Termo racista usado por Nelson Piquet é condenado por Mercedes, F1 e FIA
Em português, Hamilton também se manifestou após fala racista de Piquet: 'Focar em mudar a mentalidade'
Uma entrevista realizada em 2021 pelo ex-piloto brasileiro e tricampeão mundial de Fórmula 1, Nelson Piquet, ganhou repercussão mundial. Na ocasião, Piquet usa a expressão "neguinho" para se referir ao heptacampeão Lewis Hamilton. O termo é considerado racista e o uso foi repudiado pela Federação Internacional do Automobilismo (FIA), Fórmula 1, Mercedes e até pelos rivais do piloto, como Ferrari e McLaren.
O assunto da entrevista se refere a uma corrida realizada no Circuito de Silverstone, na Inglaterra, em que Hamilton colidiu com Max Verstappen. Piquet argumenta que Hamilton teria a intenção de tirar Verstappen da competição. Ele é o atual campeão da F1 e namorado da filha de Piquet.
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"O 'neguinho' meteu o carro e deixou. O Senna não fez isso. O Senna não fez isso. Ele foi, assim, 'aqui eu arranco ele de qualquer maneira'. O 'neguinho' deixou o carro. É porque você não conhece a curva; é uma curva muito alta, não tem jeito de passar dois carros e não tem jeito de passar do lado. Ele fez de sacanagem.", disse Nelson Piquet.
Confira o trecho do vídeo:
Diante da repercussão, Lewis Hamilton também usou as redes sociais para condenar o uso do termo e, em português, declarou: “vamos focar em mudar a mentalidade”. Além disso, o heptacampeão da F1 ressaltou que esse tipo de linguagem não tem mais espaço no esporte. Confira:
“É mais do que linguagem. Essas mentalidades arcaicas precisam mudar e não têm lugar no nosso esporte. Eu fui cercado por essas atitudes e fui um alvo por minha vida toda. Houve muito tempo para aprender. Chegou a hora da ação”, disse Hamilton.
Apoio dos rivais
Rivais de outras equipes, como Ferrari, McLaren, Alpine e Aston Martin também demonstraram apoio ao piloto. Charles Leclerc, piloto da Ferrari e atualmente na 3ª posição na classificação geral da F1, disse que Hamilton sempre foi respeitoso e que comentários assim não devem mais ser tolerados. Veja a tradução completa:
"Conheço Lewis desde que cheguei na Fórmula 1. Ele sempre foi extremamente respeitoso comigo e com todos que ele conhece. Estes valores deveriam ser o padrão para todo mundo ao redor do mundo. Os comentários feitos sobre Lewis não deveriam ser tolerados, e nós deveríamos continuar lutando para um esporte mais diverso e inclusivo. Nós temos que excluir o comportamento discriminatório e a linguagem racista em qualquer forma, não só no nosso esporte, mas na nossa sociedade como um todo", escreveu Leclerc.
A McLaren também se manifestou e disse ser uma responsabilidade de todos eliminar o racismo no esporte.
"A McLaren está ao lado de Lewis Hamilton e a F1. O racismo deve ser extirpado do nosso esporte, e é nossa responsabilidade conjunta nos unirmos e eliminá-lo - escreveu a equipe britânica", afirmou no comunicado.
Apoio da FIA, F1 e Mercedes
A Federação Internacional do Automobilismo (FIA) condenou a entrevista concedida por Piquet e mencionou o trabalho de Hamilton nos últimos anos, em prol da diversidade e igualdade.
"A FIA condena veementemente qualquer linguagem e comportamento racista ou discriminatório, que não tem lugar no esporte ou na sociedade em geral. Expressamos nossa solidariedade a Lewis Hamilton e apoiamos totalmente seu compromisso com a igualdade, diversidade e inclusão no esporte a motor", declarou a Federação.
A Mercedes, equipe de Lewis Hamilton, também ressaltou o engajamento social que o piloto representa para a sociedade e o esporte. Veja a tradução:
"Condenamos nos termos mais fortes qualquer uso de linguagem racista ou discriminatória, de qualquer tipo. Lewis liderou os esforços do nosso esporte para combater o racismo, e ele é um verdadeiro campeão da diversidade dentro e fora da pista. Juntos, compartilhamos a visão para um automobilismo diversificado e inclusivo, e este incidente destaca a importância fundamental de continuar lutando por um futuro melhor", escreveu a Mercedes em rede social.
A Fórmula 1, considerada a mais popular modalidade de automobilismo do mundo, reforçou todas as declarações de apoio e declarou "Lewis merece respeito".
"A linguagem discriminatória ou racista é inaceitável sob qualquer forma e não tem parte na sociedade. Lewis é um embaixador incrível do nosso esporte e merece respeito. Seus esforços incansáveis para aumentar a diversidade e a inclusão são uma lição para muitos é algo com o qual estamos comprometidos na F1", finalizou.
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(Estagiária Karoline Caldeira, sob supervisão do editor executivo de OLiberal.com, Carlos Fellip)
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