Vice presidente de operações, Ieda Almeida é a primeira mulher com cargo na presidência do Papão
A presença das mulheres no futebol aumenta a cada ano. Em um meio ainda bastante masculino, elas começam a se destacar dentro dos clubes, seja assistindo aos jogos nos estádios ou participando de alguma maneira da administração. É bem comum ver a mulher trabalhar nos times como nutricionista ou psicóloga.
Mas agora elas também estão presentes na diretoria dos clubes. É o caso da professora de história e advogada, Ieda Almeida, 51 anos, vice-presidente de operações do Paysandu. Ieda é a primeira mulher a assumir um cargo dentro da presidência do Paysandu. Mas o trabalho dela dentro do clube começou há muitos anos. Em 2014, foi conselheira. Já em 2017, assumiu a diretoria de responsabilidade social do clube.
"Eu comecei a trabalhar no Paysandu, participar diretamente, quando fui eleita conselheira em 2014. Na ocasião fui a terceira mais votada. Foi até um pouco surpreendente de ter essa votação. Eu fiz campanha no dia e também conhecia muita gente. Até porque eu estava sempre na torcida. Também tinha muito aluno e ex-aluno que sempre tive relacionamento maravilhoso com eles. Depois fui convidada em 2017 para ser diretora de responsabilidade social pelo ex-presidente Sérgio Serra", conta.
Com o caminho traçado dentro do Paysandu, veio o convite para fazer parte da nova diretoria do clube. Ieda assumiu a função de vice-presidente de operações. Ela conta que, por ser mulher, precisa desempenhar o papel da melhor maneira possível.
"É um desafio grande para uma mulher está à frente de qualquer coisa relacionada ao futebol. Porque o futebol ainda é considerado como algo de homem e não de mulher. Mas eu procuro fazer o que está determinado na minha parte de vice-presidente de operações, procuro ser mais eficiente possível. Também é um desafio porque a mulher não pode errar. Eu não posso cometer os erros que os homens cometeriam estando no meu lugar. A mulher tem que acertar sempre. Porque uma coisa é certa, você vai ter sempre alguém ali para estar olhando o que está fazendo. Às vezes quem aplaude porque você é mulher, está preparado para jogar uma pedra se você cometer alguma falha. A mulher tem que ser sempre melhor que o homem. Porque se ela for igual, nem sempre consegue aquela função. Isso é algo que eu sempre falo em sala de aula. Nós precisamos estudar bastante, nós precisamos ser eficientes, nós precisamos ser competentes para ocupar um lugar no espaço. Porque infelizmente o mundo ainda é dos homens", relata a vice-presidente do Paysandu.
Apesar de estar em um cargo importante do Paysandu, Ieda afirma que ainda sente preconceito. Ela diz que tem o apoio da diretoria, mas percebe que algumas pessoas ainda são contra a presença da mulher na administração do clube.
"Eu vejo que dentro do Paysandu ainda tem pessoas que apertam a minha mão, mas que por trás fazem crítica porque é uma mulher que está naquela posição. Mas eu posso dizer que tenho muito apoio da minha diretoria. Em especial o presidente, o Ricardo Gluck Paul, que me dá apoio muito grande. Mas ainda tenho sim dificuldades, sinto alguns preconceitos. Não só pelo fato de ser mulher. Mas pelo fato da minha origem. Eu não tenho uma família que tem origem dentro do clube. Eu sinto que ainda tenho algumas dificuldades. Mas procuro trabalhar da melhor maneira possível e superar", garante a dirigente bicolor.
A vice-presidente do Paysandu avalia que muita coisa mudou nos últimos anos quando o assunto é a participação das mulheres nos clubes de futebol. Mesmo assim, ainda é necessária uma luta diária contra o preconceito e a violência contra as mulheres.
"Teve uma mudança na participação da mulher nos clubes. Hoje temos grandes sucessos de alguns clubes com a presença da mulher desempenhando um papel importante. O mundo está se abrindo um pouco mais para esse espaço. Mas ainda tem muito a conquistar. Temos que lutar contra o preconceito e também contra a violência. Todos os dias somos surpreendidos de forma negativa com esses absurdos que passa na TV sobre a violência conta a mulher. O mundo precisa mudar muito mais do que já mudou", afirma Ieda Almeida.
A dirigente do clube alviceleste ainda deixa uma mensagem e um convite para as torcedoras e os torcedores.
"Eu digo para as torcedoras não desistirem. A gente gosta de futebol. A gente tem que estar aonde quer estar. Então vamos lá. Vamos continuar indo para as arquibancadas. Vamos continuar fazendo os nossos movimentos femininos. Aliás, neste domingo (10), a partir das 14 horas, vai ter o 'Papão Fest' na Curuzu. É muito importante a presença das mulheres. E dos homens também. Vamos lá assistir ao jogo do Paysandu. Torcer muito e não esquecer que o Papão Fest é importante porque é uma arrecadação para complementar todo o pagamento do clube. Eu convido todos a estarem lá. Para as mulheres, meu parabéns. Todo os dias são das mulheres. Não é só hoje", finaliza a vice-presidente do Paysandu.