Sete anos depois da compra, Paysandu inaugura primeiro campo do CT das Águas Lindas
O Liberal relembra percalços, avanços e detalha perspectivas para o futuro.
Um dos maiores projetos da história do Paysandu finalmente vai sair do papel neste sábado (2). A partir das 9h30, o clube vai inaugurar oficialmente o primeiro campo de treinamento do Centro de Treinamento Raul Aguilera, que fica no bairro das Águas Lindas, em Belém. A estrutura, que demorou sete anos para ser utilizada, continua longe de estar completa, fato que deve ocorrer apenas no final desta década.
Conforme já foi divulgado pelo próprio clube, por meio do diretor do CT, André Martha, todo o projeto foi tirado do papel com a ajuda de abnegados. Foram torcedores bicolores que doaram mão de obra e material para que o maior patrimônio bicolor passasse a ter as mínimas condições de uso.
No momento, o CT do Paysandu tem um campo pronto para jogo, com o mesmo gramado utilizado no Mangueirão. Há ainda uma estrutura de arquibancadas provisórias e um vestiário de containers.
Será essa estrutura que receberá o primeiro grande evento do CT neste sábado. Os ex-jogadores que participaram da campanha do Papão na Copa Libertadores de 2003 vão realizar um amistoso, com a presença de torcedores e da imprensa.
Orçamento milionário, mas sem uso
Na quarta-feira (29), o Paysandu apresentou formalmente o CT à imprensa paraense. No evento, o presidente bicolor, Maurício Ettinger, disse que o clube terá, em 2024, um orçamento de mais de R$ 70 milhões. Porém, esse dinheiro não será deslocado para as obras no CT. O clube, portanto, continuará dependendo de doações de abnegados.
"Teremos um orçamento de mais de R$ 70 milhões pro ano que vem. Esse acréscimo ocorre por uma série de fatores que vão ajudar o Paysandu em 2024, como o acesso à Série B, o incremento das cotas de patrocínio e transmissão de jogos e reformulação do plano de sócio-torcedor. Apesar disso, esse dinheiro será prioritariamente destino à formação do elenco e cumprimento da folha salarial. Qualquer injeção de verba nas obras do CT só deverá ser feita em caso de superavit", explicou.
Apesar do clube não estar disposto em contribuir para as obras no CT, Ettinger planeja um avanço das obras já no próximo ano. Segundo ele, a ideia da direção do clube é entregar o segundo campo de jogo em março e, a partir de então, construir edificações complementares ao terreno de jogo.
"Com os locais de treinos adequados, vamos seguir com o andamento das estruturas do CT. Vamos construir uma arquibancada fixa, banheiros definitivos, refeitório, academia, alojamento. A ideia é que o CT possa ser uma extensão de tudo que já temos na Curuzu", disse o presidente.
Sonho longe de ser concluído
Ainda em outubro, o André Martha disse que o projeto atual precisou passar por modificações durante o tempo, mas a base do planejamento original será mantida. O CT terá ao todo cinco campos de futebol, um campo para treinamento de goleiros, hotel com auditório, refeitório, academia, piscina e departamento de saúde e um prédio administrativo.
Apesar disso, a previsão para que todo o projeto saia do papel é distante. Segundo diretor do CT, a obra deve ser completa daqui a quatro ou cinco anos, com custo total entre 10 e 15 milhões de reais.
"A prioridade são os campos. As edificações são bem mais caras. Não tenho os números exatos aqui, mas se pegarmos como base os CTs de outros estados do Brasil, falamos de um investimento na casa dos 10 a 15 milhões", explicou André Martha.
Histórico
O início das obras no Centro de Treinamento Raul Aguilera foi em 2016, ainda na gestão de Alberto Maia como presidente. Em novembro daquele ano, o Paysandu realizou um evento em que levou associados e personalidades da história bicolor para conhecer o local, que tem 113 mil metros quadrados.
No entanto, os trabalhos pararam nos mandatos seguintes e foram retomados apenas em 2019 - sob a gestão de Ricardo Gluck Paul. Durante esse intervalo de tempo, engenheiros responsáveis pela obra verificaram um problema: o solo do terreno adquirido pelo Papão ela alagadiço, impróprio para construção de um gramado de futebol.
A partir de então, o Papão começou a trabalhar na adequação do terreno. Já em 2020, a construção do CT ficou parada novamente por meses, devido à pandemia da Covid-19. Além disso, questões como as dificuldades econômicas e as chuvas do "inverno amazônico" foram citadas como obstáculos ao longo destes anos.
Para superar as adversidades econômicas, o Paysandu chegou a realizar várias ações de marketing, na busca por arrecadar quantias que ajudariam na construção. Uma delas foi a criação da modalidade Sócio CT, além do lançamento de uma vaquinha virtual. O Papão estabeleceu uma meta para arrecadar R$ 1 milhão, para a continuação das obras.
Com isso, a vaquinha virtual foi lançada em junho de 2020 - e ainda está aberta - e chegou a ultrapassar R$ 30 mil nos primeiros dias. Porém, quase três anos depois, o valor arrecadado ainda foi de apenas R$ 36,829,39.
O projeto, sem o financiamento necessário, começou a avançar em 2022, em junho, mas com doações de abnegados. Somente a partir da reeleição de Maurício Ettinger para a presidência do clube e chegada de André Martha para o cargo de diretor do CT, o plano bicolor passou a sair do papel.
Palavras-chave
COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA