Ex-Leão e Papão, Cacaio fala de racismo e que sofreu com atitudes de dirigentes no Remo; vídeo

Técnico afirmou que teve problemas com pessoas dentro do clube azulino na temporada 2015

Fábio Will
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Na última quarta-feira (20), ocorreu o Dia da Consciência Negra no Brasil. Pela primeira vez o dia foi feriado nacional e a equipe de O Liberal conversou com o ex-jogador Cacaio, que fez história no futebol paraense com as camisa do Paysandu e do Remo sobre como foi a vida de jogador e atualmente de técnico negro no futebol brasileiro e revelou que teve problemas no Remo, em 2015, com algumas pessoas do clube.

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Aos 57 anos, Cacaio é natural de Itaperuna (RJ) e atuou por vários clubes. Negro e com uma vontade de vencer, conseguiu em Belém ganhar notoriedade e ser admirado pelas torcidas dos dois maiores rivais do Estado do Pará. Campeão Brasileiro com o Paysandu em 1991 e sendo uma das principais peças daquela conquista, Cacaio não titubeou em “atravessar” a Avenida Almirante Barroso para defender o Remo por dois anos. Ele contou sobre viver o racismo dentro de campo.

“Antigamente não tinha todo esse apelo como tem hoje em relação do racismo, mas com certeza os atletas mais antigos sofreram racismo em campo, seja de torcida, dos próprios companheiros. Eu tive sim, alguns embates nesse sentido”, disse.

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Cacaio falou do sentimento em sofrer racismo exercendo sua atividade como jogador e de como encara esse tipo de situação que é corriqueira até hoje

“Senti tristeza, por ser uma pessoa comum, um ser humano e para nós, que temos a cor escura, não faz diferença se a outra pessoa é branca, amarela ou escura e por isso não deixamos de gostar menos ou mais do próximo”, falou.

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Cacaio pendurou as chuteiras em 2002 e agora é técnico. Passou por vários clubes e chegou a comandar o Remo, conquistando o acesso à Série C em 2015, além do título do Parazão daquele ano. Ele revelou que teve problemas com dirigentes no clube em um ano que é marcante para o Remo e seus torcedores.

 “Não digo que tenha dirigente racista, mas indiferente sim. O próprio Remo, em 2015, tive problemas com algumas pessoas, mas é passado, não quero citar nomes de quem foi, mas senti que teve algumas diferenças e alguns problemas, mas quem perde é quem é racista”, comentou.

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Punição

O treinador falou das punições em casos de racismo no futebol, porém, acredita que a mentalidade de quem comete esse crime jamais irá mudar.

“Não tem punição. Muitas vezes o atleta que sofre o ato racista dá repercussão, polícia, aí o racista fica proibido de ir ao estádio, mas ele continua sendo racista. O racismo acho que nunca vai acabar. Acredito que o racista será sempre racista, independente de punição”, disse.

O técnico disse ser contra o Dia da Consciência Negra, já que somos todos da mesma raça. Cacaio afirmou que é triste existir o racismo, mas que um dia para que seja relembrado a luta dos negros é algo que não queria que tivesse.

“É triste pois acho que não deveria ter. Ao mesmo tempo em que se relembra o passado, pessoas que sofreram, mas é triste. Queria que não existisse o racismo e que também não tivesse esse dia para lembrar um dia da consciência negra. Somos todos da mesma raça”, comentou.

Cacaio questionou a quantidade de técnicos negros na Série A do Campeonato Brasileiro, que neste caso tem Roger Machado, atualmente no Internacional, além de citar a falta de treinadores negros em competições internacionais da Conmebol. O treinador disse que as pessoas se escondem atrás de desculpas, mas que existe um racismo estrutural também com os treinadores

“Qual o treinador da Série A que é negro? Libertadores quantos são negros? Seleções que disputam as Eliminatórias Sul-americanas. Muitos vão falar de competência, mas é que essas pessoas nunca tiveram do nosso lado”, finalizou.

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