora com toda essa situação mundial, nos colocando a serviço da sociedade. É entrega. Se não fosse o trabalho de tantos profissionais, voluntários, alunos, não teríamos conseguido vacinar tantas pessoas contra a Covid como temos feito diariamente", diz Cinthia.
Palavras-chave
COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA