Trunfos nas eleições, Vandick e Lecheva voltam ao Paysandu como armas políticas, avaliam colunistas
Ambos os jornalistas dizem que a dupla campeã dos campeões voltou à Curuzu para aulixar a “gestão Ettinger” na identificação com a torcida. Apesar disso, avaliações apontam qualidades profissionais dos ex-atletas.
O presidente do Paysandu, Maurício Ettinger, teve um grande apoio do eleitorado bicolor durante as últimas eleições presidenciais no clube. Além de ter pregado um discurso de união política na Curuzu, o empresário teve como trunfo a presença de ídolos bicolores na campanha. "Vestiram a camisa" da nova gestão pelo menos quatro ex-jogadores: Vandick, Lecheva, Robgol e Zé Augusto. Desses, os dois primeiros se tornaram funcionários do Lobo.
Lecheva, aliás, já estava na Curuzu desde 2022. O ex-atleta assumiu como coordenador técnico do Papão, uma espécie de "olho" da diretoria bicolor nos vestiários. No organograma do Bicola, Lecheva é o responsável por fazer no clube aquilo que era bem acostumado a fazer quando jogador, o "meio-de-campo" entre comissão técnica e presidência.
Já Vandick é peça nova. Depois de ser presidente do clube no biênio 2013-2014, o ex-atleta se especializou como negociador do mercado da bola e volta à Curuzu na função de executivo de futebol. Na prática, Vandick será o que sempre foi, um atacante bicolor na busca por novos reforços.
A presença dos ídolos foi bem recebida por parte da torcida. No entanto, há quem ache que Lecheva e Vandick são apenas "testas de ferro" da diretoria alviceleste e servirão de escudo caso o time tenha algum resultado negativo. Sobre isso, o Núcleo de Esportes de O Liberal ouviu dois colunistas que foram unânimes em dizer: ambos chegam ao clube com bons históricos profissionais.
Política e profissionalismo são aliados
De acordo com o jornalista Carlos Ferreira, Vandick e Lecheva foram chamados para compor a nova diretoria do Paysandu muito pela identificação que os ex-jogadores possuem com a torcida. Apesar disso, ele afirma que ambos os profissionais têm experiências passadas de gestão, o que pode ajudar o Lobo. O comentarista também rejeitou a hipótese dos ídolos atuarem como "pára-choque" da direção reeleita.
"Vandcik e Lecheva foram escolhidos por serem profissionais, mas tudo isso tem um teor político. Ambos foram chamados no fim de um período eleitoral, para apoiar a chapa. Isso demonstra definitivamente um envolvimento político. Sobre eles atuarem como anteparo da direção, eu não acredito. Acho que os torcedores não vão aliviar só pelo fato deles serem ídolos. Eu vi o Vandick ser humilhado por torcedores do Paysandu na campanha do rebaixamento em 2013. Na hora do trabalho não tem atenuante e nem favorecimento, o torcedor cobra", avaliou.
Fim da "dinastia dos empresários"
De acordo com o jornalista Pio Netto, a presença de Lecheva e, sobretudo, Vandick, na diretoria do Paysandu pode colocar fim a uma prática antiga no futebol paraense, que ele classifica como "dinastia dos empresários". Segundo ele, o estado tem sido usado como vitrine de atletas "testados e não aprovados" em outros cantos do Brasil. O comentarista acredita que, com ex-jogadores que conhecem o futebol paraense na linha de frente da montagem de elencos, peças de maior qualidade possam ser aproveitadas no estado.
"O futebol paraense tem suas peculiaridades e quem brilhou como jogador tem mais chance de emplacar por aqui como dirigente. Vejo que a presença deles está muito relacionada a bloquear um pouco a presença do empresário e avaliar as contratações de forma mais justa. Acabaram aqui, também, a figura do olheiro, um profissional que buscava talentos em locais de pouca acessibilidade. Ex-jogadores como eles têm redes de informação, conhecem pessoas, e podem ajudar na busca de novos atletas", opinou.