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Médico questiona prazo apresentado pelo Paysandu e diz que Ricardinho pode ficar até um ano sem jogar

Especialista analisou o caso com base na natureza da lesão e casos similares no meio do esporte. Jogador teve ruptura parcial do tendão de Aquiles.

Caio Maia

Ricardinho chegou ao Paysandu com status de craque. Ídolo no Ceará e vindo do Botafogo, campeão da Série B em 2021, o meia era a principal referência técnica do Papão neste ano. Dentro de campo, o camisa 8 correspondeu às expectativas. Foram 12 jogos, três gols  e várias assistências pelo clube da Curuzu. Em meio a estatísticas positivas, um número negativo pode comprometer toda a temporada: uma lesão, a mais grave da carreira.

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De acordo com um levantamento realizado pelo Núcleo de Esportes de O Liberal no site Transfermarkt, a lesão que havia deixado Ricardinho mais tempo fora dos gramados, até então, foi em 2016. Na ocasião, quando jogava pelo Al-Ettifaq, da Arábia Saudita, o meia ficou quatro meses fora dos gramados por um problema no joelho. Desde então, o jogador teve outras passagens pelo departamento médico, mas ficando no máximo dois meses sem atuar.

Cercada de mistério por parte do Paysandu, a lesão de Ricardinho foi finalmente anunciada pelo clube na última semana: rotura parcial do tendão calcâneo, o famoso tendão de Aquiles. Operado no último dia 12 de abril, o Papão estipulou tempo de recuperação do atleta entre 4 e 6 meses. No entanto, esse prazo é questionado por especialistas.

O Núcleo de Esportes de O Liberal conversou com o médico Caio Dias, ortopedista e especialista em trauma ortopédico, sobre a lesão do meia do Paysandu. Segundo ele, o camisa 8 do Papão deverá ficar pelo menos um ano fora dos gramados. A análise, de acordo com o médico, levou em consideração a natureza da lesão e outros casos similares entre atletas.

"O tendão precisa cicatrizar e o atleta parado perde muita massa muscular. Geralmente o retorno que a gente vê pra esse tipo de lesão é de um ano. Temos vários exemplos no esporte sobre isso. Um deles é o Leonardo Spinazzola, lateral da seleção da Itália. Ele tem quase um ano de lesão e ainda não foi liberado pra voltar. Outro exemplo é do Kevin Durant, do basquete, que sofreu uma lesão no tendão de Aquiles há algum tempo e demorou mais de um ano pra voltar a jogar", explicou.

De acordo com Caio Dias, havia a possibilidade de se realizar um tratamento conservador - não cirúrgico - com Ricardinho. No entanto, o processo de reabilitação do meia poderia ser comprometido. Apesar disso, mesmo com o jogador liberado para as partidas, ele entende que a recuperação total do atleta só ocorrerá depois de 24 meses.

image Jogador em ação no Re-Pa da primeira fase do Parazão, disputado na Curuzu (John Wesley/Paysandu)

"Em relação a essa lesão específica, estudos mostram que em um ano, independentemente do tipo de tratamento optado, os pacientes acabam regressando para o mesmo nível de função que ele tinha antes, mas não com a mesma capacidade. Os pacientes têm uma força muscular menor e o retorno à atividade esportiva ocorre depois de 2 ou 3 anos", avaliou.

Apesar do prognóstico negativo, Caio deixou claro que não há um protocolo específico para tratar este tipo de lesão. Ele afirma que rupturas no tendão de Aquiles são alvo de debate entre a própria comunidade médica e, por isso, cada equipe médica pode adotar um método diferente de tratamento.

"De maneira bem simplificada, essa lesão é alvo de vários debates entre os médicos. Não existe um consenso na literatura para o retorno do atleta. Isso não é um protocolo, vai de equipe para equipe. Fato é que o processo de retorno aos jogos ocorrerá de maneira gradual. Esse processo vai sendo adaptado, conforme ele vai conseguindo fazer processos específicos", explicou.

Paysandu