Márcio Fernandes garante o Paysandu na Série B e cala os críticos: 'Foi difícil, mas conseguimos'
De contestado a símbolo de superação, o técnico reestruturou o time, venceu a desconfiança e garantiu a permanência na Série B
Quando a diretoria bicolor anunciou o nome de Márcio Fernandes para substituir Hélio dos Anjos, a resistência da torcida foi imediata e intensa. Isso se deveu tanto ao momento instável da equipe, que flertava constantemente com a zona de rebaixamento da Série B, quanto ao próprio histórico do novo treinador, que, semanas antes, havia sofrido duas goleadas acachapantes contra o time de Hélio. Todos os caminhos pareciam levar o Paysandu para o fundo do poço, mas, no fim das contas, o tempo se mostrou o senhor da razão, e os críticos de outrora hoje pedem desculpas ao comandante.
WhatsApp: saiba tudo sobre o Paysandu
Márcio, por sua vez, parece lidar bem com a reviravolta, o que engrandece ainda mais sua conquista e reforça a ideia de que o futebol se ganha dentro de campo. “Foi difícil porque chegamos com uma rejeição muito grande, algo que eu não esperava, até pela minha história no clube, tanto como jogador quanto como treinador. Muitos não acreditavam que conseguiríamos chegar a dois jogos do fim do campeonato já livres do rebaixamento. Precisávamos alcançar o mesmo número de vitórias em apenas 13 jogos, sendo que a equipe anterior teve muito mais tempo para isso. Era muito difícil, mas conseguimos, graças a Deus”, relembra o técnico.
Ao assumir, Márcio encontrou uma realidade distinta daquela vivida entre 2022 e 2023, quando conquistou, de forma invicta, o título da Copa Verde. O Papão de 2024 tinha poucos remanescentes daquele elenco, com uma estrutura, dinâmica e postura completamente diferentes. Márcio precisou intervir diretamente, realizando ajustes inicialmente contestados, sobretudo ao retirar um medalhão da condição de titular absoluto. Esse corte de egos transformou gradualmente o ambiente, culminando em um jogo decisivo que, segundo ele, mudou o rumo da temporada.
“Todos os jogos foram importantes, mas considero o jogo contra o Coritiba como o ponto de virada. Reverter um placar adverso, com um jogador a menos, exigiu muita força mental e determinação. Foi quase no último minuto. Aquela vitória deu confiança e moral à equipe, além de reacender a crença da torcida. A partir dali, as coisas começaram a fluir com mais facilidade”, comenta.
VEJA MAIS
Foi nesse momento que a torcida comprou a ideia e passou a apoiar massivamente. “Eu sempre digo que precisamos do nosso torcedor. Quando ele vem em peso, faz a diferença. Os adversários sentem a pressão, porque nossa torcida é numerosa e empurra o time”, destaca. Em suma, Márcio domou uma equipe emocionalmente desajustada, usando convicção, experiência e tempo. “Conseguimos gerir um grupo que estava com a moral baixa e fizemos os jogadores voltarem a acreditar. Quando isso aconteceu, tudo começou a funcionar melhor. A maior lição que aprendi foi nunca deixar de acreditar”, conclui.
Fora das quatro linhas, Márcio também reconhece o papel da diretoria, que confiou no trabalho em um momento de descrença geral. “O apoio da diretoria foi total. Maurício, Roger, Felipe... Essa união foi transmitida aos jogadores”, acrescenta. Apesar das alegrias recentes, o futuro ainda não está definido. Márcio prefere manter o foco no presente e expressar gratidão pela pequena jornada de seis vitórias, quatro derrotas e um empate. “Sou muito grato ao Paysandu e à nossa torcida. Se pudesse resumir minha passagem aqui, diria que foi unicamente vitoriosa”, finaliza.