Pós-carreira: cria do Remo, ex-zagueiro trabalha como vendedor e cita desejo de voltar ao futebol
Com passagem no Remo, Tuna e Independente de Tucuruí, ex-zagueiro Hallyson trabalha como vendedor em uma loja de artigos esportivos e busca qualificação para retornar ao futebol, mas em outra função
A dificuldade em encerrar a carreira do futebol é um “fantasma” que assombra inúmeros jogadores. Decidir a hora de parar, o que será feito, como será a vida após pendurar as chuteiras ainda é uma dificuldade, porém, a necessidade pode tornar a situação mais “tranquila” e um novo passo pode ser dado em outra profissão. Esse é o caso do ex-jogador Hallyson Pena, que atou por mais de uma década como zagueiro, que hoje, aos 39 anos, é vendedor em uma loja de matérias esportivos em Belém.
Desde os 12 anos tendo o futebol como “profissão”, Hallyson não pensou duas vezes em deixar o futebol, quando a situação apertou e os velhos problemas de atraso de salários e valores bem abaixo, afetaram sua família. Em entrevista ao O Liberal, o ex-zagueiro falou das dificuldades em se manter no futebol, das cobranças e questionamentos de pessoas próximas e a decisão final de colocar um fim na profissão.
Carreira
Hallyson iniciou a carreira no futsal do Remo, posteriormente fez a transição para o campo e fui subindo de categoria, até chegar ao profissional em 2003, onde foi comandado pelo técnico Givanildo de Oliveira, um dos técnicos mais vitoriosos do Estado. Rodou por vários clubes do Pará, jogou fora Estado e teve uma passagem no futebol chinês, mas o glamour do futebol passou longe e o zagueiro encerrou a carreira em 2018.
“Dava para eu jogar mais uns dois ou três anos, estava bem fisicamente, mas não estava compensando. O futebol não é tudo isso que pensam, o salário é baixo, condições precárias de treino, a dificuldade é grande, mas escolhemos isso como profissão e seguimos. Mas salários atrasados é uma coisa recorrente e que tira o sono de jogadores e isso foi um ponto fundamental para que eu decidisse encerrar a carreira, após conversar com a minha esposa”, disse.
Nova rotina
Hallyson passou pela Tuna, Cametá, Paragominas, Castanhal, Pinheirense, além de Santa Rosa e Independente de Tucuruí, último clube da carreira. Longe de Belém jogou pelo Vitória-PE, Vitória das Tabocas-PE e uma passagem rápida pelo futebol da China. A carreira teve fim e o ex-jogador iniciou uma nova jornada, a de vendedor de material esportivo. Uma rotina difícil, diferente do que estava acostumado, mas que hoje é o fundamental na vida dele e da família.
“Pensei bem em deixar o futebol, o meu desejo estava prejudicando a minha família. Foi então que pintou a oportunidade de trabalhar na loja de materiais esportivos e no começo foi bem difícil, uma rotina diferente, mas fui pegando as coisas e hoje estou totalmente adaptado, gosto do que faço, é um salário digno, mas que recebo em dia, sem atraso e sustento os meus familiares”, falou.
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Bate a saudade...
Trabalhar com artigos esportivos foi tranquilo, mas Hallyson confessa que algumas mercadorias é um “gatilho” para a saudade apertar.
“Joguei futebol e conheço muitos materiais esportivos, isso me ajudou, mas também senti dificuldade, pois sei de futebol, como a loja vende mercadorias de várias modalidades, tive que me adaptar. Mas confesso que bate a saudade quando vejo alguém colocando a chuteira, tenho uma marca preferida, que usei quando jogador, dou dicas para alguns e assim vou trabalhando e matando a saudade”, comentou.
Confira as fotos de Hallyson
Novo rumo
O ex-zagueiro atualmente está na faculdade e cursando educação física. Hallyson quer retornar ao futebol e para isso se divide entre família, trabalho e estudos.
“Pretendo trabalhar com criança, ter uma escolinha, repassar o que aprendi e para isso preciso me qualificar, estudar, para ensinar da melhor forma. É importante ter uma profissão, todas são dignas e quem puder ocupar a mente estudando, buscando outros sonhos no futebol, que vá em frente, o futebol não sai da nossa cabeça depois que encerramos a carreira, é difícil, não tem como tirar, mas temos como melhorar e por isso a escolha por fazer educação física”, disse.
Reconhecimento
O ex-jogador é facilmente reconhecido na loja de material esportivo e também serve de referência, além de questionamento dos motivos de estar ali, exercendo outra profissão.
“Todo dia alguém chega, pergunta sobre a minha carreira, os motivos de trabalhar como vendedor. Eu levo na tranquilidade essa situação, antes eu ficava angustiado, mas passou, entendo o questionamento, já que muitos pensam que jogador de futebol ganha muito dinheiro. Alguns clientes me reconhecem e pedem dicas de chuteiras, qual o melhor material e ficou feliz em poder ajudar”, finalizou.
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