A Amazônia tem sede: solidariedade e tecnologia aliviam estiagem

Projeto Saúde e Alegria combate efeitos da seca histórica no oeste do Pará levando filtros de água potável a ribeirinhos

Dayane Baía | Especial para O Liberal
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A seca no rio Tapajós, no oeste paraense, chegou a índices alarmantes, afetando a mobilidade, a pesca e a alimentação. Nas zonas mais críticas, onde havia correntezas, só restou a terra rachada.

Entre as dificuldades das populações, está o acesso à água segura para consumo. Com o nível baixo de rios, lagos e igarapés, o lodo transfere cor, sabor e cheiro oferecendo riscos à saúde. O Projeto Saúde e Alegria, que atua na região há 37 anos, tem ajudado a saciar a sede de diversas comunidades, por meio de filtros de nanotecnologia, que possuem uma membrana capaz de filtrar 99,99% das impurezas.

Coordenador do projeto, Caetano Scannavino explica que as estruturas são importadas da China e podem ser aplicadas de diversas formas como baldes, mochilas-tanques, garrafas pet e filtros coletivos.

“É uma solução de baixo custo, que traz resultados imediatos. Com a redução das doenças de veiculação hídrica e diarreias (maior causa da mortalidade infantil), eles se pagam ao diminuir gastos de saúde com doenças evitáveis. São úteis tanto nas secas, podendo tratar as águas barrentas concentradas em pequenos filetes, e também no início das chuvas, quando o rio sobe e traz os dejetos que estavam em terra, essa é a época dos surtos de diarreias” - Caetano Scannavino, coordenador do Projeto Saúde e Alegria

Os filtros de nanotecnologia podem ser utilizados por até 5 anos. Com vazão de 1 litro por minuto, são de fácil manutenção, por meio da retro-lavagem com uso de seringa de farmácia.

image Comunidades recebem filtros de nanotecnologia (Projeto Saúde e Alegria/ Cristian Arapium)

O Projeto Saúde e Alegria trabalha com os filtros há cerca de dois anos e já beneficiou mais de 16 mil pessoas. “Secas e cheias fazem parte do ciclo anual amazônico. O problema é que fenômenos extremos estão cada vez mais frequentes, sejam excesso ou falta de água muito além do padrão. O que acontecia de 50 em 50 anos agora parece ser o novo normal”, alerta o coordenador.

As previsões indicam que o mês de novembro deve ser o mais seco. “Não é fácil explicar para sociedade brasileira que o ribeirinho passa por estresse hídrico na maior bacia de água doce do mundo. Mas é a realidade, a Amazônia tem sede. O país parou com as enchentes no Sul, seria importante a mesma atenção e mobilização pelo Norte”, analisa Caetano.

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