Papellin avalia estrutura do Remo, busca departamento comercial forte e cita amizade com Tonhão

Executivo de futebol Sérgio Papellin fechou contrato com o Remo por três temporadas e atuará no clube não só com contratações. Profissional retorna ao Leão, após conquistar tudo com o Fortaleza

Fábio Will

O Remo já possui um novo executivo de futebol e, diferente dos outros anos, ele deverá permanecer no clube em um projeto audacioso. Sérgio Papellin retornou ao Remo com um contrato de três temporadas, mesmo tempo de mandato do atual presidente eleito Tonhão, que é amigo pessoal de Papellin. Em conversa com a equipe de O Liberal, o novo executivo citou os desafios no Remo, das mudanças que o clube precisa realizar na parte estrutural, além da amizade que possui com o presidente Tonhão, que bancou sua vinda, após conquistar títulos com o Fortaleza e deixar o clube nordestino na Série A do Campeonato Brasileiro.  

Fortaleza e Ceará, duas potências no Nordeste. É possível avaliar o Remo nesse patamar? Acreditas no Remo em uma Série A do brasileiro a longo prazo, com o trabalho que você vai desenvolver?

“Primeiro nós temos que pensar na Série B, que é o campeonato que nós podemos chegar. Quando você chega na Série B, aí sim, você pode pensar em brigar em um nível maior. Mas primeiro você tem que chegar na Série B para poder ter condição de trazer jogadores melhores, estrutura maior do público. Se não melhorar a estrutura, é inviável você chegar na Série A. Melhorar o CT, melhorar a condição de trabalho dos atletas que você vai contratar, entendeu? Você tem que se preocupar muito em qualificar a estrutura que você tem para poder alcançar os seus objetivos. Mas hoje a Série A está meio distante. Primeiro você tem que pensar na Série B, que é a competição que você pode conseguir chegar”, falou.

Como o Remo era e como o clube se encontra depois de 15 anos. Quais as diferenças nas estruturas do Leão Azul?

“Quando eu cheguei aqui no Baenão, a primeira coisa que eu vi foi um cachorro sentado em cima do sofá ali na entrada da Toca. Hoje o Remo é mais estruturado. Não é ainda o que a gente quer, porque o do Remo melhorou demais a estrutura, entende. Hoje já tem uma condição de trabalho razoável, mas nós queremos muito melhorar essa estrutura e essa condição de trabalho e, para isso para melhorar, é fundamental você ter os resultados em campo. Então, se você não tiver resultado em campo, não tem gestão nenhuma que vá em frente. A gestão vai dar um suporte para que você tenha um desempenho melhor no campo, se o resultado acontecer. Mas, assim, se esse resultado não acontecer, não tem gestão que se segure sem resultado, principalmente um clube de massa, como é o clube do Remo. A nossa preocupação com o Tonhão é montar o departamento comercial, trabalhar muito para buscar recursos para que a gente consiga fazer o que nós pensamos para o Remo. Muitos torcedores, ah, o futebol se resume ali dentro de campo, ah, o cara contratou, o cara dispensou, enfim. Muitos se resumem dentro de campo, literalmente. Mas a gente sabe que o trabalho fora é fundamental na escolha e no andamento de um clube como um todo”, disse.

Vendas de camisas, produtos oficiais, programa sócio-torcedor que deram certos no Fortaleza. Existe alguma área em que o Remo não esteja inserido e que pode melhorar?

“No Fortaleza, quando nós chegamos lá, o clube tinha 4 mil sócios-torcedores. Hoje o Fortaleza tem 42 mil, mais ou menos. Isso dá um suporte muito grande financeiramente paro clube. Todo mês o Fortaleza tem uma receita de próximo de R$2 milhões para poder ajudar no custo total do clube. Esse engajamento do torcedor é fundamental, tanto no plano de sócios-torcedores do clube, como na compra de material, é importantíssimo. Para receita, você tem que ralar dinheiro para poder gerir um clube grande desse. Hoje lá não tem mais negócio de um abnegado estar bancando o clube, doando dinheiro dele para clube, entendeu? Hoje o clube caminha com as próprias pernas, eu acho que o caminho é esse, tem que viabilizar para o clube caminhar com as próprias pernas sem depender de dinheiro de torcedor”, comentou.

Hoje o teu cargo no Remo é de executivo ou CEO?

“O meu é executivo, logicamente você com sua experiência vai ajudar o presidente Tonhão no que for necessário, entendeu? Às vezes além da função [de executivo], tem algumas coisas que você pode ajudar em outras áreas, que nós vamos trabalhar em conjunto com ele e ajudar no que for possível”, disse.

Você possui uma amizade de longa data com Tonhão, como é que ele conseguiu lhe trazer de volta, já que estavas em um clube tranquilo e bem estruturado e jogando a Série A do Brasileiro?

“Um clube como o Remo, como era o Fortaleza também, era um clube que era cheio de alas, eu dizia que era igual uma escola de samba. O Tonhão é um cara muito querido, conversávamos muito, ele sempre ligava, trocávamos uma ideia ou outra. Ele sempre dizia que no dia que fosse presidente, iria brigar para me levar ao Remo. Terminou a eleição, ele me ligou querendo saber se tinha possibilidade de me trazer para, se eu tinha coragem de largar o Fortaleza e passar os três anos do mandato dele no Remo. Eu perguntei o Guarulhos o que ele pensava. Conversei muito com a minha esposa e é um desafio muito grande. Estava lá, ganhamos tudo no Fortaleza. Eu e o Marcelo Paz estamos lá desde o início desse processo que o Fortaleza passou, essa transformação. Então, já dava uma certa comodidade. Você está e enquanto o Fortaleza estiver ganhando, estiver na Série A de brasileiro, você tá lá ganhando um bom salário, premiações altas que a gente conseguiu ganhar lá. Então, eu vim muito pelo desafio. E é começar, poder conquistar o seu trabalho, mostrar que pode conseguir alcançar os anseios que a torcida espera. Aceitei pela grandeza do Remo e pela amizade com Tonhão. Então, eu tenho um contrato de três anos aqui com o Remo, e espero poder cumprir esse contrato até o final, com muita alegria que posso ficar esses três anos aqui em Belém, nessa cidade que eu adoro”, finalizou.

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