Sequelas e incertezas: como a pandemia e a nova onda da Covid-19 afetam o futebol no mundo
Oceania segue com restrições rígidas desde o início da pandemia da Covid-19, enquanto a Alemanha volta a fechar os portões de estádios por conta de nova onda do coronavírus
Desde o início de 2020 o mundo não é mais o mesmo. A pandemia provocada pela covid-19 fez com que a sociedade tivesse que aprender novas etiquetas de convivência e até mesmo se privar de ações banais, como ir a um restaurante, ao cinema e ao estádio de futebol para torcer pelo time de coração. O esporte, que não está à margem do que acontece no mundo, também sofre por conta do coronavírus.
Histórico recente
Em março de 2020, o futebol parou. Na Europa, com exceção da Bielorrússia - que não parou nenhuma atividade esportiva e as arquibancadas seguiam cheias de torcedores - o esporte bretão permaneceu estagnado até que a Bundesliga decidisse retomar as partidas que restavam para o término do Campeonato Alemão, a partir de maio.
No mês seguinte, outras ligas também retomaram as atividades, como na Inglaterra, Itália e Portugal. No entanto, a Ligue 1, da França, não teve a oportunidade de recomeçar. A Champions League criou uma bolha em Portugal a partir das quartas de final para que a competição terminasse e um clube fosse o grande campeão do torneio.
A própria realização do prêmio de Bola de Ouro, um dos eventos mais tradicionais do mundo do futebol entregue pela revista "France Football", não aconteceu em 2020. Os calendários das competições na temporada seguinte foram afetados, mas quem mais sofreu nesse período foram os torcedores. Estes foram obrigados a assistir os jogos de seus clubes na frente da TV.
As sequelas da covid-19
Apesar da tentativa gradativa de retorno ao normal desde as chegadas das vacinas, as equipes e o próprio esporte em si ainda sofrem com as consequências da pandemia. Diversos clubes, como o exemplo do Barcelona como o caso mais emblemático, ainda sofrem com problemas financeiros devido ao período em que as receitas diminuíram, ou praticamente zereram.
Além das questões econômicas, o aspecto esportivo de algumas competições também foi afetado. A Oceania, por exemplo, não pôde realizar a sua Champions League. O mesmo continente ainda não realizou nenhum jogo das Eliminatórias para a Copa do Mundo do Qatar e este torneio está definido para acontecer entre os dias 21 e 30 de março no país sede do Mundial.
As repescagens intercontinentais para a disputa da Copa em 2022 também serão realizadas no Qatar, em uma espécie de bolha com a intenção de prevenir casos de Covid-19, e em jogos únicos em que o vencedor irá conquistar uma vaga para a competição mais importante entre seleções.
Nova variente e novas preocupações
Apesar dos problemas causados pela Covid-19 desde março de 2020, a situação parecia ter melhorado com a chegada de diversas vacinas que combatem o vírus em circulação. Os estádios voltaram a receber público, os casos de atletas contaminados também caíram, mas nas últimas semanas as notícias não são tão animadoras quanto eram no início da temporada.
Uma nova variante, a Ômicron, que teoricamente teria surgido na África do Sul, vem causando preocupações no continente que possui o mais baixo nível de vacinação. E o temor chegou ao futebol após o Belenenses, de Portugal, ter tido 13 casos de Covid-19 da cepa mais recente. Ainda não se sabe a origem, mas especula-se que o retorno de Cafú Phete, meia sul-africano do clube, que retornou de seu país após disputar as Eliminatórias da Copa do Mundo, pode ter sido o transmissor.
Por conta disso, também rolaram rumores de que o confronto entre Manchester United e Young Boys, pela Champions League, poderia acontecer em campo neutro caso os suíços tivessem que passar por um período de 10 dias isolados ao retornarem do Reino Unido. No entanto, as autoridades locais abriram uma exceção ao elenco aurinegro e a partida está confirmada para ser realizada no Old Trafford, em Manchester.
O baixo índice de vacinação na Europa também é outro fator de preocupação. Na Alemanha, no Reino Unido e na França, o percentual da população com todas as doses necessárias para combater a Covid-19 não chega nem a 70%, segundo dados do "Our World In Data".
Por conta disso, o primeiro-ministro da Baviera, Markus Soeder, decretou que as equipes da região, como Bayern de Munique e Augsburg, jogarão com os portões fechados até o fim deste ano. E diante do aumento de casos de contaminação por Covid-19 na população e nos elencos de futebol, é provável que esta medida seja aderida por todo o país.
Ainda não sabemos quando teremos o fim de todos os problemas relacionados a Covid-19. Mas a combinação entre estádios lotados, o não uso de máscaras nas arenas, a não aplicação do distanciamento social, aliado ao baixo índice de vacinação e com o surgimento de novas variantes, deve atrapalhar ainda mais a 'volta ao normal'. A ver as próximas semanas.