Há 109 anos, o Clube do Remo entrava em campo pela primeira vez em sua história; saiba mais
O dia 21 de abril marca a data da estreia do então Grupo do Remo, que nasce como esporte das águas, mas logo migra para os gramados, onde segue à risca a alcunha de 'Filho da Glória e do Triunfo'
Há exatos 109 anos, entrava em campo para um amistoso em homenagem ao feriado nacional de Tiradentes, uma das agremiações mais longevas do futebol nacional. Foi o empate em 0 a 0 contra o Guarany Futebol Clube, realizado no campo da praça Floriano Peixoto, em São Brás, que deu início à trajetória futebolística do Clube do Remo. Mais de um século depois, o Filho da Glória e do Triunfo continua vivo e pulsante, figurando entre os maiores expoentes do futebol amazônico.
O marco inicial da história azulina, no entanto, começa alguns anos antes, mais precisamente nas águas da baía do Guajará, em 1905. À época, o Remo era o esporte mais praticado na então elitizada capital paraense, que vivia os reflexos do luxo e da riqueza produzida pela Belle Époque, como ficou conhecido o período econômico baseado na extração e exportação do latex, a matéria prima mais valiosa da época.
Em 5 de fevereiro de 1905 nasce o Grupo do Remo, formado a partir de uma dissidência no Sport Club do Pará, liderada por sete jovens: Victor Engelhard, Raul Engelhard, José Henrique Danin, Eduardo Cruz, Vasco Abreu, Eugênio Soares e Narciso Borges. Pouco tempo depois, em 1908, uma crise instaurada na gestão do grupo provocou a extinção do mesmo, que só foi revertida em 1911, quando ocorre a famosa ‘reorganização’ azulina, que tempos depois, mais precisamente em 1913, faz sua estreia no futebol, como lembra o benemérito e historiador do clube, Orlando Ruffeil.
"Em 15 de agosto de 1911, o Oscar Saltão reuniu um grupo de associados e amigos e reorganizou o grupo do Remo. A importancia maior não é nem a fundação, mas a reorganização. A partir dai, o clube começou a disputar todas as modalidades esportivas, inclusive o futebol", lembra Ruffeil.
A primeira formação remista contou com Bernardino; Valrreman e Eurico; Dudu, Aimeé e Mamede; Galdino, Mário, Antonico, Dudu e Rubilar. Uma curiosidade da época é sobre o uniforme, que desde o início adota o azul marinho e branco. Entretanto, a disposição das cores mudou bastante em relação ao início, segundo explica o benemérito. "A principio, o Remo usaria camisa toda azul, inspirada em um clube de Londres. Quando começou a formar o time, eles pensaram na camisa azul e branca com listras horizontais. O primeiro jogo foi assim. Só que depois o Remo mudou para camisa toda azul marinho", conta.
Embora a estreia tenha sido com um empate, não tardou para os azulinos triunfarem em campo. No dia 13 de maio do mesmo ano, contra o mesmo adversário, o Remo enfim venceu, pelo placar de 4 a 1, tendo o primeiro gol da história remista sido marcado por Rubillar. O embalo daquele time só cessou quando levantou a taça de Campeão Paraense invicto, no mesmo ano, conforme o frisa o historiador, com participação decisiva do primeiro autor de gol do Clube do Remo.
“O Rubillar foi um atleta emérito, um atleta festejado e importante. No primeiro Re x Pa, que foi em 14 de junho de 1914, ele fez um gol olímpico contra o Paysandu, vencendo aquele jogo por 2 a 1. O neto dele, Carlos Duarte Reimão, atleta de natação do Remo, bateu recordes da travessia da baia do Guajará. São pessoas muito ligadas à história do clube", arremata.
O título de 1913 foi seguido por outras seis conquistas, conferindo aos azulinos, no início de sua história, o primeiro heptacampeonato paraense que se tem registro. "Inclusive, existe um detalhe muito importante. No ano em que o Paysandu foi fundado, o Remo foi campeão estadual com 100% de aproveitamento. Pouca gente sabe, mas a campanha 100% de 2004 não foi a primeira. A primeira foi em 1914, ano de fundação do maior rival", finaliza.
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