MEMÓRIA: Há 19 anos, ex-zagueiro do Paysandu marcava na Curuzu o gol que Pelé não fez

Sensação daquela Copa João Havelange, São Caetano quase é eliminado por gol sem querer

Andre Gomes
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O estádio da Curuzu já foi palco de inúmeras glórias e decepções do Paysandu, mas há 19 anos, no dia 1° de novembro de 2000, um lance sem querer levou a torcida Bicolor ao êxtase. O que era para ser um um simples chutão do zagueiro Henrique para o ataque, contra o São Caetano, pela Copa João Havelange, o Brasileirão daquele ano, se transformou no gol que Pelé não fez.

"Nosso time era bom, mas o São Caetano também, era a sensação do campeonato e o técnico deles, o Jair Picerni, era muito bocudo", afirma Henrique. Aquele era o primeiro jogo da semifinal do Módulo Amarelo, que reunia clubes da Série B e Série C e em conversa com o parceiro de zaga, Nei, e o atacante Zé Augusto, a estratégia estava montada. "Quando apertasse lá atrás, a gente daria um 'bicão' para a frente que era para o Zé correr, era tudo combinado", revelou.

O MOMENTO

Quando o jogo começou, foi justamente isso que os defensores do Bicola tentaram fazer, até que o momento que surpreendeu a todos aconteceu.

"Meteram a bola para mim, na lateral, e vieram dois atacantes do São Caetano pressionar. Quando dei o chutão, falei para o Nei para sairmos e deixarmos os jogadores deles em impedimento. Foi quando corremos que - acho que o Sílvio Luís [goleiro adversário] ia tentar dominar aquela bola e fazer alguma graça - vejo que a bola pegou no gramado e encobriu ele, que era goleiro da Seleção Brasileira", disse com orgulho.

SUPERAÇÃO LONGE DE CASA

O Paysandu viria a sofrer o empate e a decisão ficou para o jogo da volta, no antigo estádio Palestra Itália, em São Paulo. O duelo foi uma chuva de gols: 5 a 4 a favor do Azulão e, segundo Henrique, uma lição de humildade para o time do interior paulista.

"Dentro da Curuzu, jogávamos muito bem, era muita pressão nos adversários, tanto que quando eles pegavam na bola, a gente mordia logo. Lá em São Paulo foi a mesma coisa. O treinador deles falou que jamais ia perder para time de índios, pensei: 'Ah, é, Índio? Vou dar uma flechada neles que vão ver'. Quase que o time de índios ganha deles, que não acreditavam que jogávamos tudo aquilo".

MÁGOA

Com o sonho de levar as filhas, Giovanna e Gabriela ao estádio, e apesar da história ficar eternizada, de acordo com o ex-jogador paraense, hoje motorista e com 42 anos, o desrespeito por parte do Papão azeda a relação entre ambos.

"Minha relação com o Paysandu é de mágoa, os caras não reconhecem o que você fez pelo clube. Tinha jogos que eu tinha que fazer infiltração no joelho para poder estar inteiro, e o torcedor não sabe disso. A gente se doava ao máximo, hoje em dia você vai ao campo e eles fingem que nós nem existimos", finaliza.

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