Paysandu: Árbitro relata frase homofóbica de Hélio dos Anjos após expulsão; veja
Treinador do Papão foi expulso de campo nos acréscimos do segundo tempo
No empate do Paysandu contra o Volta Redonda, na estreia pelo quadrangular de acesso da Série C do Brasileiro, o técnico Hélio dos Anjos foi expulso por algo que teria dito. Nesta segunda-feira (4), a súmula revelou o conteúdo e, de acordo com o árbitro Gustavo Ervino Bauermann (SC), Hélio proferiu vários xingamentos, inclusive usando uma frase homofóbica.
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Veja o relato na súmula: "Expulsei de maneira direta, após o quarto arbitro levantar a placa de acréscimos, o mesmo proferiu aos gritos as seguintes palavras,'vai tomar no c* c*r*lh*, só cinco minutos'. Após ser expulso, o referido treinador continuou, 'tá de sacanagem, veio aqui roubar nós' [sic]", teria disparado Hélio.
Após a partida, Hélio voltou ao campo para xingar o assistente Bruno Muller. Segundo Gustavo, foi neste momento que a frase homofóbica foi utilizada: "[...] o treinador invadiu o campo de jogo e foi atrás do assistente número 1, Bruno Muller, proferindo as seguintes palavras, 'seu veadinho, vai tomar no c*, veado, veadinho'". Relato ainda que, quando o quinteto de arbitragem estava saindo do campo de jogo, no término da partida, o técnico veio atrás e proferiu as seguintes palavras, 'seu pipoqueiro, pipoqueiro, pipoqueiro' [sic]", concluiu Gustavo.
A reportagem procurou o Paysandu em busca de uma posição do técnico, mas até o momento não obteve resposta.
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O que diz o regulamento
De acordo com o regulamento de competições da CBF, quaisquer atos de discriminações de orientação sexual, de sexo, de gênero, etnia, procedência nacional e religião, entre outras infrações que "afrontem a dignidade humana", serão investigadas. As seguintes sanções estão previstas:
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Advertência
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Multa no valor de até R$ 500 mil (R$ 1 milhão, caso seja reincidente), com dedução de cotas a receber
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Vedação de registro ou de transferência de atletas
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Perda de pontos
Não foi a primeira vez
Em setembro de 2009, Hélio dos Anjos também esteve envolvido em uma polêmica envolvendo homofobia. Quando estava no Goiás, o treinador disse em uma entrevista 'não trabalho com homossexual, não tem viado aqui no meu grupo', ao descartar que havia 'ciúmes' do elenco pela chegada do então atacante Fernandão. O Esmeraldino estava em queda de rendimento e a imprensa local associou o desempenho a problemas do grupo com o jogador.
Dias depois, Hélio veio a público e, em entrevista à ESPN Brasil, comentou: "Um homossexual jogaria no meu time, com toda a certeza. A gente sabe que no futebol não tem tanto como falam. Mas, desde que seja profissional, eu escalaria sem problemas".
Já em março deste ano, quando estava na Ponte Preta, Hélio denunciou o racismo e homofobia em uma partida contra o Brasil de Pelotas, pela Copa do Brasil. De acordo com o treinador, o momento aconteceu quando retornava do vestiário para o segundo tempo e foi xingado pela torcida rival:
"Ninguém aqui está fazendo onda. Eu sou um treinador negro que, nunca tive, a primeira vez na minha vida, em 38 anos de bola, que eu fui chamado da palavra que fui chamado hoje. Não vou fazer nada. Acha que vou perder meu tempo indo para delegacia falar sobre isso? Nós vamos para casa, para o hotel, viajar para Porto Alegre, sábado temos jogo. Não adianta. Não adianta na Europa, olha o que o Vinícius Júnior está passando lá", disparou o técnico
Relatório
Um breve relatório do Superior Tribunal de Justiça Desportiva divulgado em janeiro afirma que o número de denúncias tem crescido nos últimos anos. O documento revela que 19 casos foram analisados em 2022 e, destes, 13 sofreram punições. As sanções somaram R$ 335 mil em multas e suspensão total de cinco partidas e 370 dias de gancho para jogadores e clubes envolvidos nos casos.
Paysandu rebate acusação
Em nota divulgada nesta segunda-feira (4), o Paysandu negou a declaração do árbitro na súmula. "As acusações não procedem. Hélio não proferiu palavras homofóbicas contra a arbitragem", declarou o clube.
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