Antes do estrelato, Rony teve o apoio de peças importantes para vencer no futebol; veja
Apesar dos percalços no início no Clube do Remo, alguns personagens foram fundamentais para o resgate do atleta e a valorização que faltava para, enfim, mostrar seu talento aos quatro cantos do mundo
Nem sempre o talento é suficiente para garantir que um jogador de futebol consiga ganhar espaço entre tantos aspirantes. Por vezes, a falta de incentivo acaba travando o surgimento de talentos, e por pouco o mesmo não aconteceu com o pequeno Rony, lá em 2014, não fosse o braço estendido por algumas figuras que marcariam para sempre sua carreira.
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Quando Rony viu as portas se fecharem e as oportunidades se tornarem cada vez mais escassas, ele decidiu retornar à terra natal, Magalhães Barata, levando uma vida comum, isso aos 19 anos de idade. Num belo dia, entretanto, uma ligação mudou sua vida e a partir dali o sonho de ser um grande jogador ganhou o impulso que faltava.
Do outro lado da linha estava Walter Lima, na época técnico da base do Remo e reconhecido por ser um grande incentivador do futebol. Uma conversa entre Walter, o diretor da Base, Paulinho Araújo, e o presidente Zeca Pirão, foi crucial para resgatar o jovem e inseri-lo no elenco que estava prestes a disputar a Copa São Paulo de Futebol Juniors daquele ano.
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"Tinham colocado ele para fora. O Paulinho Araújo, diretor da base, me falou que tínhamos perdido um grande jogador, isso logo que eu entrei no Remo. Eu mandei buscá-lo. Na época ele praticamente não ganhava nada. Acertamos um salário em torno de R$ 5 mil e demos condição para que ele jogasse o futebol que sabia", lembra o ex-presidente Zeca Pirão que, entre outras lembranças, prefere destacar a gratidão e o caráter do atleta, mesmo após um fim de relação conturbado com o clube.
“Ele é de um caráter fora da realidade. Fico muito feliz com a convocação, porque valeu a pena todo esforço. Não feliz pelo valor, mas sim por tudo o que acontecia no Remo naquela época, brigas de bastidores. E dispensar um garoto desse com um futebol de primeira qualidade é difícil. Depois que sai do Remo ele foi vendido, infelizmente, ou não. Era para ter ficado mais uns dois anos", ressalta.
Devidamente reintegrado, Rony partiu para a disputa da Copinha, mas isso não foi o suficiente para aliviar as necessidades do atleta, que ainda não tinha meios suficientes para se estruturar por conta própria. O técnico Walter Lima, inclusive, lembra um fato marcante naquela edição. "Quando fomos para São Paulo disputar a Copinha, nós tínhamos 16 jogadores, mas não estávamos preparados para viajar. Estávamos em novembro e a copa era em janeiro. Próximo da estreia contra o Corinthians, o Rony veio no meu quarto e perguntou se tinha a possibilidade de arrumar uma chuteira para ele. Eu estava desprovido financeiramente naquele momento e quem comprou a chuteira foi o motorista do ônibus que nos levou, o Reginaldo", revela.
Graças ao motorista, Rony conseguiu disputar suas partidas e a partir dali, acendeu os olhares para uma provável transferência à equipe profissional, o que acabou acontecendo ao término da Copa São Paulo. E como tudo na vida é gratidão, Walter Lima lembra com carinho do menino tímido e da grandeza de Reginaldo, que, sem saber, possibilitou a guinada de um dos grandes jogadores do futebol brasileiro na atualidade.
"Ele era dono do ônibus, nos ajudou bastante, fez um preço bom e ajudou muito nesse início de carreira do Rony. Foi um amigo e irmão camarada. A vida do Rony é isso. É uma história de luta, sacrifícios, coincidências, sorte, competência. E depois se agregou com pessoas que foram importantes na vida dele, como o Hércules, que abraçou a carreira dele. Hoje o Rony é um garoto bom, uma pessoa de família, vive para ela e para aquilo que gosta de fazer, que é jogar futebol", destaca.
A convocação do atacante reverberou positivamente nas lembranças do treinador, que, desde o início viu nele as características de um grande atleta e um grande cidadão, com um futuro profissional brilhante em qualquer lugar, inclusive na seleção canarinho.
"É um garoto sem vícios, nada que desabone a sua conduta, então só tem possibilidade de vencer a cada dia. Eu vejo merecimento total na convocação. Ficava até meio chateado quando se falava de jogadores do Palmeiras para a seleção, como Dudu, Scarpa, Veiga. Mas o Rony que é o diferencial. Acho que o técnico agora teve a visão daquilo que eu imaginava. Fico muito feliz e espero que ele possa crescer cada vez mais. É um orgulho para o Pará. Toda vez que ganha algo ele se abraça com a nossa bandeira. Isso é de uma gratidão muito grande. Que ele possa levar o nosso futebol para cada vez mais longe, sempre no topo", encerra.
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