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Técnico do Paysandu se posiciona após condenação do STJD: 'é o tribunal que manda'

Hélio dos Anjos negou as acusações e deu a entender que não teve a defesa levada em consideração.

Caio Maia

O técnico do Paysandu, Hélio dos Anjos, se pronunciou pela primeira vez após ter sido suspenso por nove jogos pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). O treinador, julgado por xingar um bandeirinha na partida contra o Volta Redonda-RJ, pela primeira rodada da Série C, negou as acusações e deu a entender que não teve a defesa levada em consideração. Segundo ele, fatos como esse já ocorreram no decorrer da carreira. 

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"No jogo Brasil de Pelotas e Ponte Preta, quando eu treinava a Ponte, foi ofendido de uma forma grotesca. Eu conheço aqueles municípios e sei onde tem os focos do racismo. Me chamaram de velho gagá, negão e veado. Escutei isso o tempo todo, denunciei ao STJD, investigaram o caso, e chegaram a conclusão, porque o quarto árbitro não havia colocado em súmula, que não houve nada. Agora, na minha parte, não valeu a minha palavra negando, dizendo que não disse nada, mas naquela hora valeu a negativa do quarto árbitro, que era gaúcho. Enfim, é o tribunal que manda. Eu acredito que, numa normalidade, a gente recorrendo, a pena será revista. Eu quero ganhar e sei que na hora de ganhar não sou um santo, mas também há xingamento da outra parte. Vários árbitros me chamaram de velho gagá, de galinha", disse. 

Apesar da punição, Hélio disse que não vai mudar o comportamento na beira do gramado. Questionado sobre a queda de desempenho do Paysandu quando ele cumpre suspensão, o treinador disse que vai se policiar sobre novos incidentes, mas não vai adotar uma postura passiva durante as partidas. 

"Posso tentar evitar suspensões, mas não vou mudar minha maneira de ser. Tenho 65 anos e não vou sentar na beira do campo e ser passivo. Apesar das minhas suspensões, eu era réu primário no julgamento. Muito por isso, recebi penas mínimas nos artigos. Muita gente diz que fui punido com nove jogos por homofobia, mas, na verdade, foi um somatório de punições, de outros artigos. Pelo suposto xingamento ao auxiliar foi apenas cinco jogos", explicou. 

O caso

O incidente ocorreu quando Hélio dos Anjos recebeu o cartão vermelho direto pelo árbitro no final do segundo tempo. A discussão com os membros da equipe de arbitragem iniciou após o anúncio de um acréscimo de cinco minutos. O árbitro da partida, Gustavo Ervino Bauermann, de Santa Catarina, relatou em sua súmula que o técnico do Paysandu perdeu o controle à beira do campo e teria proferido palavras ofensivas a indivíduos próximos a ele.

“Expulsei de maneira direta por, após o quarto árbitro levantar a placa de acréscimos, o mesmo [Hélio dos Anjos] proferiu aos gritos as seguintes palavras: ‘Vai tomar no cu caralho, só 5 minutos’. Após ser expulso, o referido treinador continuou: ‘Tá de sacanagem, veio aqui roubar nós’. Após o término da partida, o treinador invadiu o campo de jogo e foi atrás do assistente número 1, Bruno Muller, proferindo as seguintes palavras: ‘seu veadinho, vai tomar no cu, veado, veadinho’. Relato ainda que, quando o quinteto de arbitragem estava saindo do campo de jogo, no término da partida, o técnico veio atrás e proferiu as seguintes palavras: ‘Seu pipoqueiro, pipoqueiro, pipoqueiro’”, explica Gustavo Ervino Bauermann em súmula.

Em nota, o Paysandu divulgou que vai recorrer da sentença. Com a punição da Suprema Corte desportiva, Hélio dos Anjos deve ficar de fora das primeiras partidas do Papão em competições organizadas pela CBF - neste caso, Copa do Brasil, Copa Verde e Série B.

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